Cultivar o amor e a esperança

Estamos quase no final do ano litúrgico e o Evangelho do trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum nos traz algumas palavras um tanto estranhas de Jesus a seus discípulos. Parece-nos que Ele anuncia acontecimentos terríveis. Se aquilo que Jesus lhes disse se cumprisse, deveríamos dizer que é o fim deste mundo que conhecemos e em que vivemos. Com o fim do mundo chegaria também o final de nossa vida. Não podemos interpretar de outra maneira a afirmação de que o sol não oferecerá mais luz e de que as estrelas cairão do céu sobre a Terra. Trata-se do anúncio do desastre final. Mais de um filme foi realizado nos últimos anos descrevendo esse final horrível do mundo e da vida que ele contém.
Mas, não devemos ler apenas o Evangelho literalmente, com muitos infelizmente fazem. Ele sempre deve ser lido junto a outras leituras que a Igreja nos oferece para nossa reflexão a cada domingo. Assim, na primeira leitura, tomada do livro do profeta Daniel, anunciam-se, também, tempos difíceis. Mas o tópico seguinte nos diz que serão tempos de salvação para o povo. Esse desastre final não será um desastre para todos. Alguns, os inscritos no livro, serão salvos para a vida eterna. Outros, para o castigo eterno. Aqui já nos parece que esse final não é igualmente terrível para todos. Supõe-se que, para o povo de Deus, será a salvação definitiva.
A segunda leitura oferece a chave para interpretar o que lemos. A carta aos Hebreus faz uma comparação entre os sacrifícios sacerdotais de outras religiões e o sacrifício oferecido por Cristo, isto é, a sua própria vida. Diz que os sacerdotes de outras religiões precisam oferecer muitos sacrifícios porque, como não podem alcançar o perdão dos pecados, continuamente se veem obrigados a aplacar a Deus pelas ofensas causadas pelos pecados dos homens. Mas Cristo, o supremo sacerdote da Nova Aliança, ofereceu um único sacrifício, sua vida por nossa salvação. Com isso nos conseguiu o perdão dos pecados. Termina a leitura afirmando que “onde há perdão não há oferenda pelos pecados”. Essa frase esclarece que a Nova Aliança, que Jesus selou com seu sangue, nos concedeu o perdão. Voltamos a ser recebidos como filhos de Deus Pai. Aquele Deus vingador e justiceiro de que falava o Antigo Testamento nos mostrou a sua face: a de um Pai que perdoa e acolhe.
Esse mundo passa. Nossa vida tem um final. Isso é assim e não o mudaremos. O fim do mundo e o fim de minha vida chegarão algum dia. O importante é saber que, acolhidos pelo perdão de Deus que nos é oferecido em Cristo, podemos ter acesso a uma vida nova, estamos salvos. Essa é a nossa fé não há, pois, razão para temer.

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