Bispos e nova evangelização

    Iniciamos na segunda-feira, dia 23 de janeiro de 2017, no Centro de Estudos Superiores do Sumaré, o 26º. Curso dos Bispos, que se estenderá até o dia 27 de janeiro, sexta-feira.
    Este curso, de adesão espontânea, numa feliz e inesquecível iniciativa (julho de 1990) de nosso venerado predecessor, o amado Cardeal Eugênio de Araújo Sales, tem por objetivo ser um momento de atualização teológica para os bispos no Brasil, bem como uma oportunidade de encontro de fraternidade episcopal e de merecida pausa nas estafantes atividades pastorais, como convivência de troca de experiências e de partilha de dons do ministério dos sucessores dos Apóstolos.
    O tema de 2017 é “A Nova Evangelização: significado, desafios e aplicação à realidade do Brasil. Serão conferencistas nesta edição: D. Rino Fisichela, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização; Cardeal D. Cláudio Hummes, OFM, Presidente da Comissão Episcopal da CNBB para a Amazônia; Cardeal Sérgio da Rocha, Presidente da CNBB e Arcebispo de Brasília, D. Miguel Angel Ayuso Guixot, Secretário do Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso e vice-prefeito da Comissão para as Relações Religiosas com os muçulanos e Mons. Eduardo Chávez Sánchez, do México, reitor da Universidade Católica da Arquidiocese do México e participa do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos, como exímio pesquisador especialista em estudos sobre Nossa Senhora de Guadalupe.
    Com isso teremos a fundamentação sobre a nova evangelização, seguida de atualização sobre o seu significado no Brasil nos 10 anos da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe que aconteceu em Aparecida. Teremos oportunidade de estudar os desafios concretos da Amazônia, grande preocupação do Papa Francisco, que enviou através de D. Rino Fisichela a mensagem que o futuro da Igreja está na Amazônia. E ouviremos as possibilidade de diálogo com os muçulmanos e como compreender o atual momento que passa o mundo. Um belo momento de aprofundamento e de convivência entre os 90 prelados do Brasil que aceitaram o nosso convite e se encontram no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, aqui no Rio de Janeiro.
    A nova evangelização se faz com gestos e atitudes antes ainda do que com palavras: é necessário dar testemunho de vida, a partir de três premissas: o primado do testemunho; a urgência de ir ao encontro do irmão e da irmã, e o projeto pastoral centrado no essencial.
    Diante da indiferença do mundo, diante da fé, os bispos devem ser os primeiros promotores de despertar na mente e no coração dos homens e das mulheres a fé. Ensina o Papa Francisco que: “gostaria de destacar a importância da catequese, como momento de evangelização. O Papa Paulo VI já fez isso na Evangelii nuntiandi (cfr n. 44). Dali, o grande movimento catequético tem levado adiante uma renovação para superar a ruptura entre Evangelho e cultura e analfabetismo dos nossos dias em matéria de fé. Recordei muitas vezes um fato que me impressionou no meu ministério: encontrar crianças que não sabiam ao menos fazer o Sinal da Cruz. Nas nossas cidades! É um trabalho precioso para a nova evangelização aquele que desenvolvem os catequistas, e é importante que os pais sejam os primeiros catequistas, os primeiros educadores da fé na própria família com o testemunho e com a palavra”.
    (cf.http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/october/documents/papa-francesco_20131014_plenaria-consiglio-nuova-evangelizzazione.html, acessado pela última vez em 21 de janeiro de 2017).
    Devemos nos questionar como é a pastoral de nossas dioceses e paróquias, destacando a importância da catequese como momento de evangelização para combater o analfabetismo dos nossos dias em matéria de fé.
