Combati o com combate

             Temos a alegria de celebrar o trigésimo (30º) Domingo do Tempo Comum. No Evangelho deste domingo, Jesus não nos ensina longas orações, mas para um longo tempo em oração; pois a oração é rezar e conversar com Deus, mas também fazer silêncio e ouvir a Palavra do próprio Deus que ressoa em nosso coração! Madre Teresa de Calcutá passava longas horas diante do sacrário em silêncio, pronta para ouvir o “Mandamento de Jesus”! “Não faço a minha vontade, mas a vontade de Jesus”, disse ela para o jornalista que a interrogava.

             Na primeira leitura – Eclo 35,15b-17.20-22a – o tema central desse pequeno trecho é o fato de Deus escutar as súplicas daqueles que sofrem violência. Nesse ponto revela-se a teologia do texto, isto é, a opção de Deus pelos mais vulneráveis. As lágrimas que correm pela face da viúva revelam a gravidade dos atos dos dominadores e, simultaneamente, desencadeiam a ação libertadora, acolhedora e consoladora de Deus. Ele, o justo juiz, há de julgar com justiça todos os que produzem lágrimas de dor na face dos pobres. No texto se encontra a certeza explícita de que Deus não favorece o rico injusto. Antes, ele assume uma posição em meio ao conflito que coloca em lados distintos aqueles que têm poder e aqueles que são fracos. A oração do humilhado chega a Deus atravessando as nuvens, ou seja, desfaz a percepção da inacessibilidade de Deus que encontramos na queixa do autor de Lamentações: “De uma nuvem te envolveste, para que a oração não chegue a ti” (Lm 3,44). Ademais, a expressão “não descansa” traz à memória a parábola contada por Jesus na qual a viúva não descansou enquanto a justiça não foi estabelecida. O próprio corpo do pobre, marcado por dores e violências, é transformado num altar de onde ele oferece a Deus suas lágrimas e gritos de justiça.

             Na segunda leitura 2Tm 4,6-8.16-18 – o Apóstolo Paulo está pronto para partir – “Completei minha carreira… conservei a fé! Agora, apenas aguardo a recompensa do justo Juiz!” Que belo programa para todos nós. Nós, que acreditamos em Jesus, não estamos no mundo para fazer nossa vontade, mas a vontade Jesus! Que maravilha ter a consciência em paz diante de Jesus, o Justo Juiz! Que todos nós possamos ter a tranquilidade do dever cumprido e partir em paz!

             No Evangelho Lc 18,9-14 –  Jesus ensinou-nos a “Oração do Pai Nosso” e, hoje acena para o espírito que nos deve animar quando nos apresentamos para orar! O orgulho não garante a eficácia de nossa oração! Mas, o pecador que, humildemente, reconhece sua situação, pode ter a certeza do olhar benigno de Deus! Deus exalta os humildes e destroça os orgulhosos! A arrogância leva as pessoas a se sentirem melhores do que as outras, não somente supervalorizando sua condição ou características, mas também procurando, com todas as forças, diminuir e desprezar aqueles com os quais se comparam. Jesus, nessa parábola, manifesta sua percepção de que alguns estavam convencidos de serem justos e, por conta disso, desprezavam os outros. A postura do fariseu é teatral, plástica e, exatamente por isso, artificial. Reza a Deus como se estivesse no teatro, encenando uma peça. Reza de si para si mesmo. Em sua oração arrogante, pretende dar testemunho de si mesmo perante Deus. Na verdade, não foi rezar, mas sim informar a Deus a respeito de quão bom ele, fariseu, era. Os gestos e palavras são, sem dúvida, extraídos do repertório religioso. No entanto, mostram-se desprovidos de autêntico conteúdo.

             Já o cobrador de impostos se apresenta como conhecedor de suas profundas limitações. É sabedor de que não é nada sem a graça e a misericórdia divina. Ele se reconhece sem nada, tendo senão um grande e enorme vazio a ser preenchido por Deus, a quem nem sequer se atrevia a elevar os olhos. A humildade do cobrador de impostos contrasta com a arrogância do fariseu e, consequentemente, o resultado aparece em forma de contraste: “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (v. 14b).

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