Mais uma para a tradicional família brasileira engolir: o poliamor. Palavra tão estranha que sequer meu computador reconhece. Grifou o vermelho, como se algo errôneo estivesse contido no assunto que aqui pretendo abordar: Isso mesmo: o amor multifacetado, ou, como querem os inventores dessa mais nova modalidade de amor, o poliamor. Vermelho de novo. Terei que engolir essa palavra se quiser abordar o assunto como algo normal. Mas, vamos lá!
Um padre da mais tradicional e católica vertente da sociedade brasileira, mineiro de Divinópolis, nesta semana foi alçado às verves de muitas manchetes do nosso noticiário, simplesmente porque ousou abordar e “denunciar” um assunto tratado quase em surdina em algumas salas de aulas brasileiras: o poliamor. Como se possível fosse dividir a sagrada relação homem-mulher e criar modalidades de amor e família. Segundo o padre Chrystian Sharka, o heroico denunciante desse novo modismo extracurricular, o amor está em voga agora com a possibilidade de compartilhamento entre três ou mais pessoas, do mesmo sexo ou não, que passam a aceitar a poligamia como algo natural e até construtivo numa relação afetiva e ou conjugal.
A denúncia partiu de pais preocupados com a afetividade de um filho, flagrado numa discussão com um casal de namorados que o convidavam para fazer parte do namoro de ambos, já que, em sala de aula, uma psicóloga havia ministrado uma palestra sobre namoros mais abertos, que admitiam a possibilidade de mais pessoas numa mesma relação afetiva. “Quando eu penso que o que hoje vejo está ruim, porque eu achei que o ruim era a ideologia do gênero, eis que tem coisa bem pior”, – deixou escapar o preocupadíssimo sacerdote. Acrescentou ainda, com certa ironia: “Agora casal não é mais dois, ponham mais nisso aí”.
Quem quiser conhecer mais a fundo a estarrecedora denúncia desse padre, pesquise na internet o assunto com as tags “poliamor e padre Chrystian”. Encontrará inclusive um vídeo pormenorizado, capaz de provocar repulsas imediatas. Mas o mais assustador é a maneira com que esta abordagem vem sendo conduzida, trabalhando mentes vazias de qualquer padrão ético e moral, como são as da maioria de nossos adolescentes, que, num futuro não tão distante, terão conceitos e comportamentos completamente fora dos padrões que qualquer família minimamente constituída possa obstar, rejeitar, criticar. Terão que engolir a seco a promiscuidade de seus filhos. Nem Sodoma e Gomorra foram tão audaciosos na perversão coletiva. Nem Nínive, nem Roma no auge de sua decadência moral.
Na verdade, estamos diante de mais uma ação orquestrada pelos tentáculos do Demônio, ou, se preferir, pela ação dos contestadores da vida familiar ou da relação harmoniosa entre um homem e uma mulher. A normalidade desta é o inconformismo do Inimigo, aquele que, a qualquer custo, deseja derrubar o pilar básico que sustenta qualquer sociedade minimamente solidificada em suas estruturas de harmonia e prosperidade. Destruindo o amor conjugal, destruirão a dignidade humana e seus sonhos mais sagrados.
A voz profética da Igreja não pode ser silenciada diante de tamanhas aberrações e desvios pedagógicos que estamos assistindo. A escola de Cristo continua sua missão de anúncio da verdade e denúncia do caminho largo do hedonismo humano. “Apartai-vos de mim vós todos os que praticais a iniquidade” (Lc 13,27). Porque a Doutrina de Cristo não aceita mudanças, não compactua com ideologias contrárias ao amor puro e verdadeiro. Paciência! Se alguém não nos escutar, ignoremos-lhes, ou, como aconselha nosso Mestre: “sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!”.