Dom Vicente Costa, Bispo Diocesano de Jundiaí, esteve em Pemba (Moçambique) para uma Visita Pastoral Missionária, entre os dias 30 de maio a 10 de junho. Acompanhado dos padres José Roberto de Oliveira e Norberto Savieto, ambos do clero diocesano de Jundiaí, eles visitaram o padre Adriano Ferreira Rodrigues que se encontra em missão naquele país desde janeiro de 2018, pelo Projeto do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Leia na íntegra o artigo:
“Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19).
Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:
Neste ano, quando a Igreja celebrará no próximo mês de outubro o Mês Missionário Extraordinário com o tema: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”, a fim de que toda a Igreja sinta um novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações, visitei a Diocese de Pemba, no país de Moçambique, na África. Realizei esta viagem nos dias 29 de maio a 08 de junho, na companhia dos Padres Norberto Savietto e José Roberto de Oliveira. A ação missionária, particularmente a missão ad gentes, isto é, além-fronteiras, fora dos limites das nossas Igrejas Particulares, deve sempre ser central na comunidade dos discípulos missionários de Jesus Cristo, “de modo que todos os fiéis tenham verdadeiramente a peito o anúncio do Evangelho e a transformação das suas comunidades em realidades missionárias e evangelizadoras; e aumente o amor pela missão, que ‘é uma paixão por Jesus e, simultaneamente, uma paixão pelo seu povo’” (Carta do Papa Francisco ao Cardeal Filoni − 22/10/2017).
Graças a Deus, nossa querida e amada Igreja Particular de Jundiaí tem vários missionários e missionárias que vivem sua vocação missionária fora de nossa Diocese e do nosso país. São vários presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, cristãos leigos e leigas.
Na celebração eucarística do Ano Jubilar de nossa Diocese, no dia 18 de agosto de 2017, realizada na Catedral e presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Giovanni d’Aniello, atendendo aos apelos do Regional Sul 1 (as 41 [Arqui]dioceses e 6 Regiões Episcopais, divididas por 8 Sub-Regiões Pastorais do Estado de São Paulo), a Diocese enviou Padre Adriano Ferreira Rodrigues para a missão no continente africano. Passados quase dois anos e no espírito do Mês Extraordinário Missionário a ser vivido neste ano, quis levar ao Padre Adriano o consolo, o ânimo e solidariedade em nome de todos os diocesanos. Foi realmente uma viagem missionária que marcou profundamente a nossa memória e o nosso coração.
Padre Adriano Ferreira Rodrigues atua na Paróquia Cristo Rei, de Metoro, formada por 53 comunidades, organizadas em 12 zonas pastorais e divididas em 4 áreas pastorais. O que mais nos impressionou foi a extrema miséria do povo. A maioria vive em palhotas, feitas com bambus, pequenas pedras, barro e cobertas de palha. Dentro não há nenhum móvel: a comida se faz fora, em cima de pedras e lenha. Não há água encanada, sendo que as mulheres e as meninas são obrigadas a andar muito em busca da água, em poços ou rios, e tampouco há eletricidade e sistema de esgoto. Mesmo assim, o povo vive feliz e sereno, e é muito alegre e hospitaleiro. Impressionam as cores vibrantes dos lenços das mulheres, feitos de tecidos coloridos, chamados de “capulanas”. Usam-nos na cabeça, para proteger do sol; do impacto dos materiais que transportam, geralmente, baldes com água; à cinta, a fazer de saia, ou às costas, para carregar as crianças. As celebrações litúrgicas, geralmente bastante longas, são marcadas por muita alegria, vibração, canto e dança. Por exemplo, a missa dominical que celebrei no dia 02 de junho, reunindo 12 comunidades paroquiais, com muita gente sentada debaixo da sombra das árvores, durou mais de cinco horas. Celebrei 28 batismos, 108 crismas, 3 matrimônios e 180 Primeiras Eucaristias, além de dezenas de confissões. Já na Missa celebrada pelos Padres Norberto Savietto e José Roberto de Oliveira, em outra localidade da Paróquia, 6 comunidades paroquiais, foram realizados 11 batismos, 3 matrimônios e 20 Primeiras Eucaristias. É realmente uma terra de missão! Nas celebrações existe o problema da língua, pois apesar de a língua oficial de Moçambique ser a portuguesa, muitos não a entendem, e são falados outros dialetos como a “macua” e o “maconde”. Neste caso, sempre é necessário um tradutor, geralmente um catequista.
Queridos irmãos diocesanos: supliquemos ao Espírito Santo, fonte da missão, que desperte na Igreja Diocesana de Jundiaí maior consciência da missão ad gentes, isto é, uma Igreja aberta aos apelos e às necessidades de todos os povos e nações! Não podemos viver voltados para nós mesmos, para nossas próprias coisas, nosso próprio bem-estar. Estejamos sempre dispostos a sair, a ir além de nós mesmos, ir além das fronteiras, sejam geográficas, de formação, culturais… É preciso ir ao encontro daqueles que estão à margem, daqueles que ainda não ouviram falar de Jesus ou ainda não descobriram a imensa alegria de partilhar de sua amizade e de sua vida íntima. Deste modo, seremos discípulos apaixonados e missionários ardorosos de Jesus, batalhando para que todos tenham uma vida digna, e, com isso, acabaremos nos sentindo vivos, alegres e realizados por estarmos servindo e amando, pois só assim se vive o projeto de Jesus.
“Salama!”, como dizem os moçambicanos. “Salama” é uma fórmula de saudação e de expressar querer muito bem um ao outro. E que Deus abençoe a todos.