CPT realiza 29ª Assembleia Nacional e divulga carta

Agentes recordaram os dois anos de falecimento de dom Tomás Balduino e de dom José Moreira, que colaboraram nos trabalhos da Comissão

Após a 29ª Assembleia Nacional, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou carta na qual os agentes destacam a preocupação com o aumento exponencial dos assassinatos no campo, assim como do aumento da investida do capital contra os territórios camponeses. O encontro aconteceu em Luziânia (GO), entre os dias 26 e 29 de abril. O texto faz memória aos dois anos de falecimento do bispo emérito de Goiás (GO), dom Tomás Balduíno, que foi um dos fundadores da CPT, e do bispo de Três Lagoas (MS), dom José Moreira Bastos Neto, que atuava nas atividades da Comissão.

“A memória dos lutadores do povo e de nossos mártires, bem como a força inspiradora do Espírito de Deus, nos animam a levar adiante nossa missão profética”, dizem os participantes do encontro .  Esse incentivo, de acordo com a CPT, deve-se à interpelação de Deus “a partir do clamor dos pobres”; a inspiração e iluminação para que continuem “acreditando na ‘Alegria do Evangelho’ da Boa Nova de Jesus de Nazaré”; e ao comprometimento em serem ousados no modo de “agir conviver e construir relações e processos de igualdade e democracia”, em assumirem a profecia na denúncia “de toda negação dos direitos dos camponeses e camponesas e de outros trabalhadores e trabalhadoras, bem como de toda violência e atentados contra a vida humana e a natureza”, em estimularem iniciativas que gerem “vida digna comunitária, associativa e cooperativa na geração de trabalho digno, emprego e renda”, além do compromisso na manutenção da articulação “com organizações que estejam a serviço do protagonismo das comunidades”.
Clamor dos pobres

A CPT considera que o avanço do capitalismo neoliberal no campo se apropria das terras e territórios em nome do desenvolvimento. “Trata-se de uma violência crescente que ameaça e assassina”, sinaliza.

Na carta, a Comissão demonstra preocupação com os efeitos desse avanço na realidade dos jovens e das mulheres. “Além de sentirem sua cultura inferiorizada e a política agrícola familiar e cooperativa desprotegida pelas políticas públicas, acabam nas periferias das grandes cidades, onde tem ocorrido o extermínio de jovens”, afirma. Em relação às mulheres, analisa que tal modelo violenta o sexo feminino “nos seus direitos e desejos”. “A cultura machista quer seu silêncio permanente e as submete à exploração de uma dupla jornada não reconhecida e que não permite a construção de sua autonomia”, consta no texto.
Inspiração e iluminação

Para a CPT, “o Deus da vida inspira e ilumina” os agentes a lutarem pelos princípios do Bem Comum que orientam no sentido “de uma sociedade justa e solidária, respeitando a Casa Comum, como lugar bom onde todos têm seu espaço de vida e de convivência harmoniosa e fraterna”.
Conjuntura

A análise de conjuntura da Assembleia Nacional da CPT foi feita pelo padre belga François Houtart, de 91 anos e que mora no Equador.

Houtart falou sobre o momento de crise que o mundo passa atualmente, “fruto de contradição entre o capitalismo produtivo e financeiro”. O sacerdote analisou as diversas faces dessa realidade, como o aumento da pobreza e da fome. Também explicou sobre a crise nos países da América Latina e a contribuição da Igreja para construção de novos paradigmas.

Leia a carta na íntegra.
Com informações e fotografia da CPT Nacional

Fonte: CNBB

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