“Caminhada do Norte 1 tem sido frutuosa, mas bastante exigente”, afirma dom Mario

Meio ambiente, causa indígena, migração forçada e o tráfico de pessoas foram as temáticas comuns às nove arquidioceses e prelazias que compõem o regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ao longo de 2018. Não é a toa que estes assuntos pautaram a 46ª Assembleia do regional realizada nos dias 24 a 27 de setembro, no Centro de Treinamento Maromba, situado no bairro Chapada.

Dom Mario da Silva, bispo de Roraima e presidente do regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) considera que a caminhada tem sido frutuosa e, ao mesmo tempo, bastante exigente. O bispo conta que ao longo do ano, o regional assumiu novos compromissos levando em consideração o cuidado com a Casa Comum, gerando uma preocupação com a ecologia integral, priorizando a vida do ser humano e cuidando das demais criaturas como inspira o papa Francisco na sua encíclica Laudato Si.

No tocante às questões indígenas, dom Mario afirmou que o regional refletiu junto com as comunidades indígenas aquilo que é prioridade na vida dos indígenas como o direito à terra, à saúde, à educação e também provimentos para a sua sustentabilidade, além do respeito à cultura e atenção para os saberes dos indígenas, tanto na relação com a natureza quanto na relação com as pessoas e na formação de comunidades.

O bispo de Roraima afirmou ainda que no que diz respeito à migração forçada e o tráfico humano, o regional tem se baseado não só na migração de venezuelanos para o Brasil, mas em todo o contexto que expõe a Amazônia de ser, segundo ele, uma rota também do tráfico humano. “Quando acontece a migração é um campo/ um ambiente que propicia para aproveitadores, grupos oportunistas de explorar a vida do ser humano através do tráfico de pessoas”, disse.

Neste mesmo contexto, dom Mario considerou que o regional refletiu seriamente sobre a realidade e assumiu compromissos de cuidar melhor dos migrantes e, ao mesmo tempo, denunciar sinais e indícios de tráfico humano e até mesmo de exploração da vida de adolescentes e crianças.

Plano Nacional de Integração

Ainda em 2018, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a diocese de Roraima juntamente com Cáritas Diocesana de Roraima, Cáritas Brasileira, Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Serviço Jesuíta para Migrantes e Refugiados (SJMR) e entidades parceiras lançaram no mês de outubro, em Boa Vista, Roraima, o Plano Nacional de Integração Caminhos de Solidariedade: Brasil & Venezuela.

Dom Mario explica que ele tem três eixos. O primeiro deles procura articular a Igreja no Brasil com a Igreja da Venezuela, uma espécie de articulação missionária. O segundo é, de acordo com ele, de acolhida e integração. “Nesse segundo eixo queremos integrar os migrantes tanto em Roraima como no Brasil e neste eixo que é o coração do Plano, nós estamos contando com a abertura, a preparação de nossas dioceses, Cáritas diocesanas, paróquias e comunidades e também famílias que se preparem e que se organizem para acolher famílias e pessoas venezuelanas”, explicou o bispo. 

O terceiro eixo se chama “Meios de Vida”, ou seja, a ideia segundo o bispo é prover meios de vida, sustento e autonomia para os migrantes e refugiados que queiram permanecer em Roraima. “Temos lá 15 municípios onde já estão presentes muitos migrantes, de tal maneira que a população migrante no Estado de Roraima corresponde a 10% da população”, afirma o bispo.

Segundo dom Mario, o Estado de Roraima tem hoje cerca de 575 mil habitantes. “Cremos que há quase 50 mil venezuelanos em todo o Estado, sendo que 25 a 30 mil deles estão na Capital. E nós esperamos com esses três eixos fazer o melhor para os migrantes venezuelanos a ponto deles se sentirem acolhidos e serem integrados para que possam dar continuidade em suas vidas aqui no país”, diz.

Perspectivas para 2019

Atualmente, dom Mario diz que o regional está em um processo de preparação para o Sínodo Especial da Amazônia, previsto para 2019. Ele conta que já foi realizada nas dioceses a escuta das comunidades,  sobretudo, naquelas dos povos originários da Amazônia; as comunidades indígenas e ribeirinhas que compreende o regional, e também, aquelas comunidades das beiras de estradas e nas periferias das cidades.

“É um processo de escuta que vamos finalizar agora no início de dezembro. Nos dias 1 e 2 de dezembro teremos a assembleia territorial do regional Norte 1 para concluirmos esse momento de escuta visualizando a nossa realidade e também fazermos propostas para o Sínodo que acontecerá em outubro do próximo ano”, disse.

Para o ano que vem, o bispo diz que a perspectiva do regional será dar continuidade as propostas do Sínodo da Amazônia; aguardar a chegada do instrumento de trabalho e, em cima dele, se debruçar para preparar e realizar um Sínodo “digno” para a Amazônia e o que ele pede que é a questão de novos caminhos para a Igreja. “Esperamos então apontar novos caminhos para a evangelização para que a nossa Igreja tenha realmente a característica de missionariedade em todas as comunidades”, finaliza o bispo.

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