Ansiedade

    1. “A ansiedade é uma emoção caracterizada por um estado desagradável de agitação interior, muitas vezes acompanhada de comportamento nervoso, como o de se embalar de trás para a frente”, definição dos especialistas: Dr. Martin E. P. Seligman é Professor de Psicologia no Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia, Dr. David L. Rosenhan é Professor Emérito de Psicologia e Direito na Universidade de Stanford e a Dra. Elaine F. Walker é professora no Samuel Candler Dobbs de psicologia e neurociência na Emory University.
    2. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. Há também um enorme alerta sobre a saúde mental dos brasileiros, já que uma em cada quatro pessoas no país sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida. Outro levantamento, feito pela Vittude, (plataforma online voltada para a saúde mental e trabalho), aponta que 37% das pessoas estão com estresse extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado máximo de depressão e a ansiedade atinge níveis mais altos, chegando a 63%.1
    3. Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Quinta Edição ou DSM-5, o DSM-V é um manual criado e mantido pela Associação Americana de Psiquiatria com o objetivo de classificar transtornos mentais.

    Os transtornos de ansiedade costumam apresentar características de medo e ansiedade em excesso, além de e perturbações comportamentais relacionadas. Essa é a classificação oficial segundo o texto do DSM-V.

    Para atender aos critérios do DSM-5-TR para TAG, os pacientes devem ter ansiedade excessiva e se preocupar com várias atividades ou eventos (p. ex., desempenho no trabalho e na escola), ocorrendo mais dias do que não por ≥ 6 meses (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, Texto Revisado DSM-5-TR. American Psychiatric Association Publishing, Washington, DC, pp. 250-254).

    As preocupações são difíceis de controlar e devem estar associadas a ≥ 3 dos seguintes:

    >Agitação ou sensação de nervosismo ou tensão

    >Cansaço fácil

    >Dificuldade de concentração

    >Irritabilidade

    >Tensão muscular

    >Alterações do sono

    Os sintomas psiquiátricos devem causar sofrimento significativo ou prejudicam muito o funcionamento social ou ocupacional. Além disso, a ansiedade e a preocupação não podem ser explicadas pelo uso de substâncias ou uma doença clínica geral (p. ex., hipertireoidismo).2

    Ansiedade, junto com a depressão, é um dos males deste século por ser uma doença que está atingindo pessoas de diferentes idades e classes sociais, mesmo que em graus diferentes: No Brasil, 62,6% das pessoas sentem alto nível de ansiedade, segundo teste aplicado pela Guia da Alma, startup de soluções de saúde mental nos segmentos B2C e B2B.

    A plataforma Guia da Alma conta com cerca de 250 profissionais (entre psicanalistas, psicólogos e terapeutas) que oferecem diferentes tipos de terapias.3

    4. O que é ansiedade?

    A ansiedade é um sentimento natural e está relacionada, por exemplo, com um prazo apertado ou uma tarefa urgente no trabalho. Já os transtornos de ansiedade acometem pessoas que, geralmente, se preocupam intensamente e não conseguem lidar com essa autocobrança, a ponto de comprometer sua qualidade de vida e seu bem-estar.

    Os transtornos ansiosos são uma reação emocional de uma ameaça do futuro. Incerteza e imprevisibilidade são seus principais gatilhos. O primeiro sinal é o sentimento de ansiedade em relação ao que irá ou poderá acontecer, acompanhado de pessimismo. Isso provoca no corpo e no cérebro humano uma sensação de perigo, urgência, medo e insegurança. Consequentemente, o organismo reage com uma “luta” ou “fuga”.

    Por exemplo, uma pessoa que está sofrendo com cobranças intensas em seu ambiente de trabalho pode inicialmente apresentar irritabilidade, raiva e tensão muscular. Posteriormente, ela pode desenvolver insegurança, labilidade emocional (mudanças exageradas no humor, sentimentos e/ou emoções), tremores e transpiração excessiva.

    5. Quais são os tipos de transtornos de ansiedade?

    Os tipos mais comuns e suas características são:

    >Transtorno de ansiedade generalizada: preocupação excessiva e análise minuciosa de cada ponto ou situação;

    >Transtorno obsessiva-compulsivo (TOC): pensamentos obsessivos e medos irracionais que levam a atitudes compulsivas;

    >Fobia social (ou transtorno de ansiedade social): preocupação e medo com situações sociais comuns;

    >Síndrome do pânico: crises intensas de medo e mal-estar generalizado

    >Agorafobia: medo de situações e lugares que possam causar impotência, constrangimento ou aprisionamento.

    1. Quais as principais causas e sintomas da ansiedade?

    As causas podem variar de pessoa para pessoa e podem surgir, por exemplo:

    >Por desequilíbrios químicos cerebrais;

    >Pela falta de suporte familiar;

    >Por traumas (principalmente na infância);

    ou por uma combinação de fatores.

