Dom Erwin Krautler: É um religioso missionário da Congregação do Preciosisimo Sangue, atual bispo da prelazia do Xingu, no estado do Pará. Recebeu da Universidade Federal do Pará (UFPA) por seu valiosíssimo trabalho o título de doutor honoris a maior honraria existente no meio acadêmico. Marcou presença no Congresso Missionário – CAM4 e COMLA9 e falou em entrevista a CatolicaNet.
CatolicaNet: Dom Erwin o senhor tem participado de tantos Congressos e tem contribuído com a Igreja do Brasil e no mundo, qual a sua avaliação sobre o que foi tratado neste Congresso que aconteceu aqui em Maracaíbo?
Dom Erwin: O Congresso é muito importante, mas também é sempre um perigo, muitos acontecimentos, muitos programas, muita animação, o que faz parte, mas em todo caso eu sempre penso que o Congresso deixa uma marca nas pessoas, vestir a camisa da missão, que é o que este Congresso colocou como lema. A partilha, “América Missionária Partilha tua fé”. América ainda é um continente da Fé e da esperança e que nos custa talvez acordar para a partilha, eu falo isso a respeito do nosso Brasil porque em termos de vocações não vamos nos queixar só que as vocações estão em determinadas regiões e não acordaram ainda para esse espírito missionário. Sair da própria terra. O povo migra, Brasil é um País de intensa migração, sul, norte, nordeste norte e centro norte e os nossos imigrantes não são acompanhados. Por exemplo, eu me queixo muito que os Padres deixam o povo partir para lugares distantes, sem raízes e com saudades da terra de origem e querem viver a sua fé. Mas custa então encontrar a comunidade da sua fé, o que acontece é que a comunidade que os convida são comunidades de diversas denominações cristãs menos a católica. É um curto passo para largar a própria igreja de origem, o que é lamentável. Como exemplo sito Rondônia, hoje pode ser considerado um estado evangélico, nada contra os evangélicos, mas nós temos que nos fazer a pergunta, O que esta acontecendo? Na minha própria prelazia onde sou bispo as comunidades tradicionais, as paróquias tradicionais tem entre 72 e 78% de católicos, mas as comunidades, paróquias ou municípios que sofrem intensa migração têm entre 50% e 48%, então não adianta olhar as estatísticas como se faz muitas vezes na CNBB o que importa é nos deixar convencer que temos que partir e partilhar nossa fé, temos que enviar pessoas sejam padres, religiosos (as), leigos (as) para além da própria diocese, isso custa a acontecer mas eu creio que um sinal dos tempos é o próprio Papa que disse que “na Amazônia vai ser um teste para a Igreja no Brasil”, eu gostaria que repercutisse esta palavra do Papa em todos os encontros. A Amazônia é mais que a metade do Brasil e continua sendo colocada de escanteio em termos de envio de ministros consagrados e ministros ordenados por nos. Então o congresso pensa que os brasileiros (as) que estão aqui certamente se entusiasmaram com essas perspectivas. Nós vibramos aqui na Venezuela, mas voltando ao nosso País é ai que começa a missão. O Congresso tem a missão de convencer os nossos irmãos e irmãs, a saírem daqui apaixonados e entusiasmados pela causa, esse entusiasmo e essa paixão tem que contagiar, contaminar os outros, então o congresso tem sentido.
CatolicaNet: Esse congresso teve uma presença muito grande da juventude, a que o senhor atribui isso?
Dom Erwin: Pode ser que a juventude que está aqui também estava no Rio, vi muitos jovens com a mochila da JMJ e o Papa Francisco empolgou essa turma, eu penso que no congresso do Rio também era muito oba, oba, mas o importante é que deixou uma grande marca. O Papa Francisco tem um jeitinho de convencer, animar e os jovens gostam disso, então creio que o Papa tem uma missão de entusiasmar a juventude e isso se mostrou bem claro no Rio, quem não foi ao Rio assistiu na própria televisão a Jornada Mundial da Juventude e também se deixa convencer de que o caminho é esse, eu fico feliz que a juventude esta em festa.
Eu me lembro de um congresso que aconteceu em Altamira, e me chamou a atenção a quantidade de jovens que estavam presentes com a empolgação acabei pronunciando: vocês queridos jovens, moças e rapazes, são o futuro da nossa Igreja, o futuro do Brasil. Procurado por uma jovem depois da missa, ela me disse: Bispo, eu não gostei do seu sermão. E eu perguntei: por quê? O que eu fiz de errado? Eu me empolguei tanto vendo vocês, fiquei tão feliz! – O senhor disse que somos o futuro da Igreja, o que seria da igreja sem nós? Nós somos o presente, não só no sentido “presente de Deus”, mas presente também em termos de tempo. Nem passado nem futuro, somos o presente e o presente também procura encaminhar o futuro.
CatolicaNet: Pra finalizar, qual a mensagem que o senhor deixa deste Congresso para o Mundo?
Dom Erwin: Para todo o mundo é impossível, isso é do fórum mundial social, mas para nós esse outro mundo possível coincide com o Reino, de Deus, Paz, Justiça e reino da Fraternidade, aquilo que escutamos no final do prefácio do Domingo passado, Cristo Rei, o reino sonhado por Jesus e encaminhado, o reino está entre vós, e isso pra mim é importante, nunca desanimemos, como diz os Brasileiros “nunca vamos pendurar o chuteira” vamos continuar, suar a camisa e não através de falação, mas através de nosso testemunho por que pra eu evangelizar é anunciar, é testemunhar, é servir e dialogar, são essas quatros dimensões que ninguém pode esquecer eu desejo isso pra todos nos, cadê vez mais que nos aprofundemos nesse anuncio, nesse testemunho, nesse serviço ao mundo de hoje a sociedade de hoje e ao dialogo com que não pensa como a nos, mas nos não excluímos ninguém, nossa igreja é uma maravilha, porque não expõe ninguém, entramos em dialogo e isso significa também respeita-los quem tem outra opinião.
Local: Maracaíbo
Fonte: CatolicaNet
