ARTIGO ABORDA O PROCESSO COMUNICATIVO DOS DOCUMENTOS CONCLUSIVOS DAS CONFERÊNCIAS GERAIS DO CELAM

“Comunicação para Transformação Social nos Documentos Conclusivos das Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM)” é o tema de um artigo de autoria de Ricardo Costa Alvarenga, doutorando e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

O artigo traz uma importante análise sobre como através dos documentos conclusivos das Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam) pode-se traçar um itinerário formativo e reflexivo da Igreja na América Latina acerca do tema da Comunicação 

O texto de Ricardo Alvarenga foi inclusive tema de estudo por parte do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na última sexta-feira, em uma reunião online. Sua relatoria ficou a cargo da Andreia Gripp, membro do Grecom.

Nele, o autor apresenta as interpretações dos documentos conclusivos do Celam, tendo como ponto de partida o entendimento de que “a Comunicação pode gerar impacto e transformação positiva na sociedade”. O pesquisador passa a apresentar os pontos de destaque nas quatro Conferências Gerais: Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992), Aparecida (2007).

Ricardo Costa Alvarenga

Alvarenga constatou que a menção à comunicação comunitária aparece nos quatro documentos, demonstrando uma preocupação com o desenvolvimento das comunidades de base e dos processos comunicacionais em seu interior, que se bem articulados poderiam favorecer ao crescimento pastoral das mesmas, bem como inseri-las num contexto de diálogo social mais amplo, para além dos muros das paróquias, na conquista e na defesa de direitos fundamentais da pessoa humana na sociedade, com olhar crítico da realidade e com o protagonismo dos fiéis.

É um princípio permanente para a Igreja a valorização do humano, que diante dos sinais dos tempos, como são os meios de comunicação, precisa ser reproposto e ampliado. Reconhece-se, assim, a importância das mídias e a necessidade de utilizá-las pastoralmente, em todos os níveis da ação.

Outra constatação apresentada pelo autor, a partir de uma reflexão de Pedro Gilberto Gomes, é que esse núcleo de pensamento ressalta a noção de que a “comunicação não pode ser realizada de maneira impositiva, vir de cima, autoritariamente. Ao contrário, deve acontecer a partir da vida do povo”.

A educação para a comunicação é um tema que toca tanto os documentos do Magistério universal, como os do Celam, com uma acentuação importantíssima apontada por Alvarenga: promover o melhor uso dos meios, a partir da formação de uma consciência crítica, o que torna as pessoas corresponsáveis pela missão, promovendo o engajamento nas lutas sociais em prol de uma libertação dos sistemas de opressão.

O Celam, afirma o pesquisador, apresenta um apontamento ainda mais radical: o de promover “uma comunicação com o foco no povo.” Não uma educação para a comunicação instrumentalista; mas, sim, libertadora. Desta forma, afirma o autor, a comunicação se torna uma ferramenta de transformação social e um elemento de fortalecimento da organização popular.

Ricardo Alvarenga conduz, a partir dessa constatação, ao terceiro ponto de unidade entre os textos do Celam: a preocupação com os processos de democratização e descentralização dos meios de comunicação. Um passo que, segundo ele, só é possível de ser dado se, antes, houver uma educação a respeito do direito social à informação. Importantíssimo ponto de debate, que supõe a formação de uma consciência crítica sobre os fenômenos da sociedade. Só assim se poderá consumir com maior criticidade os produtos de comunicação e exercer plenamente a liberdade de expressão.

O pesquisador chama ainda a atenção acerca do debate a respeito dos sistemas de comunicação que os documentos do Celam promovem. A concentração dos meios de comunicação tradicionais nas mãos das elites aumentam e promovem ainda mais a desigualdade.

Por fim, uma chamada de atenção acerca do globalização, que precisa ter seus processos revistos: é preciso construir uma globalização mais humana, menos excludente e elitista.

Ricardo Alvarenga explicita, ainda, em seu texto que o fato de apresentarem um olhar crítico acerca do processo comunicacional nas Igrejas e pelas Igrejas Latino-Americanas e do Caribe, não significa que os membros reunidos nas Conferências Gerais deixam de reconhecer o importante papel dos meios de comunicação para a promoção da justiça e transformação social. E é justamente por conta desse reconhecimento que desenvolvem um pensamento profundo acerca de sua utilização, assumindo a missão de formar comunicadores que sejam agentes de transformação social e promoção da pessoa humana.

Confira o artigo de Ricardo Alvarenga na íntegra (AQUI).

CNBB com colaboração de Andreia Gripp, membro do Grecom

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