Com Maria, que nos aponta Jesus, sejamos construtores da Paz!

    Neste primeiro domingo do ano da graça de 2023, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes. Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.

    As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.

    Na primeira leitura (Nm 6,22-27), sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude. Traz a fórmula da bênção proferida pelo sacerdote no encerramento das celebrações litúrgicas no templo. Traduz o anseio mais profundo por uma vida plena e paz ao longo de todo o período. Esta bênção promove a vida.

    Na segunda leitura (Gl 4,4-7), a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-Lhe “abbá” (“papá”). O tempo da espera se completou com a chegada do menino, o Filho de Deus, o Príncipe da Paz. Com a vinda de Jesus, a escravidão, a intolerância, a discriminação, a injustiça e ao ódio devem ser superados, para que se forme a grande irmandade dos filhos e filhas de Deus.

    O Evangelho (Lc 2,16-21) mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens. Os pastores se comportam como as primeiras e fiéis testemunhas da Boa-Nova, da grande alegria da salvação. Deus, “quando se completou o tempo previsto”, segundo a sua insondável misericórdia, “enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”. Enquanto, os pastores – que são os últimos da escala social – contavam que tinham visto e ouvido sobre o Menino, glorificando e louvando a Deus; Maria guardava e meditava tudo em seu coração. São as atitudes complementares e exemplares para os cristãos: contemplar, guardar e meditar, louvar e anunciar o mistério divino da Salvação na e pela pessoa de Jesus. Maria e José deram ao Menino o nome de Jesus, “Deus é a salvação!”.

    Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.

    Ao iniciarmos o ano novo, o da graça de 2023, rezemos pela paz e pela confraternização universal, invocando a bênção de Deus sobre nós e sobre o mundo. A bênção e a paz que tantos desejamos nascem da compaixão de Deus, que volta para nós o seu rosto resplandecente. Jesus é o rosto fulgurante de Deus, que nos falou e nos amou. Jesus, a Salvação de Deus, é a própria bênção e a própria paz. Que o nosso primeiro e maior propósito seja acolher a pessoa e a Palavra de Jesus no nosso coração e em nossa vida. Assim, teremos paz e nossa vida será testemunho de paz para o mundo e para aqueles que de nós se aproximam.

    Com Maria, que nos aponta Jesus, sejamos construtores da Paz! O Evangelho lança luzes para quem decide percorrer novo caminho, não de competição, mas de cooperação; não de acúmulo, mas de partilha. Os pastores, apressados, foram ao encontro de Maria, José e o menino, anunciando o que os anjos haviam dito: o recém-nascido é o Salvador! Maria “guardava essas coisas e as meditava no coração”. Maria nos ajuda a compreender como somos chamados a acolher o evento do Natal: não superficialmente, mas no coração! Que a Rainha da paz, a Mãe de Deus, nos ajude a ser construtores de paz. Sob seu olhar materno, tenhamos todos a disposição de percorrer um caminho mais sintonizado com o Evangelho de Jesus ao longo deste ano que se inicia!

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