Cristo, pedra angular, bela e sólida

    Com a parábola dos vinhateiros homicidas Jesus ofereceu uma síntese da história da Antiga e da Nova Aliança (Mt 23,33-43). A Israel sua vinha escolhida e bem amada, Deus enviou profetas que não foram bem recebidos. Nos últimos tempos, numa nova expressão de misericórdia e de manifestação de compaixão, mandou seu próprio Filho, o verdadeiro herdeiro das promessas feitas a Abraão.

    Jesus, o Verbo Encarnado, confirmou sua missão e inclusive anunciou qual seria o seu destino, sendo que Ele seria lançado fora da vinha e da cidade, lá onde seria morto por seus inimigos. Eis porque os Sacerdotes e os Fariseus logo decodificaram esta parábola. De fato, eles teriam uma enorme responsabilidade no suplício e na morte do Filho de Deus. Entretanto, uma das frases de Jesus vem merecendo peculiar atenção através dos tempos, a saber, a passagem do salmo l18 por Ele citada: “A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular”.

    É que muitos através dos tempos deliberadamente ou por ignorância desprezaram esta pedra que é Jesus Cristo. Isto ocorreu ou por não quererem aceitar os valores que Ele pregou ou por recusarem as perspectivas que Ele ofereceu, ou por não acatarem as exigências que Ele estabeleceu concernentes aos direitos de Deus e os deveres do ser humano. Mesmo não se podendo cientificamente negar a figura singular de Jesus de Nazaré, nem sua influência através dos séculos, sua mensagem é deixada de lado como uma pedra inútil, tudo se fazendo para apagar sua influência. Jesus é apenas arrolado, muitas vezes, entre os fundadores de uma nova religião. Muitos de seus seguidores têm sido privados de liberdade ou sua Igreja desqualificada através de campanhas caluniosas. Uns tudo fazendo para apagar sua influência, outros perseguindo seus seguidores e, entre eles, inúmeros a não acatarem em plenitude seus ensinamentos.

    Toda uma maquinação diabólica para marginalizá-lo, para rejeitar Jesus, Salvador do mundo. Trata-se de uma diabólica desestabilização da fé. Não obstante tudo isto, Jesus permanece como a pedra angular bela e sólida. Ele a verdadeira esperança da salvação da humanidade. Através dos tempos, porém, há também uma multidão a produzir frutos para a vida eterna. Isto, afirmou Jesus, “é uma maravilha a nossos olhos”, porque “é obra do Senhor Deus”. Esta reflexão sobre a parábola dos vinhateiros homicidas deve conscientizar os que querem dar bons frutos a serem pedras vivas na construção do reino de Deus, fugindo de toda e qualquer infidelidade às inspirações do divino Espírito Santo. Trata-se desta certeza dos que pertencem à vinha daquele senhor, o novo Israel, que realmente, frutifica.

    Este novo Israel é a Igreja na qual todos os povos encontram a salvação. É que se trata de uma fé que não é individualista, fechada, mas que é preciso comunicar a quantos não a possuem. Os que pertencem à vinha do Senhor formam uma comunidade apostólica que sabe que é edificada sobre a pedra angular, eminentemente missionária. Ela deve então atrair pela força e pela beleza do Ressuscitado, por palavras, gestos, ações os que não acatam plenamente, que não aceitam plenamente o Enviado do Pai e, assim, não pertencem a sua vinha. É de se notar que quem tem Jesus como a pedra angular, jamais a rejeitando, possui o Evangelho no qual se encontra a solução de todos os problemas.

    Na parábola de hoje Jesus espera ser considerado como esta pedra angular através do reconhecimento da soberania divina sobre todos os atos dos que lhe pertencem e que sabem que é Ele quem sustenta realmente a história de cada um que diz pertencer à sua vinha. Entretanto, um outro critério para saber se o Mestre divino é a luz de sua existência, é verificar se, em tudo, sempre, Deus é o referencial de todos os seus atos e, assim, ininterrupta é a ação de graças por tudo que dele se recebe. Então verdadeiramente se poderá adorar o Redentor, alegrando-se, não obstante a indigência espiritual de cada um, pois o culto devido a Deus estará purificado.

    Deste modo é que se vive por Ele, com Ele e nele e sua vontade estará realizada em cada um. Jesus sendo assim a pedra angular da vida do cristão que estará dando frutos opimos para a eternidade e, um dia, entrará no Reino que para todos Ele abriu. A graça de Deus vem sempre socorrer o bom que persevera e o pecador arrependido que deixa a humildade reinar dentro de si.

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