Alessandro Di Bussolo – Vatican News
De um evento virtual a uma celebração presencial. O 2° Dia Mundial da Fraternidade Humana, promovido pelas Nações Unidas e marcado para 4 de fevereiro, aniversário da assinatura em Abu Dhabi do Documento sobre Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum pelo Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyib, este ano está ligado à Exposição de Dubai. De fato, na manhã de 4 de fevereiro, o pavilhão da Santa Sé acolherá a conferência sobre Fraternidade Humana no Dia Mundial promovido pela ONU, com a participação do Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e atual presidente de turno do Alto Comitê para a Fraternidade Humana; do vice do Grão Imame e do reitor da Universidade Al-Azhar assim como de todos os membros do Alto Comitê. Na parte da tarde está prevista uma Marcha da Fraternidade, envolvendo representantes de todos os países presentes na Expo 2020.
O sofrimento da pandemia e o espírito de fraternidade
Nesta entrevista ao Vatican News, o Cardeal Ayuso, que já se encontra em Dubai, sublinha como, três anos após a assinatura do histórico documento, e mais de um ano após a publicação da encíclica Fratelli tutti, o mundo precisa de “responsabilidades e ações concretas para que esta fraternidade humana possa ser difundida e promovida em diferentes níveis”. O sofrimento da pandemia, que uniu a família humana, porque “estamos todos no mesmo barco”, como lembrou o Papa, já “aumentou este tão desejado espírito de fraternidade”.
Eminência, que horizontes o Documento sobre a Fraternidade Humana abriu na história atual?
O tema da fraternidade não é novidade: nós seres humanos, como tais, somos sempre, desde nossa criação, chamados a viver juntos e, consequentemente, a promover esta fraternidade. Mas é verdade que, entrando no contexto da história atual, devo dizer que a ideia promovida pelo Papa Francisco junto com o Grão Imame de Al-Azhar foi muito acertada, pois este apelo lançado com o Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi em 4 de fevereiro de 2019, foi muito oportuno. Atualmente o mundo necessita mais do que nunca repropor este valor humano inerente ao ser humano porém isso requer responsabilidades e ações concretas para que esta fraternidade humana possa ser difundida em diferentes níveis.
Depois de três anos da assinatura deste Documento o dia 4 de fevereiro será importante em Dubai. O senhor pode nos falar da programação?
Este ano estamos celebrando, por um lado, os três anos da assinatura do Documento e, por outro, o 2° Dia Internacional da Fraternidade Humana, pois há dois anos as Nações Unidas estabeleceram em uma resolução que o dia 4 de fevereiro será dedicado à Fraternidade Humana, com um Dia Internacional. No ano passado foi celebrado de forma virtual, mas este ano, aproveitando o grande evento internacional da Expo em Dubai, “Conectando Mentes, criando o futuro”, foi decidido realizar a comemoração no contexto da Expo. Na Exposição há um pavilhão da Santa Sé que procura aprofundar o tema da Expo, o conceito de conectar seres humanos para promover e difundir canais de diálogo pelo mundo e, assim, promover a fraternidade. Portanto, haverá um único evento na Expo organizado por todos os componentes que assinaram este Documento da Fraternidade Humana. Eu representarei a Santa Sé em uma conferência, juntamente com Dom Tomasz Trafny, delegado do Cardeal Gianfranco Ravasi, que como presidente do Pontifício Conselho para a Cultura é o responsável pela realização do pavilhão da Santa Sé no contexto da Expo Dubai. Também terá a presença de Al-Azhar com o vice do Grão Imame e também com o presidente da Universidade Al-Azhar (Mohamed Hussein Mahrasawi, n.d.r.) com quem compartilharei uma conferência pública diante dos representantes de todos os países que estão presentes na Dubai Expo. Por fim estarão também conosco os membros do Alto Comitê para a Fraternidade Humana. Este evento da manhã será completado à tarde com uma marcha em prol da Fraternidade, com muitos representantes e autoridades dos Emirados Árabes Unidos, juntamente com os representantes dos países presentes na Expo. Será uma breve marcha para promover a Fraternidade Humana, para fazer um apelo concreto à responsabilidade de todos e um convite para ações concretas que possam promover esta Fraternidade, que é muito importante no contexto de nossa situação global de hoje.
De fato, o conceito de Fraternidade leva todos a se tornarem responsáveis de realizá-la. Como está procedendo os trabalhos do Alto Comitê que o senhor preside na implementação dos objetivos do Documento?
Está procedendo bem no sentido de que estamos tentando encorajar grupos, comunidades, instituições e organizações porque a responsabilidade que recebemos tanto do Santo Padre quanto do Grão Imame de Al-Azhar não foi a responsabilidade de que temos de fazer tudo, mas uma responsabilidade de assegurar que os valores do Documento sobre a Fraternidade Humana sejam revividos dentro das comunidades, países e da família humana como tal. Por isso o que fazemos e estamos muito satisfeitos no momento, é encorajar as comunidades, encorajar as organizações, encorajar os líderes religiosos, para que em todos os níveis, mesmo em nível pessoal, junto com todas as pessoas de boa vontade, esta Fraternidade humana possa ser difundida, testemunhada e vivida entre os membros da grande família humana. Não esqueçamos que logo após o início de nosso trabalho encontramos no caminho um elemento que era comum a todos nós como família humana, a pandemia. Porque, como disse o Papa Francisco em 27 de março de 2020, no coração desta pandemia, “estamos todos no mesmo barco” e, consequentemente, se nos limitou em nosso raio de ação, ao mesmo tempo, nos viu unidos com toda a família humana. E isto, em meio a este sofrimento, nos conduziu no caminho da solidariedade, do serviço, que sem dúvida criou tanto e aumentou tanto este espírito de fraternidade tão procurado e desejado por todos.