    Gostaria de lembrar que o Santo Padre, o Papa Francisco, promulgou a Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. O capítulo primeiro da Exortação Apostólica exorta “A transformação missionária da Igreja”, assinala que a prioridade não é governar o que se tem, como se a fé pudesse conservar-se sem a comunicar. Há que “sair da própria comodidade e atrever-se a chegar a todas as periferias que necessitam a luz do Evangelho” (n. 20). “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a língua e toda a estrutura eclesial se converta num caminho adequado para a evangelização do mundo atual mais que para a autopreservação” (n. 27). Toda a reforma na Igreja só pode desejar que seja mais missionária, ensina o Santo Padre o Papa a seguir. Isto implica aceitar a limitação humana e, sem rebaixar o Evangelho, ajudar a abraçar pouco a pouco todas as exigências, “acompanhar com misericórdia e paciência as etapas possíveis de crescimento das pessoas” (n. 44). “A participação dos leigos limita-se muitas vezes às tarefas intraeclesiais sem um compromisso real na aplicação do Evangelho à transformação da sociedade”. Em todo o caso, trata-se de “comunicar melhor a verdade do Evangelho num determinado contexto, sem renunciar à verdade, ao bem e à luz que pode trazer quando a perfeição não é possível” (n. 45). “Mais que o temor a nos enganarmos, espero que nos mova o temor a encerrarmo-nos em estrutura que nos dão uma falsa contenção, nas normas que nos tornam juízes implacáveis, em costumes onde nos sentimos tranquilos, enquanto fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cansar-se: ´Dai-lhes vós de comer!´(Mc 6, 37)” (n. 49).
    O Papa Francisco, recentemente disse que evangelizar não é se exibir. Infelizmente – disse – hoje, em algumas paróquias, este serviço é vivido como uma função. Leigos e sacerdotes se vangloriam pelo que fazem: “Isto é a vanglória: eu me vanglorio”; é reduzir o Evangelho a uma função ou mesmo a uma vanglória. “Eu vou evangelizar e levo muitos para a Igreja”. Fazer proselitismo: isto também é uma vanglória. Evangelizar não é fazer proselitismo e nem fazer um passeio, nem reduzir o Evangelho a uma função. Isto é o que Paulo diz: “Pregar o Evangelho para mim não é um motivo de glória, é antes uma necessidade – continua – uma imposição”. “Um cristão tem a obrigação, mas com esta força, como uma necessidade de levar o nome de Jesus, mas do próprio coração”.
    (http://br.radiovaticana.va/news/2016/09/09/francisco_evangelizar_%C3%A9_dar_testemunho_de_vida/1256879, acessado pela última vez no dia 21 de janeiro de 2017).
    As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019, à luz da Evangelii Gaudium, bem como o discurso que o Papa Francisco pronunciou aos bispos no Rio de Janeiro por ocasião da Jornada Mundial da Juventude em 2013 nos dão caminhos seguros para a renovação da evangelização da Igreja no Brasil. Fica claro que é urgente o ardor missionário da Igreja, espelhado no testemunho do Papa Francisco, constituída de uma Igreja em saída, mãe de braços abertos, casa do pai de portas abertas para todos, que apresenta um ingente convite às pessoas de se encontrarem com Jesus Cristo, vivo e presente na sua Igreja.
    É precisamente este aspecto, o Querigma cristão que iremos estudar na certeza de que a Mãe Igreja é a casa da iniciação à vida cristã. Neste ano do jubileu dos trezentos anos da imagem de Nossa Senhora Aparecida, os bispos reunidos no Rio de Janeiro são convidados a volver seu olhar para o Santuário Nacional e para a 5ª. Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho de Aparecida, conscientizando cada vez mais na insistência do Documento de Aparecida na concepção de formação como um processo continuado, lembrado como verdadeiro catecumenato mistagógico e profundamente unido à celebração do Mistério de Cristo.
    Sejam bem-vindos, queridos irmãos bispos! Que nosso encontro nos auxilie a evangelizar com alegria e misericórdia todos os homens e mulheres. Que nos acompanhe nestes dias Nossa Senhora Aparecida. Que vivamos e testemunhamos a misericórdia cristã!

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