“Deus viu que tudo era muito bom”

     (Gn 1,31)

    Coleta da Solidariedade

     Como bem sabemos, ao longo do período quaresmal, a Igreja no Brasil propõe um tema para a Campanha da Fraternidade. O tema proposto nos ajuda a rezar e a vivenciar as três práticas espirituais para esse tempo, que são: oração, caridade e jejum. O tema proposto para este ano é sobre a ecologia, um tema bem pertinente, sobretudo no atual momento em que vivemos. O lema é: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Ao longo de todo o período quaresmal, todos os fiéis tem a oportunidade de meditar sobre como estamos tratando tudo aquilo que Deus criou e buscar preservar e cuidar da casa comum, pensando no próximo.

    A Campanha da Fraternidade ajuda todas as pessoas a pensarem mais no próximo e no futuro que queremos deixar para as próximas gerações. Por meio da campanha, nós nos abrimos mais ao amor de Deus e refletimos sobre nossas atitudes. Na verdade, ao longo da Quaresma e da Campanha da Fraternidade, somos convidados a nos converter e a mudar de atitude. Podemos, a partir de agora, nos converter e mudar de atitude em relação à nossa casa comum.

    No Domingo de Ramos, este ano em 13 de abril, acontece a Coleta Nacional da Solidariedade, que é o gesto concreto da Campanha da Fraternidade. Ou seja, é uma forma de exercermos a caridade e vivenciarmos concretamente aquilo que nos pede o tempo quaresmal. Aquilo que economizamos com o jejum, abstinência, penitência somos convidados a depositar nessa coleta que servirá para trabalhos sociais de sua diocese para o Fundo Nacional de Solidariedade. Para essa coleta, há um envelope próprio com o logo da Campanha da Fraternidade deste ano. Os envelopes são encaminhados para as paróquias e podem ser retirados no quinto Domingo da Quaresma, para serem levados para a coleta no Domingo de Ramos.

    Sejamos generosos e contribuamos com a Coleta da Campanha da Fraternidade, pois o dinheiro arrecadado nessa campanha pode ajudar muitas comunidades carentes e contribuir para que o poder público olhe com carinho para as pessoas que vivem sem saneamento básico. Esses recursos podem ser usados para propor medidas de despoluição dos rios e lagos, além de outras iniciativas para a melhoria do meio ambiente. A coleta arrecadada nesse dia é destinada ao Fundo Diocesano e ao Fundo Nacional de Solidariedade, que contribuem para a promoção da dignidade humana e têm o compromisso com os pobres e com a vida em plenitude.

    Do total arrecadado na Coleta para a Solidariedade, 60% ficam na própria diocese e são geridos pelo Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. Os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor da CNBB. Portanto, o dinheiro arrecadado não fica na paróquia ou com o padre, mas é encaminhado para quem precisa. Por isso, sejamos generosos nessa coleta do Domingo de Ramos.

    A Campanha da Fraternidade é refletida principalmente ao longo do tempo quaresmal, mas devemos vivenciá-la durante todo o ano. A campanha se concluir, mas o tema continua. A Quaresma deve ser a motivação e o início dos trabalhos, que deverão ser meditados ao longo de todo o ano. A ecologia é um tema tão importante que são muitas vezes que a Campanha da Fraternidade aborda essa questão. Cabe a nós refletirmos sobre a situação do nosso planeta ao longo do ano inteiro e não somente na Quaresma. Devemos pensar nos nossos irmãos que vivem perto de córregos e esgotos sem saneamento básico o ano inteiro e propor medidas para resolver esse problema.

    Os bispos, padres, diáconos e líderes de comunidade são os principais motivadores das comunidades para que realizem doações e para que a Campanha da Fraternidade seja colocada em prática. Eles também devem ser os primeiros a fazer a doação e a explicar o destino do dinheiro arrecadado. Que possamos enxergar no próximo o rosto do próprio Cristo e estender-lhe a mão.

    Confiemos na Campanha da Fraternidade e não a coloquemos em dúvida. Sejamos incentivadores dessa campanha, fazendo com que ela aconteça de fato em nossas comunidades e em nosso bairro. Se nós, que somos membros da Igreja, não confiarmos na Campanha da Fraternidade, que crédito ela teria? Infelizmente, muitos desavisados querem politizar a Campanha da Fraternidade, como se fosse um instrumento político-partidário, o que definitivamente ela não é. Lembremos que a Campanha da Fraternidade foi uma iniciativa do Cardeal Eugênio de Araújo Sales, quando ele era Administrador Apostólico de Natal. Depois, a Campanha foi assumida pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Por isso, temos que amar a nossa Igreja e colocar em prática tudo aquilo que ela propõe. O Papa Francisco encorajou a Igreja no Brasil a viver a Campanha da Fraternidade. Sejamos discípulos e missionários do Senhor, vivenciando com alegria aquilo que a Igreja nos propõe.

    Se porventura os fiéis não puderem fazer a doação no Domingo de Ramos, podem realizá-la ao longo do ano, seja em sua paróquia ou em outra, seja por meio da doação de alimentos ou de dinheiro. O importante é sempre estar atento às necessidades da Igreja para socorrer materialmente o próximo com iniciativas solidárias e buscar edificar, aqui na terra, o Reino de Deus.

    A Campanha da Fraternidade deste ano nos motiva a olhar com mais carinho para a situação do nosso planeta e a cuidar da casa comum, conforme o Papa Francisco nos orienta em suas Cartas Encíclicas Laudato Si’, Laudate Deum e Fratelli Tutti. Pequenas mudanças de atitude podem transformar a sociedade e a nossa convivência com os irmãos, como, por exemplo, não sujar as ruas, cuidar do escapamento dos carros para que não poluam o planeta, não jogar latinhas ou garrafas PET nas estradas, rios, açudes e nascentes e, sobretudo, não poluir os córregos e rios. Trabalhar para a coleta seletiva do lixo.

    A Campanha da Fraternidade é um modo de a Igreja particular no Brasil viver a Quaresma. A nossa conversão, mudança, transformação deve abranger tudo, vida, família, participação, mas também a questão social, que, como consequência de nossa penitência quaresmal possamos dar nossa contribuição no dia da Coleta da Solidariedade, em 13 de abril. A Campanha da Fraternidade é expressão de comunhão, conversão e partilha. Tenhamos em nós os mesmos sentimentos de Cristo, amando a todos como Ele amou.

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