Amai-vos uns aos outros!

    O tema fundamental da liturgia deste domingo é o do amor: o que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.

    Sempre em nossas vidas nos deparamos com o fulcro central da vida cristã contido no mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros. Assim como eu vos amei, amai-vos, também, uns aos outros!”(cf. Jo 13,24) que Jesus pediu para que seus apóstolos vivessem, foi para a época, realmente, uma maneira inédita de amar. Somente os discípulos de Jesus amavam dessa maneira, e por essa característica eram reconhecidos por todos; poderíamos dizer que essa era, e deve ser até hoje, a marca registrada e patente de um verdadeiro discípulo de Cristo. Jesus mesmo havia dito: “Todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(cf. Jo 13,35). A maneira dos cristãos amarem era a mesma de Jesus que amava a todos sem distinção, mesmo as pessoas que lhe causaram sofrimento e perseguição, bem como aquelas que não nutriam afeto por ele; amava sem esperar nada em troca; seu desejo pio era colher a todos, valorizar a todo, fazer a todos felizes ajudando em tudo que podia, especialmente os mais necessitados; dava especial atenção aos desvalorizados, descartados, marginalidades da sociedade, desvelava um carinho especial por aquelas pessoas que não eram amadas ou aquelas difíceis de amar. Amando como Jesus amou seus discípulos sentiam Ele vivo no meio deles e amando neles.

    Nesse mundo cruel em que vivemos: marcado pela competitividade. Nesse mundo em que cada um quer ser o centro e não o outro. Onde se busca tirar proveito de tudo e de todos, não é fácil cultivar no coração a maneira de Jesus amar. Mas se formos contaminados ou corrompidos pelas propostas do mundo(cf. Tg 1,27), perderemos o distintivo ou a marca registrada de cristãos: “amar como Jesus amou”(cf. Jo 13,34), e já não seremos uma força transformadora da Igreja e da sociedade, porque teremos deixado de ser a mensagem de que Jesus Cristo vive; deixando de amar como ele amou perderíamos o sentimento de fraternidade, de misericórdia, de perdão, de reconciliação e de paz duradoura.

    No Evangelho(cf. Jo 13,31-33a.34-35), Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o “mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.

    Na primeira leitura(cf. At 14,21b-27) apresenta-se a vida dessas comunidades cristãs chamadas a viver no amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus. É esse projeto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama, aos confins da Ásia Menor.

    A segunda leitura(cf. Ap 21,1-5a) apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade de chamados a viver no amor.

    “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”. Que bela novidade! Como se fosse Jesus a inventar o amor! Os homens e as mulheres não esperaram que Jesus viesse para saber um pouco o sentido da palavra “amor” e do verbo “amar”! Aliás, o mandamento de “amar o seu próximo como a si mesmo” encontra-se já no Livro do Levítico. Então, como compreender esta “novidade”? O próprio Jesus dá-nos a chave: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Só olhando Jesus saberemos como Ele nos amou. A sua própria vida é uma prática desta palavra. E isto vai para além daquilo que, humanamente, podemos fazer. Ele diz-nos para perdoar setenta vezes sete, isto é, sem colocar qualquer limite ao perdão. “Amai os vossos inimigos e rezai pelos vossos perseguidores”… “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”… São João escreve que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”, isto é, até à plenitude do amor cuja Fonte é o seu Pai. Sim, a maneira de Jesus nos amar ultrapassa a nossa maneira de amar. Neste sentido, o amor que Ele nos convida a viver entre nós é mesmo novo! Mas há mais! Porque as exigências de um tal amor podem parecer desmedidas, fora do nosso alcance, e deixar-nos no desespero: nunca chegaremos aí! Ora, é preciso compreender bem o “como Eu vos amei”. Jesus não nos diz: “Eu amei-vos. Agora, desenrascai-vos, fazei esforço para Me imitar!” Ele diz-nos: “Como Eu, que vos amo e vos dou o amor infinito do Pai, deixai-vos amar, como uma criança que se deixa tomar nos braços da sua mãe e do seu pai. Vinde até Mim. Àquele que vem até Mim, não o abandonarei. Então, poderei derramar sobre vós a força do próprio Amor que é Deus. Assim, encontrareis a força para ir para além das capacidades humanas, podereis, dia após dia, aprender a amar-vos como Eu vos amo”. Sim, Senhor, quero ir para junto de Ti, porque tens as palavras da vida eterna!

    Guiados pelo teu Espírito, nós Te glorificamos, Pai, com o teu Filho Jesus. Nós Te bendizemos pela teu glória, que é a tua presença vivificante, e na qual Tu comunicas conosco pela Palavra e pelo Pão.
    Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos fortaleça, para que possamos viver segundo o mandamento novo que nos deste pela palavra e pela vida do teu Filho Jesus.

    Tantas pessoas passam a vida odiando o irmão. Grande perca de tempo! Não deseje o mal a quem quer que seja! Não dissemine o mal e a maldade. Estes atos voltaram contra si próprio! Sejamos construtores do amor de Deus em uma sociedade fragmentada que precisa de nosso testemunho evangélico!

    Na medida em que o irmão amar ao outro, a tudo e a todos ser-lhe-á aberta as portas do céu já aqui na terra. Pague tudo o que receber e tudo o que lhe fizer com a receita generosa do amor cristão. Essa é a receita da felicidade perfeita nesse mundo, para se chegar ao céu: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros!” Por isso vivamos esse amor cristão!

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