A nossa oração

    A oração da unidade é o testamento que Jesus nos oferece, algo novo, começo da Nova Aliança. O Senhor agora é Pai! Jesus nos aproxima do Deus das alturas, faz-se um conosco e nos ensina a chamar-lhe de Pai. Sem dúvidas, essa intimidade com Deus era novidade, uma revolução para os conceitos da época. Em nenhum outro momento da história humana profetas, sacerdotes, sábios ou reis ousaram chamar Deus de Pai. Só agora, com o consentimento do “Filho Amado”. Só agora, quando os alicerces do templo se sentem abalados e o novo Templo é preparado para emergir da terra, aviltar-se acima dos planos terrenos, é que somos autorizados a reconhecer a paternidade divina.

    O céu engloba a totalidade do infinito, o cosmo acima, abaixo e até dentro de nós. Céu não somente nas alturas, mas como estado de plenitude infinita, em tudo, em todos. Eis a morada de Deus! No céu infindo dos mistérios que nos cercam, no paraíso onde o Senhor nos colocou, – do qual nos afastamos pelo pecado, mas que é possível alcançar com o advento de um novo tempo – no reencontro pródigo com o Pai, nesse céu está Deus. O local da presença de Deus não se limita ao tempo e espaço da nossa morada. Não mais precisamos buscar Deus nas alturas celestiais, no infinito estelar… Ei-lo! “Ele está no meio de nós”. Ele é um dos nossos, senta-se conosco, fala conosco… É nosso Pai!

    Essa nova fórmula de oração revolucionou a relação entre Deus e seu povo, o infinito e o finito, a religião e o religioso, colocando tudo num único patamar de Justiça e igualdade: somos irmãos, temos direito a uma única herança, ninguém é maior ou melhor aos olhos do Pai. Na nova oração a humanidade adquire uma integral participação em tudo que Deus-Pai oferece aos filhos, ou seja: o direito de usufruir, igualitariamente, das alegrias e riquezas de seu Reino.

    Dizemos que nosso Pai não possui uma única morada, um local determinado, delimitado, exclusivo. Ao contrário, seu Reino, assim como seu nome, não tem princípio, nem fim. É errôneo imaginar Deus imobilizado num trono real (conceito semita), permanentemente longe da realidade terrena, escondido e inacessível. Essa visão é perigosa, infantil e caduca. O amadurecimento religioso já nos permite afirmar que céu é um conceito indeterminado de lugar, tempo e espaço. Pode ser no meio de nós, em nós ou na floresta, no mar, no deserto, na lua, nos planetas… O universo respira Deus. O essencial é não perdermos de vista nosso conceito de paternidade santa amorosa. Um pai verdadeiro não faz segredos, ao contrário orienta, estimula, conduz pelas mãos a filha ou filho diletos. Isso nos basta!

    (Extraído do livro Pedra dos Milagres – Editora A Partilha)

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