Domingo da Sagrada Família

    A Sagrada Família convida a todos a imitar o que aconteceu durante anos na casa de Nazaré, onde o Menino Jesus cresceu cheio de sabedoria (Lc 22, 40). Cristo, o Verbo de Deus Encarnado, era submisso a José e a Maria. Não se tratava de uma submissão sem sentido. Jesus, de fato, se preparava para sua sublime missão e já deixava um exemplo para todos os filhos. De outro lado, seus pais eram também inteiramente obedientes à tarefa que lhes fora confiada por Deus. Junto deles aquele que redimiria o mundo “se tornava forte e a graça de Deus estava com ele”. Isto demonstra a responsabilidade do pai e da mãe na orientação daqueles que deverão um dia exercer uma incumbência na sociedade. Como em Nazaré o filho era perfeito e os pais santos ali reinava uma afeição mútua jamais registrada na História, mas que se tornava o ideal a ser buscado por todas as demais famílias. O respeito mútuo é base do bom relacionamento familiar. Se é certo que os pais devem exercer autoridade, precisam, contudo, clarividência para discernir como assim agir. Há sempre uma maneira de falar, de corrigir, de orientar. Os pais necessistam estar conscientes de que são educadores e, então, os filhos serão receptivos a suas diretrizes. O exemplo é fundamental para alimentar as células familiares e as de qualquer outra comunidade por parte dos que detêm o governo. O referencial para pais e filhos, coordenadores e seus subordinados é a vontade de Deus no cumprimento dos deveres específicos de cada um. Em tudo deve refulgir a verdade, a sinceridade, a calma, a paciência. Todos se sentindo responsáveis uns pelos outros. Disto resulta o respeito mútuo e o ponto de mira é a dignidade humana. Era o que se dava em Nazaré na casa de um carpinteiro dedicado ao serviço de Jesus e de Maria. Esta, exemplar esposa e mãe. Sobre seus pais Jesus fazia resplandecer o amor de Deus. O espírito de Nazaré, espírito de confiança e dedicação que existia entre os três deve se expandir por todos aos lares e coletividades cristãs. Estas virtudes são o sinal da paz, da harmonia e do crescimento do Reino de Deus nas células mães da sociedade humana. Esta benevolência que conduz a se desejar o bem do outro é dotada de um poder criativo que suscita a felicidade comum. Jesus não apenas valorizou a família em Nazaré. Ele participou das Bodas de Caná onde enriqueceu a festa nupcial com seu primeiro milagre (Jo 2,1-11).  Ele também recebeu com espírito familiar seus primeiros discípulos (Mc 1,29-31; 2.13-17) e consolou a família de seus amigos em Betânia por ocasião da morte de Lázaro (Lc 10, 38-42). Restabeleceu a beleza do casamento, propondo um novo projeto unitário de Deus o qual estava abandonado pela dureza do coração humano mesmo no seio da tradição do povo de Israel (Mt 5,31-32; 19,3-12). Com firmeza ensinou a unidade e a fidelidade entre os esposos, repudiando a separação e o adultério. Em nossos dias, infelizmente, sua doutrina sobre a família se acha conspurcada pela difusão da união livre, união perversa entre pessoas do mesmo sexo, abominação horripila e adoção de filhos por parte de homossexuais. É certo, porém, que há milhares de casais que são fiéis às promessas matrimoniais e que sabem formar ótimos cristãos e cidadãos.  O Papa Francisco na sua Encíclica “Lumen Fidei” – “Luz da Fé” afirmou: ”O primeiro ambiente no qual a fé clarifica a cidade dos homens é a família. Eu penso, sobretudo, na união estável do homem e da mulher no casamento. Este nasce do amor, sinal da presença do amor de Deus, do reconhecimento e da aceitação deste bem que é a diferença sexual pela qual se juntam, unindo-se numa só carne e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sabedoria e de seu desejo de amor.”Rezemos para que as famílias verdadeiramente cristãs, as quais reproduzem a ventura da família de Nazaré, se solidifiquem cada vez mais. Que os jovens saibam bem se preparar para o matrimônio, Tudo isto para a glória de Deus, felicidade de todos e bem da sociedade.

    * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.