Recordar as últimas horas da vida de Jesus nos fez reviver em nosso interior a injustiça de um mundo que é capaz de matar o autor da vida, de repudiar aquele que nos traz a salvação. Não foi apenas a lembrança de alguns acontecimentos que tiveram lugar em um pais distante e há muitos anos. Somos conscientes da atualidade desse relato. Hoje continua se repetindo a cada dia a morte do inocente. Em muitos lugares. Longe de nós e também perto. Por isso, recordar a morte de Jesus não nos permite ficar indiferentes. Toca-nos no mais fundo de nossas almas Sentimo-nos, ao mesmo tempo, vítimas e carrascos.Participamos com o povo de Jerusalém, gritando: “Crucifica-o”, mas, da mesma forma, choramos com as mulheres, porque sentimos que, com sua morte, vai-se embora nossa esperança, o melhor que nós tínhamos.
Mas a Semana santa não termina na sexta-feira. Nem mesmo no silêncio cheio de tristeza do sábado. O Domingo de Páscoa nos traz uma boa-nova que nos faz contemplar tudo o que aconteceu a partir de outra perspectiva. Não é fácil entender. Também não o foi para os discípulos naquela ocasião. A primeira sensação experimentada pelos apóstolos foi de certa confusão. Algo aconteceu. Algo tão inusitado e surpreendente que não sabem qual nome lhe dar. Preferem pensar, em um primeiro momento, na hipótese mais simples: o corpo de Jesus foi roubado. É preciso nos aproximar do local desses acontecimentos, guardarmos silêncio e permitirmos que a surpresa chegue ao nosso coração. É preciso ver o vazio deixado pela ausência do corpo no sepulcro. Apenas, então, a fé ilumina a situação. Os discípulos não entenderam, em um primeiro momento, o que havia acontecido. Precisaram de tempo para perceber que Jesus havia ressuscitado, de que o Pai, o Abá de que tantas vezes havia falado e em quem havia depositado a sua confiança, não o havia desapontado.
Como os homens haviam matado seu mensageiro, Deus se manifestou como o que vê, ou seja, o Senhor da vida, aquele que é mais forte do que a morte. Deus ressuscitou Jesus e, assim, certificou que era, com certeza, seu Filho, que as suas palavras não eram vãs, que a sua boa-nova era verdadeiramente uma promessa de salvação para a humanidade e que a morte não é o fim do caminho.
O Domingo da Ressurreição abre uma grande esperança: vale a pena lutar por um mundo diferente, porque Deus, o Deus de Jesus está conosco.
Que o Domingo de Páscoa traga a cada um de nós, bem lá no fundo de nosso coração, a certeza de que o amor vence a morte e uma vida em plenitude está preparada para cada um de nós.