Roma (RV) – “Os mártires já encontraram a unidade”. Palavras do Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, que às vésperas da cerimônia que se realiza em Estrasburgo – no âmbito das comemorações pelos 500 anos da Reforma protestante – concedeu uma entrevista ao jornal francês “La Croix”.
Ocasião para falar de um ano muito fértil no campo do ecumenismo, que registrou passos significativos como os encontros do Pontífice com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill; do Patriarcado Ecumênico Bartolomeu I; a oração com o Primaz da Igreja anglicana Justin Welby e a histórica viagem à Lund, na Suécia, para a celebração ecumênica do cinquentenário da Reforma.
Resistências
Respondendo às perguntas de Nicolas Senèze, o purpurado não esconde, porém, as resistências verificadas especialmente no campo ortodoxo. Também por isto – considera – ainda não é possível prever um novo encontro entre o Papa e Kirill.
Confiança
Todavia, não obstante a existência de “tensões” – que surgiram sobretudo por ocasião do Concílio Pan-Ortodoxo, com a reticência de algumas Igrejas em aceitar o próprio documento sobre as relações com as outras confissões cristãs – o Cardeal Koch mostrou-se “confiante”, porque “muitos líderes ortodoxos são favoráveis ao ecumenismo, em particular o Patriarca Ecumênico Bartolomeu e o Patriarca Kirill”.
Neste sentido, Koch cita também os trabalhos da plenária da Comissão para o Diálogo Católico-ortodoxo que, “depois de nove anos de dificuldades, demonstrou que era possível publicar um projeto comum”.
Católicos e luteranos
Uma perspectiva aplicável também nas relações com as comunidades reformadas. A este propósito, o purpurado não deixa de destacar que as cerimônias comuns entre católicos e luteranos não pretenderam celebrar a Reforma de Lutero, mas “comemorar” um evento histórico do qual todos podem tirar lições.
“O nosso texto comum Do conflito à comunhão é claro. Como primeira coisa sublinhamos a gratidão por uma história que não é somente constituída por 500 anos de conflito, mas é também marcada pelos últimos 50 anos de intenso diálogo. O diálogo com os luteranos é o primeiro diálogo ecumênico iniciado após o Concílio e levou em 1999 à Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”.
O passo sucessivo – acrescenta – “é o de fazer penitência”. De fato, “a Reforma não trouxe a renovação da Igreja desejada por Lutero, mas divisões e guerras de religiões horríveis”.
Necessidade de um objetivo comum
Disto, também a necessidade de individuar novos caminhos a serem percorridos juntos, porque – defende – o “problema fundamental” é o de encontrar uma meta compartilhada. “Sem um objetivo comum – afirma – não podemos considerar os passos sucessivos. Este é o motivo pelo qual, com os luteranos, propus preparar uma nova Declaração conjunta sobre Igreja, Eucaristia e Ministério”.
Todavia, o diálogo não se faz somente com a Teologia. “Todas as Igrejas – sublinha – têm os seus mártires e este testemunho comum é um sinal muito importante. Estou convencido de que será o sangue de muitos mártires a semear a unidade do Corpo de Cristo”.
Fonte: Rádio Vaticano