Banquete: muitos são os chamados, poucos os escolhidos!

    Depois de celebrarmos solenemente os 300 anos da pesca da imagem de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, e participarmos com devoção seu jubileu de 300 anos de bênçãos e de graças, a liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do “banquete” para descrever esse mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos. Poderíamos dizer que a missa de hoje nos lembra a memória da festa do casamento de Jesus com a humanidade e com cada um de nós, que somos batizados.
    Na primeira leitura(cf. Is 25,6-10a), o profeta Isaías anuncia o “banquete” que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os Povos. Acolher o convite de Deus e participar nesse “banquete” é aceitar viver em comunhão com Deus. Dessa comunhão resultará, para o homem, a felicidade total, a vida em abundância. Deus cria, sobre o monte Tabor, um ambiente de paz, um ambiente festivo, aonde os povos já não estarão sujeitos ao luto e ao pranto, porque a desonra e a angústia do exílio já não existem mais. A esperança do povo jamais será desiludida, porque Deus é fiel.
    O Evangelho(cf. Mt 22,1-14) sugere que é preciso “agarrar” o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso baptismo não é “conversa fiada”; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
    Na parábola do banquete de casamento e do traje da festa é o rei quem prepara a festa das núpcias do filho. O rei age por meio de duas iniciativas distintas, em que em cada uma há uma ação judicial. Na primeira, o rei indignado, manda suas tropas matar os assassinos e incendiar acidade(Mt 22,7). Essa atitude é em consequência da recusa dos convidados em participarem da festa, já que eles tinham outros interesses. Na segunda cena, o rei encontrou um homem sem o traje da festa e ordenou que fosse amarrado de mãos e pés e jogado na escuridão, em meio ao choro e ao ranger de dentes(cf. Mt 22,13). A mudança de veste simboliza a mudança de conduta de todos os batizados: crer no Evangelho e converter-se: “Por que muitos são chamados, e poucos são os escolhidos”(cf. Mt 22,14).
    O Senhor, de diversas maneiras, tem insistido conosco e, se não atendemos ao seu chamado, corremos o risco de que chegue o dia em que talvez nem tenhamos mais chance de sermos convidados. Outros ocuparão o nosso lugar. Para atender ao convite do Senhor, não nos basta apenas ir e estar presente, mas assimilar a mentalidade do Evangelho, vestir a veste branca dos ensinamentos do Senhor, porque do contrário, destoaremos. Precisamos assumir de coração o nosso lugar na festa. Quantas pessoas nós encontramos no meio da comunidade ou da Igreja que teimam em não acolher os mandamentos de Deus e têm a sua concepção própria servindo muitas vezes de pedra de tropeço para outros que desejam seguir as práticas evangélicas. Neste caso, apesar de estarmos presentes de “corpo” poderemos ser enxotados e não haver mais lugar para nós dentro do reino. Quando aceitamos o convite de Jesus para participar do Seu reino precisamos nos desvencilhar de todos os nossos conceitos e preconceitos e nos deixar guiar pelo Espírito Santo que nos revestirá com a veste da santidade de Deus. A festa das Bodas do Cordeiro não deixará de ser realizada se eu, ou você, recusarmos o convite para fazer a obra de Deus. Na Igreja, ninguém, mas ninguém mesmo, é insubstituível. Pai, tendo respondido ao teu convite para ser discípulo do Reino, desejo conformar toda a minha vida ao teu querer sendo fiel a ti para que não seja excluído da festa nupcial. Pois com ou sem eu a festa não deixa de ser realizada.
    Na segunda leitura(cf. Fl 4,12-14.19-20), o Apóstolo Paulo nos apresenta um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade cristã de Filipos. São Paulo adverte os filipenses que aprendeu a viver em circunstâncias bem adversas e difíceis, porque sua força vem do Senhor. Em sua gratidão aos filipenses, São Paulo lhes assegura que Deus proverá abundantemente as necessidades da comunidade. Encerra sua prédica proclamando que tudo há de reverter para a glória de Deus. A Comunidade dos filipenses é uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. A comunidade de Filipos constitui, verdadeiramente, um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presente.
    O Senhor continua chamando todos os homens e mulheres para participarem no “banquete”; mas só serão admitidos aqueles que responderem ao convite e mudarem completamente a sua vida.

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