Silvonei José – Cidade do Vaticano
Mas como nasce a ideia da música? Um local que não poderia ser mais inspirador: a vazante do Rio Juruá, especificamente na cidade de Itamarati (AM), Prelazia de Tefé. Foi nesse cenário que Antonio Cardoso colheu as primeiras ideias para compor a música “Pan-Amazônia Ancestral”, dedicada à encíclica do Papa Francisco Laudato Si’ e ao Sínodo da Amazônia, a ser realizado no próximo mês de outubro, no Vaticano.
Com uma melodia característica da região amazônica e letra que visa alertar sobre as problemáticas do local, o compositor também teve o incentivo do bispo da prelazia, Dom Fernando Barbosa dos Santos, cm, que lhe confiou o documento preparatório do Sínodo. “Não escrevi nada nesta canção que não estivesse neste lindo e tão bem construído documento. […] Eu olhava para o rosto deste bispo amazônico, em sua alegria de servir, e pensava comigo mesmo: neste ano, completo 40 anos de vida missionária com a nossa Igreja. Este foi o presente que o Senhor me deu: estar perto dessa linda caminhada da Igreja”, comemora o compositor.
A canção e o playback já estão disponíveis nas plataformas digitais. Confira! (iTunes, Google Play, Spotify, Deezer)
O Sínodo da Amazônia
Papa Francisco convocou, em outubro de 2017, a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para outubro de 2019, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. O objetivo, nas palavras do pontífice, é “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”.
O objetivo é elaborar novos caminhos para e com a população dessa região: comunidades e zonas rurais, cidades e grandes metrópoles, ribeirinhos, migrantes e deslocados e, especialmente, os povos indígenas.
Na selva amazônica, de acordo com o documento preparatório, desencadeou-se uma profunda crise causada por uma prolongada intervenção humana, pela “cultura do descarte” (LS 16) e pela mentalidade extrativista. A Amazônia, região de rica biodiversidade, é multiétnica, pluricultural e plurirreligiosa e, assim, demanda mudanças estruturais por parte de governos e pessoas de várias partes do planeta.
As reflexões do Sínodo Especial superam, portanto, o âmbito estritamente eclesial da região amazônica, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro das gerações.
O músico Antonio Cardoso
Com o pai, músico de uma pequena filarmônica, aprendeu a música. Com a mãe, a fé. Traz a origem humilde de quem nasceu no sertão da Bahia, na cidade de Miguel Calmon. Em 1975, chegou a São Paulo como milhões de nordestinos, com sonhos no coração e desafios pela frente. Contudo, não foi difícil se ambientar em uma cidade como a capital paulista. Ali ele conheceu Pe. Zezinho, scj, as Irmãs Paulinas e tantos outros que se constituíram como a “sua retaguarda missionária”.
Suas músicas retratavam os problemas sociais do Brasil e, assim, falavam também de sua história. Um jovem migrante nordestino que sentiu, na pele, a fome, a seca e o abandono dos governos. Por isso, onde encontraria espaço, naquele contexto? Mas a música foi sua grande força. Em 1978, ao acompanhar um famoso pregador, chegou a percorrer o Brasil inteiro levando a música e a fé, até chegar o tempo de seguir com as próprias asas. Uma trajetória de 40 anos de viagens missionárias para além de 2.500 cidades brasileiras.
Em seus shows, um dos temas centrais é a família, e as apresentações atraem inúmeras pessoas, o que demonstra que há uma grande sede em relação a esse assunto. O compositor continua a sua peregrinação com o mesmo sonho do começo, entretanto, com uma diferença: a sua canção está cada dia mais parecida com suas origens, com os princípios herdados dos pais.
(Com informações da COMEP)