Domingo de Ramos

    Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa. Nesta Eucaristia solene que abre a Grande Semana da nossa fé, a Semana santíssima, que culminará com a Solenidade da Páscoa, celebrada no Tríduo Pascal e completada no Domingo próximo. Este Domingo que abre a Semana Santa celebra dois mistérios: (1) a Entrada solene do Senhor Jesus em Jerusalém para viver sua Passagem do mundo para o Pai e (2) o Mistério de sua Paixão, Morte e Sepultura. Daí o título deste dia: Domingo de Ramos e da Paixão. A procissão é de ramos; a Missa é da paixão.

    Jesus é saudado como o Rei de Israel, novo Davi, Messias que chega à Cidade de Davi! E Jesus, de fato, é Rei, é Messias! A festa de hoje é, em certo sentido, uma festa de Cristo Rei, Rei-Messias! É uma festa de exultação! Mas, estejamos atentos: ele entra na Cidade Santa montado não num cavalo, que simboliza poder e força, mas entra num jumentinho, usado pelos pobres nos serviços mais humildes e duros (Mc 11, 1-10). Isto tem muito a nos dizer: Jesus é o Messias, mas um messias pobre, um messias servo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Lemos que o cortejo se organizou rapidamente. Jesus faz a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (cf Zc. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40). Hoje Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros.         Fazemos memória da Entrada do Senhor Jesus em Jerusalém. Ele é o Filho de Davi, o Messias esperado por Israel, que vem tomar posse de sua Cidade Santa. Mas, que surpresa! É um Messias humilde, que entra não a cavalo, mas num humilde burrico, sinal de serviço e pequenez. Ei-lo: seu serviço será dar a vida pela multidão. Ele é Rei, mas rei coroado de espinhos e não de humana vanglória. Termos seguido o Senhor nessa solene procissão com ramos é tê-lo reconhecido como nosso rei, rei pobre e humilde. Tê-lo seguido é nos dispor a segui-lo nas pobrezas e humildades da vida, dispondo-nos a participar de sua paixão e cruz para ter parte na glória de sua ressurreição.    

    Na primeira leitura da missa (cf. Is 50,4-7) o profeta Isaias, com boa antecedência, retratou o comportamento do futuro Messias: atento à mensagem recebida e impassível diante do sofrimento, guarda fidelidade absoluta à vontade do Pai! Atento e fiel até o fim! Como na profecia de Isaías, Jesus é aquele que veio confortar as pessoas abatidas. É ele que tem os ouvidos excitados para, como bom discípulo, ouvir e cumprir a vontade de Deus. Ele não foge do perigo, não se resguarda nem se protege, pois confia imensamente em Deus, a quem chama de “meu auxiliador”. Sua liberdade consiste em não estar preso a si mesmo, não fazer a própria vontade nem reagir à violência sofrida. Na sua mansidão, ele confia absolutamente em Deus.

    Na segunda leitura (cf. Fl 2,6-11) São Paulo confirma isso com palavras não menos impressionantes: “Jesus Cristo, existindo na condição divina, esvaziou-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Caríssimos em Cristo, num mundo que nos tenta a ser os donos da verdade, desprezando os preceitos do Senhor Deus e seus planos para nós, aprendamos a humilde obediência de Cristo Jesus, entremos em comunhão com o Cristo obediente ao Pai até a morte. Só então seremos livres realmente, somente então viveremos de verdade!

    No Evangelho da Paixão deste domingo (cf. Mc 14,1 – 15,47) Jesus quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano. Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo. Somos convidados a celebrar bem este dia os demais dias que se aproximam desta nobre semana. Nobre não porque o Senhor Jesus viveu como um nobre, mas, porque Ele é um nobre que vive de maneira pobre e humilde. O evangelista Marcos descreve a fidelidade de Jesus ao Plano salvador do Pai. Ele é a “Boa Notícia” para os pobres; notícia que incomoda os poderosos causadores de sua morte. O centurião romano, vendo-o morrer, exclamou: “Ele é verdadeiramente o Filho de Deus!”.

    Por isso o gesto concreto do início da Semana Santa é a coleta para a Campanha da Fraternidade. Tenhamos consciência de que sessenta por cento desta coleta será aplicado em projetos em favor da construção da paz em nossa Arquidiocese através do Vicariato da Caridade Social. Dos quarenta por cento que são enviados para o Fundo Nacional de Solidariedade 40 por cento da importância arrecadada será usada em favor dos refugiados venezuelanos que se encontram em Roraima, no Norte do Brasil. Além disso há inúmeros outros projetos em todo o país que recebem a colaboração da CNBB. Vamos demonstrar nossa unidade e apoio a esta coleta, como gesto de doação, fruto do jejum, da oração e da penitência em que fizemos em toda a Quaresma, sendo generosos nesta coleta.

    Enquanto o mundo gira, a Cruz permanece de pé! Boa e abençoada Semana Santa!

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