Editorial: A fonte da verdadeira alegria

Na última semana tivemos aqui em Roma e no Vaticano o Jubileu dos Sacerdotes. Uma festa do clero que viu sacerdotes provenientes de todas as partes do mundo se reunirem ao redor do Papa Francisco.

O jubileu que teve os exercícios espirituais guiados pelo Santo Padre e a sua conclusão com a Santa Missa na Praça São Pedro foi um verdadeiro impulso para a missão de mais de 400 mil homens que dedicam a vida ao Reino de Deus.

Procurar, incluir, alegrar-se. Foram três dos muitos pontos sobre os quais giraram as meditações e a homilia do Santo Padre na Praça São Pedro. Precisamente na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Francisco perguntou aos sacerdotes em qual direção está orientado o seu coração. Recordou ainda que um bom pastor não é um “contador do Espírito”, mas um bom samaritano, que não usa luvas e que está sempre em busca de quem passa por necessidade.

Já na introdução dos exercícios espirituais Francisco afirmou que nada une mais a Deus do que um ato de misericórdia, quer se trate da misericórdia com que o Senhor nos perdoa os nossos pecados, quer se trate da graça que nos dá para praticarmos as obras de misericórdia em seu nome. E criou um novo termo: “misericordiar”.

A misericórdia permite a passagem de nos sentirmos “misericordiados” a desejar “misericordiar”. A misericórdia impele-nos a passar do pessoal ao comunitário. Foi um retiro espiritual na senda da “simplicidade evangélica” que compreende e realiza todas as coisas em chave de misericórdia; e de uma misericórdia dinâmica, não como um substantivo coisificado e definido nem como adjetivo que decora um pouco a vida, mas como verbo – “misericordiar” e ser “misericordiados” – que nos impele à ação no meio do mundo, disse Francisco aos sacerdotes.

Mas voltando às palavras do Papa na sua homilia durante a Santa Missa do Jubileu dos sacerdotes a pergunta retorna: para onde está orientado o seu coração? Uma interrogação fundamental aos sacerdotes. Falando do coração de Jesus, Francisco descreveu os tesouros “insubstituíveis” do seu coração: o Pai e nós. E o Papa afirmou então que também o coração do sacerdote deve estar orientado somente em duas direções, Deus e o povo.

Não é mais um “coração bailarino”, que se deixa atrair pela sugestão do momento ou que vai daqui ou de lá em busca de consensos e pequenas satisfações. Não, é um coração sólido no Senhor, cheio do Espírito, aberto e disponível aos irmãos.

E ali temos as três palavras-chave para as ações daqueles que escolheram a missão do Evangelho integralmente: “buscar, incluir e alegrar-se”. O auspício é que os sacerdotes sejam sempre inquietos, e que jamais desistam de encontrar a “ovelha perdida”. “Ai daqueles pastores que privatizam o seu ministério”, disse Francisco.

E para fazer isso é preciso arriscar, correr riscos, sem temer críticas. Arriscar “para imitar o seu Senhor”, pois o Bom Pastor tem “o coração livre para deixar as suas coisas”. Caminhando na busca encontra, e encontra porque corre o risco. Se não arrisca, não encontra. O Bom Pastor é um obstinado no bem, por isso não só mantém as portas abertas, mas sai em busca de quem pela porta não quer mais entrar.

Para concluir: Francisco não deixa de chamar a atenção para a alegria, a alegria que deve caracterizar a vida dos sacerdotes. A alegria de Jesus – recordou – não é uma alegria para si mesmo, mas é uma alegria para os outros e com os outros, a alegria verdadeira do amor.

E fica o agradecimento a todos os sacerdotes pelo “sim” e por tantos “sins” escondidos de todos os dias, que somente Ele conhece. Doar a vida a Cristo, esta é a fonte da verdadeira alegria. (Silvonei José)

 

Fonte: Rádio Vaticano

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