Muitas vezes, caros padres, somos acusados de ser incapazes de viver e de apreciar o mistério que tem lugar na Missa. Mas como é que podemos fazer isso se não tivermos um bom exemplo?
Agrande maioria dos fiéis vem à igreja pelo menos 10-15 minutos antes do início da liturgia. Para a maioria de nós, para além de conseguirmos um bom lugar, este é um momento de pausa no caos da vida quotidiana. Claro, os pensamentos dos pais e das mães giram em torno do trabalho e dos filhos. No entanto, o tempo antes da missa é uma boa oportunidade para acalmar estas “preocupações”.
Isto não é fácil, contudo, quando os “risos” dos padres e acólitos podem ser ouvidos em toda a igreja a partir da sacristia. Não quero fazer aqui o papel de tolo – eu próprio fui acólito e por vezes participei em tal tagarelice antes da missa. Foi-nos ensinado apenas uma coisa – fechar a porta.
A introdução à Missa também não ajuda, o que, em vez de nos introduzir no mistério do dia que estamos a viver, nos desvia das nossas distrações.
Por que dispensam a homilia?
Para muitos de nós, a Missa dominical é a única oportunidade de ouvir a Palavra de Deus proclamada a partir do púlpito. Depois da leitura do Evangelho, não é sem razão que sintonizamos os nossos ouvidos ao comentário para nos ajudar a pô-lo em prática.
Caros sacerdotes, pensem como ficamos desapontados quando, em vez de uma homilia, ouvimos um sermão sem referência à Palavra de Deus. É ainda pior quando ouvimos o quanto este “mundo mau” nos coloca as suas armadilhas. Como se já não soubéssemos disso…
Sinto-me igualmente mal quando ouço que as vossas reflexões são dirigidas a outras pessoas (não crentes, não crentes, inimigos da Igreja, etc.) e eu, por alguma razão que não compreendo, fico com ouvidos para algo que não fiz.
Fico entristecido quando o ouço ler um texto que não é o seu. Não quero sequer adivinhar porque é que por vezes se desiste sequer de algumas frases da sua própria homilia.
Correria na Oração Eucarística
Tenho de mencionar um outro caso que me parece ser cada vez mais frequente ultimamente. Uma homilia ardente, atenciosa e brilhante, seguida de… uma correria na oração eucarística.
Este é o lugar onde todos os meus entrevistados, incluindo eu, mencionaram o maior problema – o desleixo. Uma palavra forte? Que mais chamaria a uma falta de cuidado e atenção aos detalhes?
Por favor, considerem que também nós temos uma devoção eucarística. Também nós sofremos com as profanações do Santíssimo Sacramento e tantos outros problemas litúrgicos. Mas porque é que temos de experimentar isto tão frequentemente nas nossas paróquias?
Muitas vezes, acusais-nos, caros padres, de não vivermos e apreciarmos corretamente o mistério que se desenrola durante a Missa. Como podemos fazer isso se tal realidade não nos é apresentada? Como saber a profundidade da liturgia quando se sabe como celebrá-la usando apenas uma oração eucarística (a mais curta, é claro)?
E como vamos desenvolver o profundo respeito pelo Santíssimo Sacramento quando alguns membros da Igreja não nos dão seu exemplo? Também temos dificuldade em engolir as vossas “improvisações”, que muitas vezes interferem tanto no texto das orações que distorcem completamente o seu significado.
Torne-se transparente
A Missa destina-se a orientar os nossos pensamentos para Cristo. Sobre Ele devemos concentrar-nos sem excepção. Não desperdicem suas energias a inventar coisas durante a Missa.
Não procurem controvérsias na Palavra pela força. O testemunho da sua vida de acordo com a Palavra é suficiente para nós.
Peço-lhes que deixem a liturgia falar por si.
