Domingo de Páscoa

    Ele viu e acreditou (Jo 20,1-9).

    Eu sou a ressurreição e a vida aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25).

             Com a fé na ressurreição de Cristo a Igreja permanece em pé, ou sem ela, cai. Com pouca fé, ela oscila nos seus membros. É contratestemunho. Não se mantém. Jesus anunciou a sua ressurreição. O túmulo de Jesus estava vazio e os discípulos o confirmaram, a Igreja a anuncia e os agnósticos a combatem. Os mártires por ela deram a vida, os santos a viveram e deixaram o testemunho da mesma: São Paulo, Santo Irineu, São João, Crisóstomo, São Francisco de Assis, Santa Terezinha, Santa Tereza de Calcutá, Madre Paulina, Edith Stein e um verdadeiro exército de Mártires e Santos.

             Nós não vivemos para morrer, mas morremos para viver eternamente. Queremos entrar na casa do Pai com Jesus e Maria. A vida tem sofrimentos como a rosa tem seus espinhos. Mas sem eles é artificial.

             Jesus anunciou sua Ressurreição, aparecendo a Madalena, a Pedro, a Paulo, a João e dos apóstolos todos. Tomé quis tocar nele e o conseguiu. Assim fez a mais bela profissão de fé, dizendo diante do Ressuscitado: Meu senhor e meu Deus! André Frossard confessou: Deus existe e eu o encontrei. Infelizmente o contratestemunho de tantos Cristãos é a sementeira de novos ateus.

             Somente a Ressurreição explica a mudança na vida dos apóstolos. Eram fracos, covardes, gananciosos e sem ideais. Desanimados. Na prisão de Cristo, não fugiram? Judas Iscariotes não o vendeu? (E ainda bem barato). Pedro não o traiu? Não tinham já voltado para suas lides de pescadores? Sim. Mas o reaparecimento de Cristo e a vinda do Espirito Santo precedida da Ascenção do Senhor, a todos transformou. Tornaram-se destemidos. Aceitaram o martírio, ficando até felizes por consegui-lo. Não enfrentaram a oposição da sinagoga e até o poder dos imperadores Romanos? Sim.

             Na vida é preciso fazer como Pedro e João (veja Evangelho o de hoje – Jo 20,1-9). Crer. Não é preciso entrar na sepultura de Jesus como Pedro e João. Jesus não está mais lá. Está onde estão os irmãos. Os sofredores. Os doentes. Os necessitados. É preciso, sim, entrar em si. Assumir o Evangelho e continuar a fazer discípulos, sem brigas entre as diversas igrejas. Não pregar tanto o dizimo, mas o amor a Cristo, o Evangelho, vivendo-o. Ser autêntico, ou seja, Santos.

             O Ressuscitado não quis apenas uma igreja: mas a vivência do Evangelho, a renovação da sociedade. A cultura de então era patriarcal e machista. Mulher não tinha nem vez e nem voz o que fez Jesus, o Ressuscitado? Apareceu primeiro a Maria Madalena e fê-la apóstola dos apóstolos, antes já havia sido valorizado os pastores (Lc 2,8-20). Ele se encontrou com pecadores e pecadoras (Jo 8, 1-3). Não chamou cobradores de impostos para ser discípulos? Isso era inaceitável no mundo daquele tempo. Nós hoje em dia, continuamos a renovar o mundo? As famílias? A sociedade? A cultura? A política? Não perdemos o antigo fervor?

             Feliz e abençoada Páscoa a todos: os doentes de nossos hospitais, enfermeiros (as), médicos (as), funcionários (as), diretores (as) e benfeitores, bem como a todos os meus leitores e aos homens e mulheres de boa vontade, para sermos, com o Ressuscitado, construtores da paz!

     

    + Dom Carmo João Rhoden – SCJ

    Bispo Emérito de Taubaté – SP

    Presidente da Pró Saúde.

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