Após a conclusão dos quarenta dias da Quaresma, durante os quais cada momento foi vivenciado em penitência, jejum e oração, iniciamos o Tríduo Pascal com a Missa da Ceia do Senhor. Nesta celebração, Cristo, o Sacerdote Supremo, instituiu o Sacramento do Amor, e é um dos ritos mais sagrados e significativos da Igreja Católica. É uma celebração em que os fiéis se reúnem para comemorar e lembrar o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, através da partilha do pão e do vinho consagrados.
A história da Missa da Ceia do Senhor remonta ao último jantar de Jesus com seus discípulos, na véspera de sua crucificação. Naquela ocasião, Jesus partilhou o pão e o vinho com seus discípulos e disse-lhes: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Ele também disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22,20).
Desde então, a Missa da Ceia do Senhor tem sido um ato central na vida da Igreja Católica, simbolizando a união dos fiéis com Cristo e uns com os outros. Durante a celebração, o padre consagra o pão e o vinho, transformando-os no Corpo e no Sangue de Cristo. Os fiéis são então convidados a comungar, recebendo o Corpo e o Sangue de Cristo como um sinal de sua união com Ele.
A Ceia do Senhor representa o primeiro ato da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, uma vez que foi durante essa ocasião que Jesus instituiu o Mandamento do Amor. Cristo sentiu a necessidade de dar o exemplo de que o Mestre é também Servo, sempre pronto a ajudar e servir aqueles que lhe foram confiados. Por isso, o ato de lavar os pés dos discípulos foi um verdadeiro gesto de como servir e resservir, a qualquer momento, os gestos de serviço mútuo. Além disso, lavar os pés é uma maneira de se tornar parte de Cristo, já que Ele mesmo disse: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8).
A Missa da Ceia do Senhor é também uma ocasião para os fiéis renovarem seu compromisso com Deus e com sua comunidade de fé. É um momento para refletir sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos, e para se unir em oração e louvor.
Além disso, a celebração da Missa da Ceia do Senhor é uma expressão do amor de Deus por sua criação. Ao partilhar conosco seu próprio Corpo e Sangue, Deus nos mostra seu amor e nos convida a seguir seu exemplo, amando e servindo uns aos outros.
Durante a mesma Ceia, Cristo ofereceu a Si mesmo como Seu Corpo e Sangue, representados como a Verdadeira Comida e Verdadeira Bebida. A Eucaristia é instituída como um sinal de amor pela Paixão e Morte de Cristo, oferecida em prol de nossa salvação e continuidade em Sua comunhão.
Nesta noite Santa, em que o sacerdote ou o bispo rememora o gesto do lava-pés, nós queremos relembrar que a Eucaristia é a partilha do Pão Vivo de Cristo em favor da humanidade que precisa de tanta partilha, lembrando o que pediu a Campanha da Fraternidade 2023: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”(Mt 14,16).
Convido todos os leitores a rezarem, nesta noite santa, por todos os presbíteros. Quantos presbíteros, infelizmente, por desespero ou por não serem assistidos estão cometendo suicídio. Nós, enquanto homens da Igreja, precisamos ajudar aos presbíteros em dificuldades, doentes, marginalizados ou mesmo perseguidos no exercício do seu ministério. Nesta Noite Santa – em que inauguramos o Tríduo Pascal – encerrando a Quaresma – queremos rezar com grande entusiasmo pelos nossos padres. Não só a oração, mas levar nosso abraço, nosso incentivo ao seu labor pastoral, dizendo da importância do seu ministério em favor da comunidade, da sociedade e de toda a Igreja. Deus abençõe a todos os sacerdotes!
“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei!”. Que o amor de Cristo nos ajude a sermos Eucaristia para todos os que cruzam nossos caminhos. Que todos possamos participar desta celebração da Ceia do Senhor, com o lava-pés e o mandamento novo do amor, com reverência e gratidão, e que possamos ser fortalecidos em nossa fé e em nossa comunhão com o Senhor.
Saudações em Cristo!
