Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça

    Deste modo Jesus proclama a oitava Bem-aventurança: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque o reino dos céus é para eles”. Nesta beatitude estão incluídos todos os que praticam qualquer virtude e por causa ela são objeto de perseguição. São os que fazem o bem e vivem intensamente a lei de Deus. Estes são uma proclamação profética do Reino eterno de Deus e sua vida é uma contradição viva a todas as ilusões mundanas. Disto resulta uma luta interior e exterior. Batalha interior diante de tudo que as aliciações satânicas falsamente prometem e perante as quais é preciso perseverança invencível. Lutas exteriores dado que a fidelidade a Cristo é combatida de mil formas, estando, por exemplo, em nossos dias a serviço do mal os meios de comunicação social com tantas mensagens deletérias visando desmoralizar o Evangelho. Jesus, porém, alertou: “Surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos E, por se ter multiplicado a iniquidade esfriar-se-á a caridade de muitos. Mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 24,11-14). A conformidade com a vontade de Deus torna o cristão um justo, aquele que almeja o Reino dos Céus por causa do qual são perseguidos. Portanto, esta justiça a que se refere Jesus nesta bem-aventurança não  é nem a justiça escatológica que consistirá no triunfo definitivo do bem e dos bons oprimidos, nem a justiça transcendente de Deus que se manifestará no juízo final com o castigo dos perversos e a glorificação dos probos. Trata da observância constante dos mandamentos da lei divina, da perfeição moral cristã que leva a conformar-se com a vontade profunda de Deus. Na trajetória dos justos, porém, estão armadas todas as ciladas dos insensatos, resultado da tirania dos embustes diabólicos. Felizes, contudo, os que não se deixam enredar por tudo isto por causa da justiça do Reino de Deus. A vida dos justos está nas mãos de seu Senhor e eles não sucumbem perante os ataques dos maus. O justo tudo suporta porque sua existência se firma nos valores essenciais que emanam do Criador ao qual dão uma adesão inabalável, sustentados pela graça de seu Senhor. O que procura a justiça de Deus se torna assim um mártir, ou seja, aquele que testemunha e mostra que a felicidade só se encontra no cumprimento dos preceitos dados pelo Ser Supremo. Este testemunho deve durar até a morte e isto exige determinação, coragem sem tréguas. Trata-se de uma tomada de posição consciente baseada na fé, no sentido profundo da vida cristã. Isto leva ao confronto com a mentalidade mundana que busca prazeres transitórios e menoscaba a doutrina pregada pelo Filho de Deus. Extraordinária precisa ser a determinação do seguidor de Cristo.  É uma direção na vida contrária aos ditames das paixões e desordens morais daqueles que não creem na vida eterna. Claras as palavras de Jesus: “Se o mundo vos odeia, ficai sabendo que, primeiro do que a vós, odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu, mas, porque não sois do mundo, ao contrário, eu vos separei do meio do mundo, por isso é que o mundo vos odeia (,,,) Se perseguiram a mim, também a vós hão de perseguir” (Jo 15,18-20).. A Timóteo, que enfrentava perseguições, afirmou São Paulo: “Todos aqueles que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tim 3,12). A perseguição às vezes é sutil, disfarçada, hipócrita, como também  pode ser até violenta e são muitos os que sofrem por ostentar o nome de cristão ou por adotar um comportamento exemplar, execrando as injustiças ou práticas éticas condenáveis. Viver uma vida justa é insuportável aos injustos. Os justos são essencialmente diferentes daqueles que vivem segundo suas aberrações éticas. Há nos justos algo que condena o erro, a desordem. O cristão autêntico é aquele que repete com  São Paulo: “Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim” (Gl 2,20) e porque o mundo vê nele Jesus, o mundo e seus sequazes o perseguem. O mesmo Apóstolo advertiu: “As tendências da carne são inimigas de Deus (Lc 6,26). O justo ostenta as disposições do Espírito e, por isto exercem em tudo a justiça e os injustos o têm como inimigo.

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