Bendita és tu!

                “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” Foi o grito de alegria que brotou de Isabel ao se encontrar com Maria, a mãe do Salvador. O evangelho do quarto domingo do Advento (Lucas 1,39-45) relata a visita de Maria a Isabel marcado pelo acolhimento, a escuta e a alegria. O encontro foi proporcionado por Deus, pois Maria e Isabel se dispuseram para realizar a vontade Dele. Traziam em seus ventres João Batista e Jesus frutos da fé. Um encontro onde as personagens são movidas pelo Espírito Santo. Um encontro marcado pela comunhão da humanidade com a divindade, um encontro de cumprimento das profecias.

                Isabel reconhece que Maria é bendita, como também é bendito o fruto do ventre. Por que Maria é bendita, isto é, abençoada? O que é uma bênção? Qual a origem? A Introdução Geral ao Ritual de Bênçãos da Igreja nos faz compreender melhor o grito de exclamação – bendita – que sai da boca de Isabel quando “ficou cheia do Espírito Santo” (Lc, 1,41).

                A introdução ao ritual recorda como aconteceu a bênção na história da salvação. “Fonte e origem de toda bênção é Deus, bendito acima de tudo (Rm 9,5), o Deus de bondade, que fez todas as coisas cobrir de bênçãos as suas criaturas, e que sempre as abençoou, mesmo depois da queda do homem, em sinal de misericórdia”.  Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou Jesus para, “por meio dele, que se fez homem, de novo abençoar os homens com toda sorte de bênçãos espirituais” (Gl 4,4). Jesus Cristo é a “benção máxima de Deus Pai”. O Evangelho relata Jesus abençoando, principalmente os humildes e eleva orações de bênção. A obra da bênção continua pela ação do Espírito Santo.

                “Quando Deus abençoa, por si mesmo ou por meio dos homens, o que está em jogo sempre é a promessa do seu auxílio, o anúncio de sua graça e a proclamação de sua fidelidade ao pacto feito. E, quando os homens bendizem, é o louvor àquele a quem declaram bom e misericordioso”.

                “Na verdade Deus dá sua bênção ao homem, comunicando ou anunciando sua bondade. Os homens bendizem a Deus elevando louvores, dando graças, prestando o culto de piedade e obediência; e abençoam outros homens invocando o auxílio divino sobre cada um ou sobre o grupo reunido. Conforme o testemunho da Sagrada Escritura, todas as coisas que Deus criou (…) representam sua bênção e servem para levar os homens e bendizê-lo”.

                “Sem dúvida, as bênçãos, como atos de bendizer, referem-se em primeiro lugar e principalmente a Deus, cuja grandeza e bondade exaltam; mas porque comunicam benefícios divinos, elas visam aos homens , que Deus governa e protege com providência; finalmente, as bênçãos se dirigem também às coisas criadas, com que Deus abençoa os homens de modo abundante e variado”.

                A Igreja recebeu o mandato do Salvador de continuar a sua obra. Recebeu o dom de abençoar e ser um sinal de Deus no mundo. A Igreja instituiu muitas formas para abençoar pessoas, prédios e obras, lugares, objetos para o uso litúrgico e devocional, objetos de trabalho, plantações e animais. Todas as bênçãos dadas pela Igreja, “na condição de sinais”, são dependentes da “palavra de Deus e celebradas sob a ação da fé”.

                Maria é bendita por ser abençoada por Deus. É bendita por ter permitido que Deus realizasse a sua obra de salvação através dela. Ela tornou-se portadora de bênção para Isabel, para a humanidade de todos os tempos.

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    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

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