O título dado ao quarto Domingo da Páscoa é “Domingo do Bom Pastor”. (Atos 13,14.43-52, Salmo 99, Apocalipse 7,9.14-17 e João 10,27-30). Na Igreja é também o “Dia Mundial de Oração pelas vocações”, que neste ano, em sintonia com o Ano Jubilar, tem por tema: Peregrinos de esperança: o dom da vida. É dia de louvar e agradecer a Jesus Cristo, o Bom Pastor. É dia de louvar e agradecer por todos os que exercem na Igreja, principalmente o papa, os bispos, os padres, religiosos e lideranças, o pastoreio em nome de Jesus Cristo. É dia de suplicar ao Senhor, o Bom Pastor, suscitar vocacionados para pastorear o povo de Deus.
No Evangelho Jesus ressalta, inicialmente, a relação entre Ele e seus seguidores. “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. A relação se constrói do seguinte modo. Jesus chama, as pessoas o escutam e o seguem. Depois garante que “ninguém vai arrancá-las de sua mão” dando segurança na condução e garantia de chegar à meta. Revela que “meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um”.
O Bom Pastor tem a iniciativa de ir ao encontro. É a característica fundamental de Deus, ir ao encontro das suas criaturas. As pessoas podem ouvir a sua voz e responder. A voz exprime um apelo, caracterizado por um timbre pessoal que indica uma pessoa com a qual já se tem alguma relação. Usamos a expressão “reconheci pela voz”. A escuta é a uma forma embrionária de resposta a um chamamento. Reconhecer pela voz já é colocar-se em relação. Isto exige também um discernimento, porque entre as milhares de vozes que chamam, faz-se necessário escolher o chamado justo. Graças ao discernimento, a resposta torna-se ativa, pessoal, responsável e se torna obediência. Entre a escuta e o seguimento, sinal concreto da resposta, está Jesus que conhece quem chama. Na Bíblia, conhecer não se resume à racionalidade ou a simples informação, mas é uma experiência que abraça a mente, o coração, a vontade e o corpo. Enfim, a relação envolve todas as dimensões humanas.
O pastoreio de Jesus continua na Igreja, através dos que exercem a missão em seu nome, como revela o relato de Atos. Paulo e Barnabé não conheceram pessoalmente Jesus, mas os apóstolos por ele enviados e abraçaram a causa do Bom Pastor. Assim como Jesus experimentou que alguns escutavam sua voz e o seguiam, outros o rejeitavam e não o seguiam, eles experimentam o mesmo. As dificuldades que Jesus encontrou não o fizeram recuar ou desanimar porque muitos desejavam, em outros lugares, ouvir e seguir os seus passos. É o mesmo que fazem Paulo e Barnabé, rejeitados por uns, vão ao encontro de outros que “ficaram muito contentes, quando ouviram isso, e glorificavam a palavra do Senhor”. Não cansar nunca e sempre estar disposto a recomeçar constitui um permanente desafio para toda Igreja, em particular aos que exercem mais diretamente o pastoreio.
Jesus Cristo, o Bom Pastor, evidencia claramente a meta: “Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão”. Sem meta de chegada, como diz o ditado, qualquer caminho serve. Não é o caso do seguidor de Jesus Cristo, pois ele tem meta e caminho para chegar lá. Na pregação de Atos, Paulo e Barnabé, evidenciam o que receberam: “Todos eram destinados à vida eterna”. O Apocalipse descreve uma cena comovente: “Vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas … Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão”. Portanto, a grande esperança dos que são conduzidos pelo Bom Pastor é participar da vida bem-aventurada de Deus. A vida eterna é a comunhão com Deus, presente aos que lhe são fiéis. O prémio é Deus, é estar com ele, é o paraíso.
Depois de contemplar a eternidade, somos conduzidos no tempo presente, solicitados a retomar o nosso caminho, mesmo que duro, na serena convicção que é no tempo, na luta de cada dia, onde se decide a nossa eternidade.
