Arcebispo de Manaus e ex-secretário-geral da CNBB leva conforto a famílias em luto

A cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, tem vivido um caos sanitário por casos da Covid-19. O estado atingiu 89% de taxa de ocupação dos leitos de UTI e registra 5.723 casos confirmados da doença, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) atualizados na manhã deste sábado, 2 de maio. Somente nesta sexta-feira, 1 de maio, foram 469 novos casos e 51 mortes num período de 24 horas, elevando para 476 o total de mortes.

Foto: Arquidiocese de Manaus

Diante dessa realidade, o arcebispo metropolitano de Manaus (AM), dom Leonardo Steiner, esteve no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, Tarumã, nesta sexta para levar bênção aos mortos e palavras de conforto aos familiares.

“A única palavra que nós temos é esperança e a palavra que eu sempre acrescento – fé. Quanta dor pude sentir no cemitério. As pessoas quase não conseguem falar. Vejam, apenas cinco pessoas podem acompanhar o enterro. Isso é muito sofrimento, muito doído”, destacou o arcebispo.

Por causa da pandemia, os enterros estão sendo realizados sem velório e com a presença de no máximo cinco pessoas da família. Em virtude disso, a partir deste sábado, a Arquidiocese de Manaus passa a fazer uma escala para que padres e diáconos, que não estejam no grupo de risco, possam ser a presença da Igreja e abençoar os corpos que serão enterrados.

Foto: Arquidiocese de Manaus

Segundo dom Leonardo, apesar de tentar dar uma palavra de conforto ou conversar com os familiares para poder expressar afeto, proximidade, as pessoas não conseguem falar.

“Mesmo depois, voltando do momento do enterro, as pessoas passam em silêncio pela gente. A gente diz: ‘Deus abençoe’, elas olham e não respondem e aqui nós sabemos que as pessoas respondem com toda facilidade, com toda familiaridade. Então é um momento de muita dor”, relatou.

No último domingo (26), Manaus registrou o maior número de enterros feitos desde o início da pandemia do novo coronavírus. Segundo a Prefeitura, só na capital foram 140 sepultamentos e duas cremações em 24 horas registrados só na capital, segundo a prefeitura.

As pessoas saem do momento de oração e só dizem amém e continuam seu caminho. E quando eu digo ‘olha não esqueça de avisar o padre do falecimento e peça para rezar a missa de sétimo dia’, elas olham para gente com olhar de gratidão. Não vem palavras. Então, é um momento de muito sofrimento e esse sofrimento vem devido às notícias, e as notícias que nós temos não são notícias boas. A notícia boa que nós temos é a solidariedade que encontramos no povo de Manaus, uma solidariedade extraordinária”, disse dom Leonardo.

Foto: Arquidiocese de Manaus

Dom Leonardo também abençoou os trabalhadores do cemitério dizendo palavras de gratidão por estarem exercendo seus serviços, que são essenciais. Segundo a Arquidiocese, a presença do arcebispo no Cemitério Nossa Senhora Aparecida foi uma grata surpresa aos familiares que lá estavam para enterrar o ente querido. 

“Nós temos conseguido ajudar tantas pessoas através da solidariedade. De um lado existe a dor e por outro lado existe uma solidariedade, eu diria usando uma palavra do Evangelho. Existe o mandamento do amor: amai-vos como eu vos ameis”, ressaltou Dom Leonardo.

Por conta do colapso, o Ministério da Saúde convida os profissionais de saúde de todo país a reforçarem o combate à Covid-19 no estado do Amazonas. A contratação será por meio do ‘Brasil Conta Comigo’. Segundo o ministério, para Manaus, por exemplo, foram solicitados 581 profissionais. A maior necessidade do estado é de médicos.

No Brasil, segundo a última atualização do Ministério da Saúde, na sexta-feira (1), foram 91.589 casos da Covid-19 confirmados e 6.329 óbitos. Os dados mostram ainda que 47.221 estão em acompanhamento, 1.642 óbitos em investigação e 38.039 casos recuperados.

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