Dia Mundial do Enfermo: sentir a dor do outro

    Celebraremos o XXIX Dia Mundial do Enfermo no próximo dia 11 de fevereiro e, na Festa litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes. Os enfermos têm uma atenção e um carinho especial da Igreja e deve-se ter a eles total cuidado. Como diz o apóstolo Tiago em sua carta: “Entre vocês, há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor”. (Cf. Tg 5,14)

    Assim como se cuida de cada pessoa no início de suas vidas, acolhendo na Igreja, batizando-as, ministrando os primeiros sacramentos e guiando-as no caminho da fé, deve-se cuidar de cada pessoa, quando essas ficam doentes. A oração feita com fé e amor salvará o doente e o aliviará em suas dores.

    Como também nos diz o apóstolo Tiago: “A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, ele será perdoado”. (Cf. Tg 5,15). Por isso, a importância de cuidar dos enfermos até no leito de morte, chamar o presbítero para que ministre a Unção dos Enfermos, para que seja feita a vontade de Deus. Se esse enfermo vier a falecer, partirá em paz, com os seus pecados perdoados e possuíra como recompensa a vida eterna. Se este recuperar a saúde, foi pela força da fé e da oração que ele foi salvo.

    O Dia Mundial do Enfermo foi criado em 11 de fevereiro de 1992, por iniciativa do Papa São João Paulo II. Todos os anos, nesse dia 11 de fevereiro, o Vaticano, por meio do Papa, escolhe um tema que norteará a discussão sobre o assunto.

    A mensagem que o Papa Francisco preparou para esse ano de 2021 tem como tema um trecho do Evangelho de Mateus: “Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos” (Cf. Mt 23,8). O texto foi divulgado no último dia 12 de janeiro e foi intitulado como: “A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes”. O Papa diz que a visita do religioso ao enfermo é como um bálsamo que alivia em seu sofrimento.

    O Papa Francisco dirige a mensagem, sobretudo, a todas as pessoas que sofrem no mundo, de modo especial as que sofrem as consequências da pandemia da Covid-19. O Papa expressa a sua proximidade espiritual, de igual maneira aos marginalizados, e em nome dele, ele transmite o afeto da Igreja. Por isso, neste dia, nós também queremos pedimos a Deus pelos irmãos e irmãs, que partiram nesse nosso tempo de pandemia, sejam recebidos na eternidade e que seus familiares sejam consolados pela força que vem de Deus também nos seus corações. Não tem sido fácil para a nossa sociedade, nossa comunidade, ter essa experiência tão difícil.

    Rezemos para que nossa fé se transforme em ação. Na mensagem anual, Francisco é certeiro em suas orações: “A doença tem sempre um rosto, e até mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais (cf. Enc. Fratelli tutti, 22). (…) O investimento de recursos nos cuidados e assistência das pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário. Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas: com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares. Uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por fixar aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximo em virtude da pertença comum à família humana”. (http://www.vatican.va/content/francesco/pt/events/event.dir.html/content/vaticanevents/pt/2021/1/12/messaggio-giornata-delmalato.html, último acesso em 3 de fevereiro de 2021)

    Em relação ao trecho do Evangelho de São Mateus, o Papa explica que Jesus critica a hipocrisia daqueles que pregavam e não praticavam. E que ninguém está imune ao mal da hipocrisia. Um mal muito grave, cuja tendência é reduzir a fé e não se importar com o sofrimento do próximo. Que esse mal esteja longe dos ministros da Igreja e não deixemos com que ele nos domine.

    A experiência da doença nos deixa vulneráveis e nos faz sentir dependentes do outro. A doença nos faz questionar sobre o sentido da vida e a fé nos faz questionar a Deus. É de extrema importância a visita aos enfermos, estar ao lado daquele que está no leito de cama, rezar junto ao doente e confortá-lo no momento de dor.

    Jesus vai na contramão daquilo que pensava a sociedade da época e pede para que estejamos ao lado dos doentes sempre. Ele mesmo relata na parábola, conhecida por todos nós como o Bom Samaritano, que acolhe um doente a beira do caminho, cuida de suas feridas, paga a pensão e visita esse enfermo até ele ficar bom. Jesus conta essa história, justamente para que as autoridades de seu tempo a ouvissem, pois, os doentes naquela época eram tidos como excluídos. E ainda mais ser um Samaritano, com o qual os Judeus não se davam.

    Essa parábola é muito atual nos dias de hoje e nos convida a termos um olhar especial a todos os enfermos, cuidar deles até a hora de sua morte e não os abandonar no leito de um hospital ou numa casa de repouso. O Papa ainda diz da importância da relação de confiança do doente com aquele que cuida do doente.

    O Papa nos lembra que “a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença. (…) E vivemos esta proximidade pessoalmente, mas também de forma comunitária: na realidade, o amor fraterno em Cristo gera uma comunidade capaz de curar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe sobretudo os mais frágeis.(Cf http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/sick/documents/papa-francesco_20201220_giornata-malato.html, última visita em 3 de fevereiro de 2021).

    O Papa Francisco ainda conclui a sua mensagem dizendo que ninguém fique sozinho, nem se sinta abandonado ou excluído. O doente precisa de uma companhia para aliviar a sua dor, sozinho se sentirá deprimido e triste. É preciso que alguém o anime e o ajude a carregar a sua cruz diária. E o mais importante, reavive a fé naquele que se encontra doente.

    O Papa confia todos os doentes e agentes de saúde a Virgem Maria, Mãe de misericórdia, saúde dos enfermos. “Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. A todos e cada um concedo, de coração, a minha bênção.” (http://www.vatican.va/content/francesco/pt/events/event.dir.html/content/vaticanevents/pt/2021/1/12/messaggio-giornata-delmalato.html, último acesso em 3 de fevereiro de 2021)

    Em nossa Arquidiocese, temos rezado incansavelmente, desde o início desta pandemia, há quase um ano, pela recuperação de nossos irmãos e irmãs. Adaptamos as missas seguindo os protocolos sanitários e, mesmo que muitas vezes separados fisicamente, mantivemos a chama de nossa fé brilhando para o mundo. Acolhemos os enfermos, seus familiares, levando conforto espiritual e emocional. Agora, damos graças a Deus por renovarmos nossas esperanças neste novo ano, já com a perspectiva da vacinação para os profissionais da linha de frente de combate à pandemia e, posteriormente, para todos os grupos.

    Portanto, irmãos e irmãs, confiemos a nossa Mãe querida todos os enfermos e que eles suportem com fé e coragem a dor e o sofrimento, e se temos algum enfermo na família, estejamos próximos a eles, para que o ajudemos a carregar a sua dor e eles sintam a nossa presença confortadora. Amém.

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