Todo Terceiro Domingo do Tempo Comum, seguindo a orientação do Papa Francisco, a Igreja celebra o Domingo da Palavra de Deus. O intuito do Papa em incluir essa celebração no calendário litúrgico é nos chamar a atenção para a importância da Palavra de Deus em nossa vida. Muitas vezes só ouvimos a Palavra de Deus quando vamos a missa aos Domingos e durante a semana esquecemos de ler a Palavra de Deus e meditá-la.
Por vezes só nos lembramos de meditar a Palavra de Deus quando a Igreja nos exorta e estimula, como por exemplo no mês de setembro, em que é dedicado, no Brasil, a Palavra de Deus e no dia 30 de setembro, celebramos o dia da Bíblia. O Papa quer que demos mais atenção a Palavra de Deus e que ela seja uma fonte de alimento diário para nós e nossa família.
O Papa incluiu esse dia no 3º Domingo do Tempo Comum para que a Palavra de Deus seja nossa fonte de inspiração e reflexão durante o ano inteiro. O tempo comum traz em sua espiritualidade o Reino de Deus, e só poderemos construir um reino de Deus sólido, por meio da meditação da Palavra de Deus. O estudo da Palavra de Deus deve estar presente na Igreja durante todo o ano, ela deve estar presente sobretudo na catequese, para que as crianças tenham gosto pela Palavra de Deus.
Durante a celebração Eucarística temos duas grandes mesas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia, primeiro nos alimentamos da Palavra, para depois nos alimentarmos da Eucaristia. Uma complementa a outra, por meio da Palavra compreendemos o mistério que envolve a Eucaristia e entendemos por que a Palavra se fez carne.
O Papa Francisco instituiu esse dia dedicado a Palavra de Deus por meio de uma carta apostólica em forma de motu próprio intitulada de “Aperuit illis”, a fim de recordar alguns princípios teológicos, celebrativos e pastorais acerca da Palavra de Deus proclamada na Missa.
O Papa proclamou o III Domingo do tempo comum como dia dedicado a celebração, reflexão e propagação da Palavra de Deus. Por isso nesse Domingo coloquemos a Palavra de Deus em destaque nas nossas paróquias, em casa, e procuremos meditá-la no nosso ambiente familiar e propagá-la em nosso bairro e comunidades. Que ela seja alimento de fé e esperança para muitas pessoas. Que esse dia seja um dia missionário e que sejamos impulsionados pelo Espírito Santo a sair e anunciar a boa nova do Evangelho. E que esse momento celebrativo não fique apenas nesse Domingo, mas seja uma constante em nossa vida.
O documento de orientação para celebrar esse dia foi elaborado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, e assinado (em 17/12/20) pelo prefeito do Dicastério, o Senhor Cardeal Robert Sarah, quer contribuir e despertar a consciência sobre a importância da Sagrada Escritura para a vida dos fiéis, sobretudo na liturgia, que leva ao diálogo vivo e permanente com Deus. Por meio da Palavra podemos encontrar o direcionamento para as nossas ações e colocar em prática a vontade de Deus. Por meio da Palavra, podemos conhecer Deus melhor e acompanhar toda a história da salvação.
Recomenda-se na missa deste domingo fazer a procissão com o evangeliário ou na impossibilidade, colocá-lo sobre o altar. Nele está contida a Palavra da Salvação, a boa nova do Evangelho e por meio do anúncio dessa boa nova seremos salvos. A Congregação para o Culto Divino recomenda ainda que não sejam substituídas as leituras contidas no lecionário. As leituras contidas no lecionário são sinal de comunhão e unidade entre os fiéis que as escutam.
Antes de se proclamar as leituras seja pelo sacerdote, diácono ou ministros leigos da Palavra, deve-se haver uma preparação e uma concentração prévia para proclamar as mesmas. Quem está proclamando a Palavra, não proferindo a Palavra de um livro qualquer, mas de um livro sagrado. Deve-se tomar cuidado com o ambão e utilizá-lo única e exclusivamente para o uso do anúncio da Palavra. Evitar algumas posturas diante do ambão, pois o ambão é consagrado a Deus.
Para finalizar a nota da Congregação para o Culto Divino diz ainda que São Jerônimo deve ser um exemplo a ser seguido, sobretudo no amor que ele tinha a palavra de Deus. O Papa Francisco diz que ele foi um “incansável estudioso, tradutor, exegeta, profundo conhecedor e apaixonado divulgador da sagrada escritura”. (Carta Apostólica “Scripturae sacrae afetus”).
Que ao meditarmos a Sagrada Escritura possamos encontrar a nós mesmos, enxergar o rosto de Deus e dos nossos irmãos e que a meditação da Palavra nos ajude em nossa vida comunitária. Por meio da Palavra nos tornemos mais irmãos. E ainda que a celebração da missa desse Domingo, nos ajude a meditarmos a Palavra de Deus no nosso dia a dia e ela seja fonte de salvação para nós e para aqueles que a escutam.