A situação nacional está passando por graves turbulências, que ameaçam a estabilidade das instituições.
Como em tantos outros momentos, nestas últimas décadas de nossa história brasileira, a posição da CNBB serviu de referência, seja para apontar a gravidade das situações vividas, seja para lembrar critérios iluminadores dos procedimentos a empreender.
Desta vez, a própria CNBB declara que “acompanha, com apreensão e senso de corresponsabilidade, a grave crise política e econômica que atinge o país”.
Após reiterar que sua intenção não é tomar partido, mas de zelar pelo bem comum, “a CNBB levanta sua voz para colaborar, fazendo chegar aos responsáveis o grito de dor desta nação atribulada, a fim de cessarem as hostilidades e não se permitir qualquer risco de desrespeito à ordem constitucional”
Prosseguindo, a CNBB adverte sobre o perigo dos atores políticos agirem sob o impulso da paixão, recomendando que “Nenhuma decisão seja tomada sob o impulso da paixão política ou ideológica.”
Afirma que o bem comum de todo o povo deve sempre se sobrepor aos interesses particulares: “Os direitos democráticos e, sobretudo, a defesa do bem comum do povo brasileiro devem estar acima de interesses particulares de partidos ou de quaisquer outras corporações”
. Reafirma a importância de combater a corrupção dizendo: “É urgente resgatar a ética na política e a paz social, através do combate à corrupção, com rigor e imparcialidade, de acordo com os ditames da lei e as exigências da justiça”
Por fim, apela para o diálogo, citando as palavras cheias de utopia do Papa Francisco, que animam a estender a mão a todos, para abrir caminho para o perdão e a reconciliação:
“Para preservar e promover a democracia, apelamos para o diálogo e para a serenidade. Repudiamos o recurso à violência e à agressividade nas diferentes manifestações sobre a vida política do país, e a todos exortamos com as palavras do Papa Francisco: “naquele que, hoje, considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão”.
É muito duvidoso que este apelo da CNBB repercuta nos ânimos exaltados dos parlamentares que estão discutindo uma iniciativa que padece de um vício de origem, que contamina todo seu procedimento.
O acatamento do processo de impedimento, tem uma indiscutível conotação de represália, com claro espírito vingativo. Desta maneira, se tenta submeter todo o parlamento a interesses pessoais.
Nestas circunstâncias, cabe a cada parlamentar demonstrar sua liberdade, e agir de acordo com os interesses da nação, e não com os interesses de um parlamentar determinado, por mais importante que seja o cargo que ele exerce.
O parlamento teve sua dignidade seqüestrada. Cabe a cada parlamentar recuperar esta dignidade, votando com liberdade e soberania.