Bem-aventurados os que acreditaram no Ressuscitado!

    A liturgia deste domingo põe em relevo o papel da comunidade cristã como espaço privilegiado de encontro com Jesus Ressuscitado.

    Depois de Ressuscitar, Jesus apareceu aos seus discípulos como jardineiro, pescador, peregrino. Neste domingo ele aparece na forma de comunidade eclesial. Na primeira vez em que o Senhor Ressuscitado aparece aos onze apóstolos, Tomé não se encontrava presente. Portanto, Tomé não vê o Senhor Ressuscitado, não recebe o Divino Espírito Santo, não se alegra com os seus irmãos apóstolos. Quando toda a comunidade dos apóstolos lhe narra o ocorrido, Tomé não consegue acreditar. Se ele não estiver presente, se não experimentar, não vai acreditar. Não é difícil nos identificarmos com a reação de Tomé, porque também nós muitas vezes não aceitamos crer sem ver. E o que faz Jesus? Aparece a Tomé, não para satisfazer seus caprichos, mas para ensinar-lhe uma lição: “Creste por que me viste? Bem-aventurados os que creram sem ter visto”(cf. Jo 20,29). Bem-aventurados os que creram no testemunho dos apóstolos, no testemunho da comunidade, daqueles que viram Jesus. Nenhum de nós, nos dias de hoje, viu Jesus como aos apóstolos viram. Mas, por crermos no que eles viram, somos mais felizes que São Tomé, porque nossa fé transforma a comunidade paroquial – cada um de seus irmãos e irmãs – na própria pessoa de Cristo Ressuscitado. Por isso demos graças a Deus por crermos que Jesus está aqui presente nesta assembleia orante.

    O Evangelho(cf. Jo 20,19-31) sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.

    A segunda leitura(cf Ap 1,9-11a.12-13.17-19) insiste no motivo da centralidade de Jesus como referência fundamental da comunidade cristã: apresenta-O a caminhar lado a lado com a sua Igreja nos caminhos da história e sugere que é n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova de Deus.

    A primeira leitura(cf. At 5,12-16) sugere que a comunidade cristã continua no mundo a missão salvadora e libertadora de Jesus; e quando ela é capaz de o fazer, está a dar testemunho desse Cristo vivo que continua a apresentar uma proposta de redenção para os homens.

    Nosso Senhor Jesus Cristo não promete a paz do comodismo, mas pelo contrário, envia os seus discípulos na missão árdua em favor do Reino, mas promete o Shalom, pois o Senhor nunca abandonará quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus. Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida; Jesus os recria com o Espírito Santo.

    Nós devemos acreditar no Cristo Ressuscitado contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a vida do que a morte, o Shalom do que a prepotência! Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vai nos dar essa firmeza. O Apóstolo Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé, Sl 35,23. No primeiro capítulo do Evangelho de João, os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem ele era; aqui Tomé lhe dá o título final e definitivo – Jesus é Senhor e Deus! Como Príncipe da Paz, Jesus Ressuscitado é o Senhor, está vivo, por isso não cansamos de rezar: O Senhor esteja convosco: Respondemos Ele está no meio de nós! Testemunhemos esta verdade!

     

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