Alegrai-vos sempre no Senhor!

    A liturgia deste 3º  Domingo do Advento lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos batizados. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar”. Este Domingo é o chamado “Gaudete” – chamado de “Alegrai-vos”, nossas atenções se voltam para o Senhor que já está bem perto. Enquanto aguardamos o Senhor que vem, acolhemo-lo pela escuta da Palavra, pelos acontecimentos do cotidiano e em cada pessoa que vem ao nosso encontro.

    A primeira leitura(Is 35,1-6a.10) anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir, num cenário de alegria e de festa, para a terra da liberdade. Esta leitura apresenta um hino de júbilo pela redenção de Jerusalém, a cidade santa, que exultará de alegria e louvores. Os que outrora sofreram no exílio são convidados a exultar, pois já não conhecerão a dor e o pranto. Mesmo quando desafiados pelo desânimo e pelo medo, cabe-nos alimentar o otimismo e a esperança de dias melhores.

    O Evangelho(Mt 11,2-11) descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.

    No Domingo “Gaudete” reaparece a figura de João Batista. O Evangelho se divide em duas partes. Na primeira, há a dúvida de João e a certeza de Jesus. Na segunda, Jesus elogia João Batista. João é mais que um profeta. Pelo seu estilo de vida, preparou e anunciou a chegada do Reino de Deus, na Pessoa e na Palavra de Jesus de Nazaré. O Batista havia anunciado o juízo divino decisivo e implacável, “o machado está posto à raiz(…)”. O Messias já “está com a pá em sua mão” e batizará com fogo (Mt 3,1-12 – domingo passado). À dúvida e à pergunta de João, Jesus apresenta as obras do Messias anunciadas pelo Profeta Isaías – primeira leitura –. O Cristo se mostra solidário aos pobres e pecadores. Propõe, não impõe, a solidariedade como solução para os graves problemas e para as dificuldades humanas. Fez-se solidário aos humanos em suas angústias, sofrimentos e misérias, para que as pessoas fossem solidárias umas às outras. Jesus não sugeriu nenhum regime político e econômico, praticou e anunciou a solidariedade como solução. Nenhuma realidade humana será capaz de fomentar a paz e a vida digna, se não tomada pela solidariedade. O Evangelista registrou a “incerteza” de João, não para condená-lo, mas para estimular os discípulos de sempre a aceitar que “a salvação é acolher aquele que vem assim como se revela, não como nós queremos”. “A Igreja deve questionar as próprias certeza, sem confundi-las com a verdade de Deus. Ele, para a nossa sorte, cumpre suas promessas e não as nossas expectativas”.

    A segunda leitura(Tg 5,7-10) convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança. Com dois exemplos, Tiago nos exorta a esperar pacientemente a segunda vinda de Jesus: o primeiro é o do agricultor que firmemente aguarda a colheita; o segundo é o dos profetas, que não se cansam de anunciar a Palavra de Deus. Não é preciso se preocupar muito com quando virá o Senhor; o importante é assumir atitude de vigilância ativa, isto é, viver, no dia a dia, semeando o bem.

    Ser cristão é curar feridas! As obras de Jesus promovem a dignidade e a libertação dos enfermos, dos pobres, dos excluídos e considerados impuros. Elas é que distinguem o autêntico Messias dos falsos. O verdadeiro Messias veio para aliviar o sofrimento e “curar as feridas”. São essas mesmas obras que identificam os seguidores do Mestre de Nazaré. É importante notar que Jesus não faz nenhuma referência a sinais religiosos: culto, orações, sacrifícios ou doutrinas. Cada seguidor seu é um “curador de feridas”. Jesus declara ainda que é feliz quem não se escandaliza por sua causa. Quer dizer: feliz é aquele que aceita as propostas do Mestre, assumindo-as e levando-as em frente. Feliz é aquele que não se abala diante dos desafios da missão, mesmo que isso lhe custe perseguições e até mesmo a morte. Feliz é aquele que aceita as palavras do Mestre de Nazaré, sem adocica-las ou deturpá-las.

             Com São João Batista alegremo-nos no Senhor – “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos, o Senhor está perto!”.

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