Conferência das Igrejas Europeias: Congresso sobre a comunicação

É tarefa imprescindível das Igrejas cristãs dar sua contribuição a uma correta educação para o uso dos meios informáticos, jamais perdendo de vista as “palavras-chave” como direitos humanos, liberdade de expressão e de opinião, tutela da privacidade e segurança: “A tecnologia digital contribuiu para o progresso do direito à liberdade de opinião e de expressão, do direito a receber e partilhar informações, do direito de comunicar”, afirma Philip Lee

Cidade do Vaticano

Como as Igrejas respondem aos discursos de ódio? São eficazes no combate às notícias falsas? Há esperança para o futuro da Europa? Essas foram algumas das interrogações no centro do Congresso da Associação Mundial para a Comunicação Cristã – Região Europa, realizada em Helsinque, capital finlandesa, em colaboração com a Conferência de Igrejas Europeias.

Garantir representação das mulheres em todos os campos

Intitulado “O que nos torna tão enraivecidos? Discursos de ódio, notícias falsas e direitos de informação”, o encontro teve a participação, além do secretário geral da Conferência das Igrejas Europeias, Heikki Huttunen, de 50 delegados de organismos da comunicação cristã, entre os quais o diretor dos programas da Associação Mundial para a Comunicação Cristã, Philip Lee, e a integrante da Comissão para a comunicação das Igrejas luteranas de minoria na Europa, Praxedis Bouwman.

Ela ressaltou o imperativo compromisso por parte das Igrejas de definir seu papel e a necessidade de garantir a representação das mulheres em todos os campos. “É preciso uma presença equânime de mulheres e jovens nas comissões ecumênicas, na cúpula dos organismos culturais e em todos os níveis. Como cristãos, devemos ser críticos e jamais devemos deixar de fazer escutar a nossa voz para ser ouvidos.”

Discursos de ódio se apresentam de várias formas

A questão do ataque telemático dirigido muito habitualmente a um alvo feminino foi abordada por Philip Lee. “Os discursos de ódio se apresentam de várias formas nos contextos locais, mas a dimensão do gênero é transversal. As mulheres têm maior probabilidade de sofrer cyber-violência e expressões ofensivas do que os homens, como se evidencia de um estudo do Parlamento Europeu.”

A pesquisa demonstrou que as mulheres sofrem violência nas redes sociais, fóruns de discussão, motores de pesquisa, serviços de mensagens, aplicativos de encontros, chat e comentários, com ameaças prevalentemente de matiz sexual.

Combater ameaça aos direitos e dignidade das mulheres

“É necessário intervir eficazmente contra essa sempre mais difusa ameaça aos direitos e às liberdades fundamentais das mulheres, à sua dignidade e igualdade para que não tenham a vida influenciada em todos os níveis.”

Portanto, é tarefa imprescindível das Igrejas cristãs dar sua contribuição a uma correta educação para o uso dos meios informáticos, jamais perdendo de vista as “palavras-chave” como direitos humanos, liberdade de expressão e de opinião, tutela da privacidade e segurança: “A tecnologia digital contribuiu para o progresso do direito à liberdade de opinião e de expressão, do direito a receber e partilhar informações, do direito de comunicar”, prosseguiu Philip Lee.

Papel dos jovens é decisivo

“Todavia, também aumentou comportamentos ilegais por parte de jovens e fornecedores de serviços que podem violar os direitos das pessoas e favorecer a vulnerabilidade digital. Os abusos potenciais incluem a interrupção ou a desativação completa dos sistemas, o uso impróprio das informações para a supervisão, censura, eliminação ou bloqueio dos dados e a manipulação.”

Mais uma vez o papel dos jovens é decisivo: “É importante que eles sejam parte ativa nos processos de informação e comunicação, colaborando com todos nós para frear uma prática lesiva da liberdade alheia. Para fazer isso, devemos partir das palavras, devemos definir o que queremos dizer quando falamos de redes sociais, de ódio ou de notícias falsas. Isto é, devemos ser proféticos, críticos e políticos”, acrescentou.

No Evangelho e na mensagem cristã, renovar a esperança

No encerramento dos trabalhos, o pronunciamento do secretário geral que exortou as Igrejas europeias a cooperar, partilhar seus recursos e comunicar entre si. “É preciso a voz delas na Europa, é preciso um trabalho teológico e uma contribuição concreta para o futuro da Europa, um futuro de paz, segurança e diálogo. Há esperança? Se falamos disso é porque nos falta e devemos renová-la no Evangelho, na mensagem cristã.”

Colaboração entre Igrejas: enfrentar juntas desafios comuns

“Quanto ao testemunho, como Igrejas nos interrogamos sobre como ser relevantes, não somente com palavras seculares, mas também entre nós, com transparência e colaborando sobre os desafios comuns. Devemos ser globais, somos uma única humanidade, habitantes de um mesmo planeta.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here