Os bispos da Província Eclesiástica da Nigéria lançaram, a semana passada, um apelo a pôr termo à violência perpetrada pelos pastores errantes no norte do País. Numa carta pastoral citada pela agência Fides, os prelados escrevem: “temos de abandonar a velha prática dos pastores que se deslocam com os seus rebanhos através do País, dada a violência que esta prática desencadeia em relação à nossa gente – lê-se no documento.
Não à criação de reservas
A movimentação de pastores, em grande parte do povo Fulani, é, com efeito, acompanhado, muitas vezes, por assaltos às populações sedentárias. O último episódio é de 8 de Setembro, na área de Golgofa, no Estado de Kaduna, onde morreram duas pessoas. Entretanto, o Parlamento Federal está a debater com vista na sua aprovação, uma lei que prevê a criação de reservas a favor de tais pastores em todos os Estados da Nigéria, mas a Conferência Episcopal local criticou esta proposta sugerindo, pelo contrário, a criação de áreas específicas para a pastagem.
Em jogo está o futuro do ambiente em todo o País
“Inteiras comunidades foram destruídas e a raiva é palpável” afirmam o bispos da Província de Kaduna. “Para pôr termo à deriva violenta dos pastores e dos seus animais – lê-se na Carta Pastoral – estamos convencidos de que o único caminho a tomar pelo Governo seja o de explorar a possibilidade de criar ranchos”, ou seja fazendas para a criação de gado. O debate sobre os pastores – acrescenta o arcebispo de Kaduna, D. Matthew Manoso Ndagoso – é um debate sobre o futuro da sobrevivência humana, sobre o ambiente e sobre o nosso País”.
Os bispos da Nigéria lançam, por fim, um apelo à salvaguarda da Criação, esmagada pela falta de atenção e pela degradação actuada pelo ser humano. “É necessário estender os valores do Evangelho da misericórdia à própria terra. É necessário olhar para trás, reflectir sobre os erros cometidos e sobre como, inadvertidamente, fomos cruéis com o ambiente”. Daqui o convite dos prelados a “plantar árvores”, por exemplo, e a adoptar, conscientemente, medidas adequadas para respeitar “a nossa mãe terra”.
Fonte: Rádio Vaticano