AQUELE QUE HÁ DE VIR

                Falar em retorno de um messias nos tempos de hoje soa como um sonho frustrado de fanáticos religiosos. O cristianismo está dentro desse sonho. Nele a fé cristã se perde em sua razão de ser, ou mesmo em sua possibilidade de vencer o pragmatismo do mundo moderno, a racionalidade da ciência que bem dominamos. Vai contra a corrente da lógica. Quer queira ou não, essa doutrina nasceu da vinda e das promessas de um homem reconhecido como o Messias, que venceu a morte e prometeu voltar. A pergunta era: és tu ou vamos esperar outro? Suas obras, apresentadas por Ele mesmo, eram as provas de sua origem divina. Seu retorno, a coroação de tudo o que fez e continua a fazer através dos tempos. Deixou-nos uma promessa de retorno para coroar sua missão. Voltará!

                Mas quando? “Não sabeis nem o dia, nem a hora”. Esse mistério, apesar de contrário às nossas lógicas, é o cerne da esperança cristã. Não o fim, como muitos imaginam, mas o início de um novo tempo, um novo ciclo de uma história humana que se constrói paulatinamente, a partir do amadurecimento da nossa espiritualidade e da compreensão cada fez maior de que não somos apenas seres biológicos, mas também racionais e especialmente espirituais. Essa tomada de consciência é que nos abre a possibilidade de uma crença maior do que nossa limitada visão prática e racional. Somos muito mais do que pensamos ser. A grandiosidade do nosso humanismo vai além do mundinho limitado e tangível que ocupamos neste ínfimo planeta de um sistema muito maior, um universo quase infindo, um cosmo sem limites.

                Neste aspecto, a parusia cristã (o retorno do Cristo), torna-se uma possibilidade até natural, posto que a evolução tecnológica e cultural abre janelas para a compreensão de que um dia encontraremos a perfeição. E a fé nos ensina: a Perfeição é Deus! Quando nos depararmos com essa possibilidade, estaremos atingindo o clímax de uma história evolutiva, o ápice de uma odisseia ainda escrita com o cinzel da incompreensão e a caligrafia de aprendizes na etapa pré-escolar da vida. A evolução há de nos apontar um caminho novo e será coroada com a glorificação das promessas que Cristo nos fez. “Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim” (Mt 11,6). Feliz aquele que acredita em minhas palavras, que confia em minhas promessas, que prepara os caminhos para a vinda de um novo tempo, que acredita em uma ressurreição de tudo, de todos, através da remissão da culpa, do pecado, das frustrações… Feliz todo aquele que ainda acredita numa vida nova, num mundo novo, num novo tempo? Essa é a essência da fé cristã. E nisso que acredita o cristão, apesar das contradições que ainda nos cercam, dos atentados contra nossa integridade física, moral e espiritual. Aqui estamos de passagem! A realidade é maior do que as aparentes limitações da vida. E Cristo, em seu retorno final, virá apenas glorificar-nos como o fez com seu mensageiro que sofria na prisão dos homens: “… de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista”.

                “No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele” (Mt 11,11). Essa é nossa prova dos nove. A glorificação humana, nos tempos finais, se dará na avaliação de nossa humildade perante os mistérios. Nunca na arrogância de nossos conhecimentos, de nossa sabedoria. Definitivamente, o Reino de Deus pertence aos simples, àqueles que acreditam em suas palavras com o coração manso e humilde. Simples assim!

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