Na segunda-feira, dia 13, o Papa Francisco regressou ao Vaticano depois da sua visita à América Latina, visitando o Equador, a Bolívia e o Paraguai.
Durante a viagem, o Santo Padre, como habitualmente, respondeu às perguntas dos jornalistas, afirmando que “a Igreja latino-americana tem uma grande riqueza: “é uma igreja jovem e é isso que nós devemos aprender e corrigir, e estes povos jovens dão-nos força nisto.”
Respondendo a uma pergunta sobre a próxima viagem a Cuba e EUA, o Santo Padre afirmou não ter havido propriamente uma mediação do Vaticano, no acordo entre os dois países, mas algumas pequenas ações concretas. O mérito é da boa vontade dos dois países:
“ Não foi uma mediação, foi a boa vontade dos dois países, o mérito é deles, nós não fizemos quase nada.”
Sobre a situação financeira da Grécia o Papa Francisco referiu que o caminho das dívidas e dos empréstimos não têm mais fim, sendo necessário “encontrar um caminho para resolver o problema grego e também um caminho de vigilância para não recair em outros países o mesmo problema.”
Questionado sobre a falta de mensagens direcionadas para a classe média, o Santo Padre referiu ser algo sobre que vai pensar, não deixando de salientar que o mundo está, hoje em dia, muito polarizado entre os ricos e os muitos pobres, e os pobres estão no coração do Evangelho.
Neste encontro com os jornalistas ainda uma pergunta sobre a grande vivacidade do Papa Francisco no seu pontificado e, em particular, nesta viagem, e para a qual o Santo Padre respondeu com bom humor: “o mate (chá) ajuda-me. Mas não provei a coca. Isso é claro.”
O Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, em entrevista à Rádio Vaticano, fez um balanço da Viagem Apostólica do Papa Francisco à América Latina, afirmando que foi uma viagem absolutamente positiva, com uma mensagem de grande esperança para todo o povo latino-americano:
“Efetivamente, o Papa Francisco, vindo na América Latina, encontrou um acolhimento extraordinário. Vimo-lo ao longo das estradas, desde a primeira noite e que nunca mais parou esta onda de atenção e de presença popular ao longo das estradas.”
“São povos que vivem um momento delicado da sua história, um momento de passagem: têm uma situação geralmente melhor daquela do passado, de um ponto de vista também das formas de governo que tiveram, mas há ainda problemas gravíssimos: problemas gravíssimos de pobreza, de iniquidade, de marginalização de pessoas, de dificuldade de integração de grupos na sociedade, porque estão em condições de inferioridade por diversos motivos. Assim, tudo isto foi vivido com uma atitude muito positiva: o Papa foi capaz de dar uma mensagem positiva e de encorajamento a estes povos em caminho e de demonstrar que a Igreja, com humildade e com muito afeto, faz-se próxima, participa e não está separada do destino destes povos, mas é solidária com estes povos, profundamente, e pode encorajá-los, inspirá-los neste seu caminho.”
“O Evangelho, precisamente o Evangelho de Jesus Cristo, como Evangelho de amor, de perdão, de misericórdia, constrói e ajuda a construir uma sociedade e um mundo de relação, de solidariedade, de amor, de gratuidade que permite mudar uma situação que, ao invés, está a trazer as consequências de critérios e de princípios diferentes de organização da sociedade, interesses económicos, poderes, que não metem ao centro o bem comum ou o bem da pessoa a sua dignidade, mas interesses particulares.”
“Então, como se faz esta revolução, esta mudança? O Papa Francisco ajudou muito a perceber e a tomar as atitudes justas, a partir da inspiração cristã, mas traduzindo-a depois em atitudes humanas que foram recolhidas com muita alegria e com muita disponibilidade pelas pessoas que o encontraram.”
Numa segunda entrevista entretanto concedida à nossa emissora o Padre Lombardi referiu-se às críticas que dizem que o Papa Francisco parece ser demasiado propenso para os movimentos populares e forças sociais, descurando a classe média. O porta-voz vaticano considerou que o Papa mostra que a verdadeira mudança parte dos pobres.
Entretanto, o Padre Lombardi numa entrevista concedida ao canal de televisão italiano TV2000 referiu que o verão do Papa Francisco será na Casa de Santa Marta aproveitando o tempo livre disponível para ler, estudar e preparar os discursos dos próximos encontros, viagens e celebrações. Destaque para a preparação da Viagem Apostólica a Cuba e EUA que será de 19 a 27 de setembro.
Recordemos que o único compromisso público do Santo Padre neste mês de julho é a oração do Angelus ao domingo sendo de registar que em agosto já regressam as audiências gerais à quarta-feira na Sala Paulo VI, e as missas na Capela da Casa de Santa Marta juntamente com as audiências oficiais regressam nos inícios de setembro.
Domingo, 19 de julho, Angelus com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro: grande multidão de fiéis, debaixo de um forte calor, que saudaram o Santo Padre e ouviram a sua reflexão.
O Evangelho de S. Marcos propõe-nos neste domingo um olhar de Jesus de singular intensidade – afirmou o Santo Padre. Jesus tinha levado os apóstolos para descansarem num lugar isolado, mas a multidão também para ali se dirigiu. Jesus compara esta gente a um rebanho sem pastor e são três os verbos que o evangelista usa para descrever esta cena como num fotograma – salientou o Papa: ver, ter compaixão e ensinar:
“Retomemos os três verbos deste sugestivo fotograma: ver, ter compaixão e ensinar. Ali podemos chamar os verbos do Pastor. O primeiro e o segundo estão sempre associados à atitude de Jesus: efetivamente, o seu olhar não é o olhar de um sociólogo ou de um foto-repórter, porque olha sempre com os olhos do coração. Estes dois verbos, ver e ter compaixão, configuram Jesus como Bom Pastor. Também a sua compaixão não é um sentimento humano, mas é a comoção do Messias no qual se fez carne a ternura de Deus. E desta compaixão nasce o desejo de Jesus de nutrir a multidão com o pão da sua Palavra.”
Antes da recitação da oração do Angelus o Papa Francisco aproveitou para recordar a sua Viagem Apostólica à América Latina ao Equador, Bolívia e Paraguai, agradecendo a Deus o dom dessa visita.
E com Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 13 a 19 de julho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.
Fonte: Rádio Vaticano