Aumenta a nossa fé

             A liturgia deste 27º. Domingo do Tempo Comum nos apresenta a realidade da fé. Surge a súplica dos Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” (Cf. Lc 17,5) E Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”(Cf. Lc 17,6). É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva, convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão humana. Jesus quer educar os seus discípulos numa fé sem incertezas nem vacilações, numa fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, a tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo nas dificuldades mais árduas e difíceis.

              Peçamos ao Senhor uma fé firme que reanime o nosso amor e nos faça superar as nossas fraquezas, a fim de sermos testemunhas vivas no lugar em que se desenvolve a nossa vida. Que força comunica a fé! Com ela superamos os obstáculos de um ambiente adverso e as dificuldades pessoais, que com muita frequência são mais difíceis de vencer.

              Crer não é compreender tudo. O profeta, que fala em nome de Deus, nem mesmo ele compreende totalmente o agir de Deus, e se angustia, e pergunta, e chora: “Senhor, por que ages assim? Por que teus caminhos nos escapam deste modo?” A verdade é que a fé não é uma realidade quieta e pacífica! O próprio Jesus adverte que somente os violentos conquistam o Reino dos céus (cf. Mt 11,12s); somente aqueles que lutam, que teimam em acreditar! A fé é uma realidade que sangra, sangra na dor de tantas perguntas sem resposta, sangra pelo sofrimento do inocente, pela vitória dos maus, pelo mal presente em tantas dimensões da nossa vida… E Deus parece calar-se!

              A resposta de Deus a Habacuc (Cf. Hab 1,2-3;2-4) não explica, mas convida a crer novamente, a abandonar-se novamente, a teimar na perseverança: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé!” (Cf. Hab 2,4) Deus nos convida sempre à confiança renovada, ao abandono em suas mãos. Quem não é correto, quem não se entrega nas mãos do Senhor, perderá a fé, secará a sua amizade com Deus… mas o justo, o amigo de Deus, viverá, permanecerá firme pela sua fé total e confiante. O justo vive da fé! É isto que é tão difícil para o homem de hoje, que tudo deseja enquadrar na sua razão e, quando não enquadra, se revolta e dá as costas a Deus e, assim, termina morrendo… porque viver sem Deus é a pior das mortes, o maior dos absurdos! O justo vive da fé, vive na fé, vive abandonado nas mãos do Senhor, como dizem as palavras da Antífona de Entrada, que o missal coloca para a liturgia de hoje: “Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra, e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo!” (Est 13, 9.10-11).

              No Evangelho (Cf. Lc 17,5-10), escutamos os discípulos do Evangelho, que pedem: “Aumenta a nossa fé!” (Cf. Lc 17,5) E Jesus responde – a eles e a nós“Se vós tivésseis fé (em mim), mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ela vos obedeceria”(Cf. Lc 17,6-7). Ou seja: se crermos de verdade naquele amor que se manifestou até a cruz, se crermos – aconteça o que acontecer – que Deus nos ama a ponto de entregar o seu Filho, teremos a força de enfrentar todas as noites com a sua luz, todos os pecados com a sua graça, todas as mortes com a sua vida! Mas, se não crermos, pereceremos… O que o Senhor espera dos seus servos é esta fé total, incondicional, pobre e amorosa! É o que o Senhor espera de nós. Mas, o que fazemos? Queremos recompensas, provas, certezas lógicas!         Peçamos insistentemente ao Senhor que aumente a nossa fé e não descuidemos esse tesouro. Cremos em Deus e lutamos pelo bem da humanidade e de cada pessoa que temos ao nosso lado, conscientes de que podemos e devemos oferecer aos nossos amigos o nosso tesouro, o que mais vale: a fé em Deus, a amizade com Cristo, o sentido para a vida e… para a morte.

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