Anunciar e testemunhar a fé que gera caridade!

    No dia da conversão de São Paulo, tive a oportunidade de celebrar em uma igreja do centro da cidade os 75 anos da presença paulina aqui no Rio de Janeiro. Isso me despertou algumas reflexões, que estando em um dia de sábado calmo e tranquilo num local que durante a semana é um congestionamento de pessoas, me fez recordar a figura do apóstolo “das gentes” e os carismas que surgem na Igreja para que a dimensão missionária ocorra sempre mais.
    O Beato Tiago Alberione, pai fundador da família paulina, escolheu São Paulo para ser o patrono da família que estava iniciando, marcando a evangelização através dos novos tempos, novas realidades e novas possibilidades. Encontramos, assim, no campo fértil da Igreja e na sua caminhada histórica, homens e mulheres que no seu devido tempo responderam ao apelo do Evangelho desta solenidade: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado” (Mc 16, 15-16).
    São Paulo, tendo encontrado Jesus Cristo, mudou de mentalidade. Ele, convicto de sua religião, que de perseguidor transformou-se em ardoroso missionário. Ele que enxergou ir ao encontro do Senhor, depois de ter “caído do cavalo”, abriu os seus olhos ao Evangelho. Convertido, o Apóstolo das Gentes anuncia o Evangelho, viaja como arauto do Evangelho, escreve cartas e visita comunidades por ele fundadas. Paulo é rejeitado, perseguido, incompreendido e morre “in nomine Dei” como mártir do Evangelho.
    Ao celebrarmos a conversão de São Paulo, somos confrontados numa radical mudança de vida, mudança de vida interior que evangeliza, anuncia às pessoas o Reino de Deus.
    O Testemunho de Saulo que se transforma em Paulo: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui criado aqui nesta cidade. Como discípulo de Gamaliel, fui instruído em todo o rigor da Lei de nossos antepassados, tornando-me zeloso da causa de Deus, como acontece hoje convosco. Persegui até a morte os que seguiam este Caminho, prendendo homens e mulheres e jogando-os na prisão. Disso são minhas testemunhas o Sumo Sacerdote e todo o conselho dos anciãos. Eles deram-me cartas de recomendação para os irmãos de Damasco. Fui para lá para prender todos os que encontrasse e os trouxesse para Jerusalém, a fim de serem castigados. Ora, aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio dia, de repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ Eu perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo’. Meus companheiros viram a luz mas não ouviram a voz que me falava. Então perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’ O Senhor me respondeu: ‘Levanta-te e vai para Damasco. Ali te explicarão tudo o que deves fazer” (cf. At 22, 3-10).
    Neste testemunho da conversão de São Paulo, as palavras de Ananias sintetizam o que devemos viver como São Paulo viveu, em “que o Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvistes a sua própria voz. Porque tu serás a sua testemunha, diante de todos os homens, daquilo que vistes e ouviste” (cf. At 22, 14-15).
    A ação de Deus leva a grandes momentos de evangelização. Hoje lembramos o carisma dos paulinos, os abençoados setenta e cinco anos de sua presença no Rio de Janeiro, com o trabalho abnegado de homens, mulheres e leigos que vivem a espiritualidade paulina e testemunham o seu carisma. É uma missão evangelizadora como comunicação que leva a uma cultura do encontro.
    A celebração na Igreja de Nossa Senhora do Parto, dentro da realidade de centro da grande cidade, demonstra uma maneira missionária de presença, pois existe um lugar para rezar, para participar da Santa Missa, para se confessar, alimentando a sua vida durante a semana, na agitação da cidade grande. Estas Igrejas históricas do Rio de Janeiro ou templos alternativos como esse (situado no andar térreo de um prédio) nos proporcionam o encontro com Deus, evangelizando o mundo do trabalho, o mundo das pessoas que vivem a sua semana a procura do Rosto de Deus. Hoje rezamos neste lugar para agradecer a evangelização da grande Cidade. Por isso, a nossa partilha e reflexão com a Arquidiocese de São Paulo, na pastoral das metrópoles, e pelo trabalho coletivo da evangelização das realidades urbanas, nossa sintonia com o Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, os seus bispos auxiliares e eméritos, o reverendo clero de São Paulo e todas as forças vivas daquela Igreja, em que nos unimos para evangelizar os muitos espaços a serem conquistados.
    Muitos são os desafios com a cultura do encontro, porque o mundo tem fome e sede do anúncio da Palavra de Deus.
    Nessa mudança de mentalidade, na busca da santidade, somos convidados a abandonar o pecado e o mal, para que as pessoas busquem o encontro com Cristo. Por isso mesmo, devemos viver a alegria de evangelizar. É muito gratificante ver os carismas agindo como Igreja nessa nossa importante missão evangelizadora.
    Ao celebrarmos o Ano da Caridade em nossa Arquidiocese, ou seja, a proclamação do amor ao próximo e as suas consequências de amar o outro sem nada querer em troca, voltamos nosso coração para a missão e a evangelização de sermos transmissores do Evangelho com os sinais próprios que o próprio Senhor nos ensina: “Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados” (Mc 16, 17-18).
    Por isso, a missão dos que trabalham com a comunicação, evangelizando para uma cultura do encontro como nos pede o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Na diversidade de carismas, colaboramos com a missão para que se potencialize a missão da Igreja nesta cidade.
    Nesta semana em que celebramos São Sebastião e São Paulo, padroeiros das duas metrópoles do sudeste do Brasil, nos unimos enquanto Igreja para que possamos estar todos unidos na nova Evangelização, levando a alegria do encontro com Deus que, a exemplo de Paulo, nos torna arautos da transmissão e testemunho da fé!
    Que celebrando os nossos padroeiros, sejamos no mundo fiéis anunciadores e testemunhas da fé que gera caridade!