Bispos assinam mensagem sobre a superação da violência

Diante do clima de violência generalizada que assola o Rio de Janeiro (RJ), os bispos do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na capital fluminense, assinam mensagem conjunta por ocasião da Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema: “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema: “Vós sois todos irmãos!” (Mt 23,8).

No documento, os bispos salientam a preocupação com a violência que, particularmente, atinge os mais pobres e desprotegidos e conclamam todos os fiéis cristãos, o clero, religiosos(as) e todos os homens e mulheres de boa vontade a iniciarem uma nova e urgente travessia de conversão a partir da temática da CF 2018.

Segue abaixo a íntegra do documento. 

EM NOME DE CRISTO, ANUNCIAMOS:
VÓS SOIS TODOS IRMÃOS!

  1. Nós, Bispos da Igreja Católica do Estado do Rio de Janeiro, sensíveis a tantas vidas ceifadas no Brasil e no nosso Estado, preocupados pelo clima de violência generalizada que assola a nossa sociedade por atingir particularmente os mais pobres e desprotegidos, reunidos com nossos fiéis na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro junto com representantes de outras Igrejas cristãs, de outros caminhos de fé e entidades da sociedade civil organizada, apresentamos hoje a Campanha da Fraternidade 2018.
  2. Conclamamos todos os fiéis cristãos, o clero, religiosos(as) e todos os homens e mulheres de boa vontade a iniciarmos uma nova e urgente travessia de conversão, abordando o tema: FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA. Para inspirar-nos, ressoa em nossos ouvidos e corações a palavra de Jesus: “Vós sois todos irmãos!”(Mt 23,8).
  3. Tal irmandade encontra fundamento já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura. O autor sagrado descreve a superação do caos inicial por uma fraternidade envolvente, universal e cósmica. Experimentava-se harmonia e ternura fraterna, amizade e comunhão: tudo era muito bom (cf. Gn 1,31)! Era o sonho de uma vida plena e feliz realizando-se em cada uma das criaturas. Contudo, rupturas e violências modificaram todo esse cená
  4. A pretensão de ser como Deus e o sangue inocente de Abel derramado por Caim marcaram o início de um ciclo de maldades que chegou até o presente momento da humanidade. Pois, repetidas vezes constatamos, presenciamos e experimentamos atos de violência e de morte. Como outrora no paraíso violado pelo ódio e o desamor, hoje também do chão do nosso Estado do Rio de Janeiro, eleva-se ao céu um clamor pela superação da violência e o cuidado pela vida. E o Pai nos interpela: “Onde está o teu irmão?” (Gn 4,9)
  5. Bem sabemos que as variadas faces da violência resultam de múltiplos fatores, em cuja raiz está o pecado, gerador de todos os males, dentre os quais encontram-se a injustiça social e o desrespeito à vida, que, neste momento da história brasileira, manifestam-se acentuados e palpáveis. Por isso, proclamamos que a paz é fruto da justiça (cf. Is 32,17)! Reiteramos que o fim da violência passa pelo exercício da cidadania na organização da sociedade e pelo compromisso de honestidade de cada cidadão. Passa também pelo cultivo de uma nova maneira de olhar o mundo, promovendo uma cultura de paz que ajude a superar extremismos, evitar polarizações e ressignificar sentimentos e comportamentos.
  6. A cada ano, durante o tempo da Quaresma, a Igreja Católica propõe aos seus fiéis, e a todos quantos queiram aderir, a Campanha da Fraternidade, chamando a uma conversão que reoriente nossa existência em âmbito pessoal, comunitário e social. É o tempo de preparação à Páscoa do Senhor, que deu livremente a sua vida para nos libertar da morte. Ele é a nossa Paz (Ef. 2,14) e proclama bem-aventurados os que promovem a paz (cf. Mt 5,14).
  7. Assim, nós, Bispos do Regional Leste1 da CNBB, com voz forte e amor pastoral, e para que a superação da violência se faça verdade no meio de nós, em nome de Cristo, anunciamos: “Vós sois todos irmãos!”
  8. E ao nosso Pai comum roguemos pelo fim da injustiça que gera violência e pela construção de um mundo de paz:
  • Pela vida das crianças e adolescentes: clamamos, Senhor!
  • Pela juventude seduzida pelo nefasto tráfico de drogas: clamamos, Senhor!
  • Pelos pais e mães que choram a morte violenta de seus filhos e filhas: clamamos, Senhor!
  • Pelas mulheres violentadas e pelo fim do feminicídio: clamamos, Senhor!
  • Pelas vítimas de qualquer tipo de discriminação que existe na sociedade: clamamos, Senhor!
  • Pelos profissionais da segurança assassinados: clamamos, Senhor!
  • Pelos trabalhadores explorados na cidade e no campo: clamamos, Senhor!
  • Pela dignidade e a salvaguarda dos direitos dos indígenas e quilombolas: clamamos, Senhor!
  • Pela superação da intolerância religiosa praticada contra todos os credos: clamamos, Senhor!
  • Pela inclusão social de todas as pessoas exploradas e marginalizadas: clamamos, Senhor!
  • Pela superação de todas as formas de violência e corrupção: clamamos, Senhor!
  • Por uma cultura do encontro, do diálogo, da fraternidade e da paz: clamamos, Senhor!

Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2018

 

Fonte: CNBB

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