Decreto Apostolicam actuositatem e os campos do Apostolado Leigo

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje, do Decreto Apostolicam actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos.

O Decreto Apostolicam actuositatem foi promulgado por Paulo VI em 18 de novembro de 1965. Mesmo não estando inserido entre os grandes documentos do Concílio, o Decreto marcou uma mudança de rumo no que tange à atuação dos leigos na Igreja e na sociedade, devendo por isto, ser melhor estudado e conhecido.

Os seis capítulos do documento abordam as várias dimensões do protagonismo dos leigos na Igreja. No programa de hoje, Dom Severino Clasen, Bispo de Caçador (SC) e Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, que tem nos acompanhado na explanação do documento, nos faz uma síntese do Capítulo III, que trata dos vários campos do apostolado:

“Exatamente no capítulo terceiro nós temos aí os vários campos do apostolado, aonde os cristãos devem exercer o seu multíplice apostolado, tanto na Igreja quanto no mundo. Numa e noutra destas ordens se abrem vários campos de atuação apostólica, ou seja, aonde que os cristãos podem escolher e tem a ver conforme os seus dons, sua capacidade, a sua vocação de atuação. Seja na empresa, seja no ensino, na advogacia, na medicina, como no magistério, enfim, são as mais diversas profissões onde os cristãos consomem a sua vida, através dos dons que Deus deu à cada um.

As comunidades de fé

Agora existem os vários campos específicos, por exemplo, as comunidades de fé. Nós aqui no Brasil temos as inúmeras Comunidades Eclesiais de Base, as Capelas, que nós chamamos, as comunidades, os grupos de convivência, onde os cristãos se alimentam espiritualmente sobre a Palavra de Deus, na convivência além das realidades de cada região, para que assim a vida possa ser cada vez mais um dom da gratuidade de Deus. E dentro das comunidades de fé, claro existe todo um processo que nós conhecemos, é a comunidade pequena lá onde as famílias vivem, é a comunidade paroquial, é a diocese, é o Regional, enfim, nós temos uma estrutura também de regiões de atuação, onde nós fomentamos e fortalecemos as ações do apostolado.

Famílias

“E agora, tem para além das comunidades locais, temos os outros ambientes, por exemplo, a família. A família é o espaço, nós falamos que é a célula da sociedade. E é dentro da família que nós aprendemos a oração, os primeiros sinais da fé, são os pais que introduzem os filhos no conhecimento da fé, e no nosso caso a fé cristã. Então criar um clima favorável na família para que os filhos aprendam as normas, a convivência religiosa e por isto o casal, ele precisa sempre ser muito disciplinado na Igreja, na fé, para que possam transmitir aos seus filhos aquilo que é as exigências de nossa fé cristã.

Juventude

Um outro espaço específico, nós temos a juventude. O jovem hoje, ele se mostra, pelo menos aqui no Brasil, nós percebemos, a juventude é  uma juventude muito religiosa. Uma juventude que acredita em Deus. Talvez não tenha muita intimidade com a instituição religiosa e com as instituições. Aí o jovem parece às vezes um pouco avesso. Mas o jovem é temente a Deus, ele procura valores, isto aquilo. Então é o espaço que deve também ser educado, para que os jovens possam externar a sua fé, a convivência, no seu ambiente.

Responsabilidade pela melhoria da sociedade

Agora nós também temos que ter um pouco de cuidado, que na outa vez já destacamos, que tanto na parte interna à Igreja, nós temos todo um ambiente social onde também os cristãos leigos devem atuar conforme diz o Decreto Apostolico actuositatem, onde nós falamos e destacamos o número 13: o apostolado no meio social, isto é, o empenho de informar de espírito cristão a mente e os costumes, as leis e as estruturas da comunidade em que se vive. É de tal maneira o munus, da obrigação dos leigos, que nunca pode ser devidamente realizado por outrem na melhoria da sociedade.

E como agora entramos na Campanha da Fraternidade aqui no Brasil, é sobre a Casa Comum, nossa responsabilidade na Campanha da Fraternidade e como lema “Quero ver o direito brotar como fonte e carregar e correr a justiça igual riacho que não seca”, de Amós 5,24. Quer dizer, é a obrigação dos cristãos leigos também ajudar a ordenar a sociedade com seus mecanismos, suas instituições, os secretariados, para que o meio ambiente seja favorável para a boa convivência e aonde nós percebemos sinais de morte, devemos levar vida, e por isto aos cristãos leigos tem esta missão muito específica de ajudar ordenar, organizar, com o seu pensar e fomentar um espírito fraterno para que a coisa funcione em todos os espaços e em todos os ambientes.

Então neste terceiro capítulo eu diria este espaço sobre os campos de atuação, e aí nós poderíamos caminhar longe, a um ambiente onde os cristãos devem viver o seu testemunho. É evidente que estas atitudes, elas também nos educam, para que nós não avancemos na questão da corrupção, das injustiças, da miséria, isto deve ser eliminado pela conscientização da convivência dos cristãos leigos na sociedade e na Igreja.

Então eu diria em poucas palavras, hoje este assunto nós estaríamos percebendo que existem inúmeros campos/ambientes para que os cristãos possam viver a ajudar a criar o mundo novo com mais justiça, fraternidade e solidariedade”.

Fonte: Rádio Vaticano

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