Dom Eurico dos Santos Veloso: meu irmão mais velho!

             A minha vida, episcopal iniciada como 3º. Bispo de São José do Rio Preto (1997-2004), está intimamente ligada a uma amizade muito especial com Dom Eurico dos Santos Veloso, então Bispo Diocesano de Luz (MG). Quando o Papa São João Paulo II, em 1999, me nomeou Administrador Apostólico da Abadia de Claraval, em Minas Gerais, eu tive a graça de estreitar os laços de amizade com o episcopado mineiro, particularmente na pessoa de Dom Eurico dos Santos Veloso, que sempre foi muito meu amigo.

             Quando eu fui nomeado 9º. Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará, em 2004, logo tratei de chamar Dom Eurico dos Santos Veloso para pregar o retiro do Clero de Belém. Primeiro pela sua amizade, seu jeito de ser bispo muito próximo do clero, muito franco, transparente, um homem de Deus, sóbrio e sorridente, que ajudou muito o clero de Belém do Pará a viver a sua missão de santificar o povo santo de Deus. Em segundo lugar, porque Dom Eurico havia sido o 3º. Bispo Diocesano de Luz, sucedendo a Dom Belchior Joaquim da Silva Neto, CM, que era irmão de meu predecessor, Dom Vicente Joaquim Zico, CM. Eles eram, também, amigos e aquela semana de convivência enriqueceu muito já a minha agradável convivência com o meu amado predecessor.

             A partir de 8 de maio de 2003, fui eleito pelo episcopado brasileiro para Presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Reeleito, o primeiro ato que fiz foi convidar Dom Eurico dos Santos Veloso para participar da subcomissão de Educação, considerando a sua grande luta em favor do ensino religioso. Dom Eurico enriquecia as nossas reuniões pelas suas lúcidas colaborações. “Quanto a você, porém, seja equilibrado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério.” (2Tm 4, 5) O apóstolo Paulo instrui Timóteo a realizar a obra de um evangelizador como parte de seu ministério. Isso destaca a importância do evangelismo na propagação da mensagem cristã e no fortalecimento da fé daqueles que acreditam. O evangelizador é chamado a compartilhar o Evangelho, a verdade e o amor de Cristo com outros, ajudando a transformar vidas e a conduzir as pessoas a uma relação mais profunda com Deus.

             Como não poderia deixar de ressaltar a minha gratidão a Dom Eurico pela sua presença na entrega do Pálio Arquiepiscopal, em 29 de junho de 2005, quando ele participou de todas as celebrações, sorridente, amigo e sempre vibrando com as coisas de Deus e da Igreja.

             Eleito Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro em 2009, poucos dias depois que Dom Eurico ficou arcebispo emérito, pude contar com a sua prestigiada presença na missa posse canônica como Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro. Como havia feito em Belém, também, no Rio de Janeiro, nos primeiros anos convidei, Dom Eurico dos Santos Veloso para pregar o retiro de todas as turmas do presbitério de nossa Arquidiocese. Unanimemente, os presbíteros gostaram da praticidade pastoral, da eloquência administrativa e da humildade do pregador que nos brindou até com um livro contendo as suas preciosas pregações.

             Em 29 de junho de 2009, quando o Papa Bento XVI fez a imposição do Pálio Arquiepiscopal como Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, lá estava Dom Eurico compartilhando e vivenciando aqueles belos momentos de unidade com o Bispo de Roma.

             Na nossa longa convivência — quer por cartas, e-mails, telefonemas, encontros, convivências e assembleias —, sempre pude contemplar em Dom Eurico um comportamento retilíneo, um homem direto, um bispo completo pela humildade, transparência, simplicidade, bondade e espírito de Justiça.

             Guardarei sempre de Dom Eurico o espírito de solidariedade, o acurado senso de misericórdia e de compaixão e, acima de tudo, a transparência absoluta em todos os seus atos e o seu eloquente testemunho de santidade e retidão de vida. Não há uma vírgula na vida e no ministério de Dom Eurico que precisa ser reparada porque passou a sua vida inteira fiel ao que desejou para o seu ministério episcopal: “In gentibus evangelizare” — ou seja — evangelizar todas as gentes!

    “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.” (Ec 3,1-2) Vida e morte são partes inevitáveis e intrínsecas da nossa experiência humana. Assim como há um tempo para nascer e um tempo para plantar, também há um tempo para morrer e um tempo para colher. A crença de que a vida e a morte estão sob a soberania de Deus e fazem parte de Seu plano divino para a humanidade. É uma lembrança da impermanência da vida terrena e da necessidade de aceitar e compreender essas fases da existência com sabedoria e resignação.

             Meu irmão mais velho contemple a Deus e seja nosso intercessor! Dom Eurico o seu largo sorriso e a sua transparência farão falta não só a mim, mas a todo o episcopado brasileiro. Junto de Deus interceda por nós e receba a coroa dos justos!

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