Istambul (Agência Fides) – Expoentes da comunidade armênia apostólica da Turquia expressaram uma nítida crítica à carta enviada pelo Patriarcado ao Presidente turco Recep Tayyip Erdogan em relação ao voto expresso pelo Parlamento alemão, que em 2 de junho passado reconheceu os massacres sistemáticos de armênios perpetrados na Anatólia em 1915 como “Genocídio”.
Após a violenta reação de Erdogan (com sutis ameaças de expulsão dos armênios residentes na Turquia) à resolução aprovada pelo Bundestag, o Arcebispo apostólico Aram Atesyan – Vigário patriarcal que exerce as funções de Patriarca, que sofre uma grave patologia – havia enviado uma carta ao Presidente turco em que expressava “a sua tristeza e a do povo armênio” pela resolução votada pelo Parlamento alemão, definindo-a como uma tentativa de utilizar as tragédias do povo armênio para interesses de “política internacional”.
Poucos dias depois, o semanário bilíngue armênio-turco Agos, publicado na Turquia, divulgou uma longa carta assinada pela “Comunidade armênia da Turquia”, que expressa “vergonha, raiva e dor” pelos temas e tons usados na carta do Arcebispo Atesyan a Erdogan. “O senhor – consta na carta, cujo texto foi recebido pela Agência Fides – define a eliminação sistemática e quase total de um povo – por obra de um Estado, como ‘eventos que se verificaram durante as trágicas horas da primeira guerra mundial’. Isto representa uma afronta para os antepassados, para as vítimas e para os sobreviventes aos olhos da sociedade da qual vocês pertencem”.
Em 2008, o Patriarca armênio de Istambul, Mesrob II, adoeceu de Mal de Alzheimer e rapidamente ficou reduzido ao estado vegetativo. Segundo as leis turcas, o cargo de Patriarca é vitalício, e um novo Patriarca armênio não pode ser eleito até que o predecessor esteja vivo. Desde 2008, para a administração ordinária do Patriarcado, o Arcebispo Aram Atesyan exerce as funções patriarcais, por ser o Vigário patriarcal.
Fonte: Agência Fides