    1. Os principais sintomas são:

    >Físicos: tensão muscular, taquicardia ou palpitação, dor no peito, transpiração em excesso, dor de cabeça, tontura;

    >Psíquicos: sensação de desrealização, quando o ambiente parece todo diferente, ou sensação de despersonalização, quando a pessoa parece não se reconhecer mais.

    8. Como tratar a ansiedade?

    Antes de tudo, é preciso dar atenção à saúde geral: com boa alimentação, exercícios físicos, hábitos de higiene, consultas e exames regulares, boas noites de sono, vida social ativa e práticas de autocuidado e bem-estar. Esses são básicos para cuidado com o corpo e a mente, e colaboram para prevenir ou amenizar os transtornos de ansiedade.

    De maneira geral, o tratamento dos transtornos ansiosos leves (baixo impacto na vida da pessoa) engloba:

    >Terapias cognitivo-comportamentais, como: técnicas de resolução de conflitos, mindfulness, meditação, psicologia positiva e terapia psicodinâmica;

    >Psicoterapia e psicanálise;

    >Prática de atividades físicas, pois liberam substâncias positivas (como a serotonina) que ajudam na regulação do organismo e causam prazer e relaxamento;

    >Alimentação balanceada, pois ajuda a suportar o estresse e a se recuperar mais facilmente de algumas doenças.

    Quando a situação é um pouco mais grave e a pessoa já desenvolveu pânico, por exemplo, utilizam-se medicamentos antidepressivos. Geralmente, eles têm impacto positivo no tratamento da ansiedade. Ainda, são mantidos os atendimentos com psicoterapia e psicanálise.

    1. Como controlar a ansiedade e viver o bem-estar?

    É preciso enfatizar: a prevenção da depressão e da ansiedade está ligada à qualidade de vida. O equilíbrio é biopsicossocial (biológico, psíquico e social). Para que ele exista é preciso que a pessoa não sobrecarregue apenas uma área de sua vida e deixe as outras de lado — por exemplo, focar excessivamente na profissional e negligenciar sua vida afetiva, familiar e social.

    Todas as técnicas de tratamento — e algumas também servem para prevenção — buscam fazer a pessoa refletir sobre essas situações e encontrar um equilíbrio ou controle de todas as áreas.

    De maneira geral, existem práticas que podem ajudar na prevenção e nesse equilíbrio. Algumas sugestões são:

    >Aprenda a meditar e se conectar consigo e com seu espiritual;

    >Busque atividades físicas com as quais se identifique e crie uma rotina com elas;

    >Treine sua respiração, inspire e expire profundamente;

    >Programe e realize hobbies, distrações, passeios e viagens;

    >Socialize dando preferência para os encontros pessoalmente;

    >Organize e revise sua rotina, priorizando o autocuidado;

    >Cuide e tenha experiências com animais e natureza;

    >Priorize boas noites de sono e descanso;

    >Pratique hábitos de autoconhecimento, como leitura e escrita.4 

    Conclusão

    Qualquer que seja o desconforto, deve sempre buscar ajuda profissional, é muito importante não apenas se você sofre com ansiedade ou transtorno de ansiedade e as crises, mas também se você precisa aprender a melhor forma de lidar com alguém do seu convívio e que passa por essa situação. Com o tratamento, o acompanhamento de profissionais especializados e com um estilo de vida saudável é possível viver com qualidade de vida, menos ansiedade e sem transtorno de ansiedade.

    Dr.  Inácio José do Vale, Psicanalista Clínico, PhD.

    Especialista em Psicologia Clínica pela Faculdade Dom Alberto-RS.

    Especialista em Psicologia da Saúde pela Faculdade de Administração, Ciências e Educação-MG.

    Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Cadastrada na Organização das Nações Unidas – (ONU).

    Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica 

    Fontes e Referências 

    1-https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2971-27-04-live-transtornos-mentais-e-adoecimento-no-ambiente-de-trabalho-comoenfrentar#:~:text=Dados%20da%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20de,mental%20ao%20longo%20da%20vida.

    2-https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/ansiedade-e-transtornos-relacionados-a-estressores/transtorno-de-ansiedade-generalizado-tag#:

    3-https://exame.com/carreira/mais-de-60-dos-brasileiros-tem-nivel-alto-de-ansiedade-veja-em-qual-nivel-voce-pode-estar/

    4-https://vidasaudavel.einstein.br/ansiedade/

    Seligman Walkman, MEP, Walker, EF e Rossenhan, DL (2001). Psicologia anormal (4ª ed.). Nova York: WW Norton & Company, Inc.

    BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Ansiedade. 2011. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html>. Acesso em 19 março 2024.

    Salum G. A.; Manfro, G. G.; Cordioli, A. V. Transtornos de ansiedade. In: Duncan, BB et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

    American Psychiatry Association. (2014). Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association.

    Dugas, M.J., Robichaud, M. (2009). Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno de Ansiedade Generalizada: da ciência a prática. Rio de Janeiro. Editora Cognitiva.

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