Campina Grande recebe Encontro Nacional de Fé e Política

Evento reuniu cerca de 800 pessoas

A diocese de Campina Grande (PE) recebeu, entre os dias 22 e 24 de abril, o 10º Encontro Nacional de Fé e Política. O evento reuniu mais de 800 pessoas, entre lideranças, sociólogos, professores, militantes e estudantes vindos de todas as regiões do Brasil, na Universidade Federal de Campina Grande. “Bem viver: águas da solidariedade, sementes de esperança” foi o tema escolhido.

Promovido pelo Movimento Nacional de Fé e Política, em parceria com a diocese e a Cáritas, o encontro contou com momentos de plenárias e de grupos temáticos. Também foram oferecidos palestras e painéis, com temas como “Entendendo as Crises”, “Águas da Solidariedade, Convivência com o Semiárido”, “Espiritualidade do Cuidado com a Vida” e “Sementes de Esperança”. Alguns temas tratados em grupos refletiram sobre Crise Climática, Juventude e Transformação Social, Protagonismo Popular, Democratização da Mídia, Crise do Modelo Político Partidário, entre outros.

A organização ressaltou que “na atual conjuntura política vivida no país, o 10º Encontro vem como um precioso espaço de debate e de construção social”.

Acolhida

O bispo de Campina Grande, dom Manoel Delson, durante a cerimônia de abertura do evento, acolheu os participantes e afirmou que a política precisa estar associada à fé – não à religião – para que se atenda aos anseios da sociedade. “A política sem a fé, sem os valores maiores, ela enfraquece e tende a cair no erro, no desvirtuamento, na busca pelos interesses pessoais. Precisamos da fé para que a política seja o braço forte do exercício da caridade, da justiça, da igualdade e da fraternidade”, refletiu.

O bispo de Pesqueira (PE) e referencial das Pastorais Sociais no regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Luiz Ferreira Sales, falou sobre a força e a luta do povo nordestino como sinais do bem viver. “Nós nos encontramos aqui para fortalecer a nossa bandeira de amor, do bem viver. Nosso chão nordestino pode faltar água, mas não falta solidariedade. Falta muita coisa, mas não falta luta. Que aqui possamos fazer a experiência do bem viver, com culturas e fé diferentes, mas com um único objetivo: procurar fazer dessa casa comum um lugar de vida para todos e vida em abundância”, afirmou.

A solenidade de abertura do 10º Encontro Nacional de Fé e Política foi seguida de uma celebração ecumênica.

Bem viver

O “Bem Viver”, tema do 10º Encontro, faz referência às culturas andinas e indígenas, como explica o sociólogo Pedro Ribeiro. “Os povos das culturas andinas buscaram em sua sabedoria ancestral uma proposta de vida que os ajudasse a construir uma nova ordem social, econômica e política capaz de superar o colonialismo e a dominação capitalista. Essa proposta ganhou força nos movimentos indígenas e populares contra as políticas neoliberais da Bolívia (2009) e do Equador (2008) e despertou a atenção de movimentos sociais em outros países. Foi assim que entrou na agenda de movimentos sociais, grupos e pessoas que buscam um “outro mundo possível”, explica o professor, que é membro do Movimento Nacional de Fé e Política.

Pedro Ribeiro ainda relata os ensinamentos do conceito de Bem Viver. “Com efeito, ele ensina que a felicidade humana encontra-se na vida em harmonia consigo mesmo, com outras pessoas do mesmo grupo, com grupos diferentes, com Pachamama – a Mãe Terra seus filhos e filhas de outras espécies e com o mundo espiritual. O Bem-viver é, portanto, uma bandeira de luta cultural, social, política e econômica”, finaliza.

O movimento

O Movimento Nacional Fé e Política nasceu durante a ditadura militar, na década de 1980, nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), como conta Pedro Ribeiro, um dos fundadores do movimento. “A ditadura militar havia suprimido os antigos partidos políticos legais e reprimido brutalmente os partidos clandestinos. Naquela conjuntura os movimentos sociais sentiam a necessidade de um instrumento para encaminhar suas demandas diante do Estado, mas não aceitavam o modelo de partidos políticos criados pela ditadura. Ao serem criados novos Partidos, havia quem pensasse em criar o Partido cristão, o que é um erro: os cristãos devem escolher o Partido que melhor represente suas propostas políticas; e não que represente sua Fé. Foi então que criamos o MF&P para promover encontros de estudo, dias de espiritualidade e oração e dar o apoio pessoal a quem tinha vocação para a política”, explica o sociólogo.
Com informações e fotografia da diocese de Campina Grande (PE)

Fonte: CNBB

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