A ilusória transitoriedade da vida!

    A liturgia deste domingo questiona-nos acerca da atitude que assumimos face aos bens deste mundo. Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.

    No Evangelho(Lc 12,13-21), através da “parábola do rico insensato”, Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais: o homem que assim procede é um “louco”, que esqueceu aquilo que, verdadeiramente, dá sentido à existência. Jesus ensina hoje que a vida do ser humano não consiste em acumular e desfrutar de riquezas e da abundância dos bens. Tudo passa! Até a própria vida da pessoa, em determinado momento, será pedida de volta. Diante da tentação do prazer, da ganância e do acúmulo fica a advertência de Jesus: tudo passa. A vida da pessoa não depende do seu poder de compra. Herança, riqueza, sucesso são “valores” que podem pôr em risco a comunhão com Deus e a solidariedade com o irmão. Quem idolatra os próprios tesouros é um “louco”, diz Jesus. O Senhor Jesus é severo contra o acúmulo da riqueza nas mãos de poucos. Não sejamos fechados em si mesmo! Olhemos e ajudemos as necessidades de quem está em nossa volta!

    Na primeira leitura(Ecl 1,2;2,21-23), temos uma reflexão do Eclesiastes sobre o sem sentido de uma vida voltada para o acumular bens… Embora a reflexão do Eclesiastes não vá mais além, ela constitui um patamar para partirmos à descoberta de Deus e dos seus valores e para encontramos aí o sentido último da nossa existência. Diante  da ilusão da exploração, do poder, da riqueza e do prazer devemos lembrar que tudo é ilusão! Que fique claro a vida neste mundo é fugaz e transitória! Façamos escolhas em que optamos em primeiro lugar para viver com Cristo, em Cristo e por Cristo!

    A segunda leitura(Cl 3,1-5.9-11) convida-nos à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e renascermos continuamente, até que em nós se manifeste o Homem Novo, que é “imagem de Deus”. São Paulo nos ajuda a entender o sentido da vida presente. Devemos aspirar e nos esforçar para alcançar as realidades celestes, onde está a verdadeira vida com Cristo. Busquemos as “coisas do Céu” – ou seja, os valores do Reino que Jesus viveu e pregou ao longo de sua vida: o amor, a justiça, a solidariedade – quando somos convidados a abandonar as “coisas terrenas”, isto é, os valores contrários ao projeto de Jesus. O “homem novo! É aquele que faz parte da nova criação, trazida pelo Ressuscitado.

    Pelo Batismo, fomos revestidos de Cristo e, por isso, devemos fazer desaparecer da nossa vida toda inclinação às paixões e aos desejos terrenos. Quando Jesus surgir triunfante, seremos revestidos plenamente da sua glória e dele mesmo! Então, levemos esta vida com responsabilidade, amando-nos como Jesus ensinou, praticando atos de bondade, caridade e fraternidade, na firme esperança de alcançar os bens eternos, em e com Cristo, nosso Senhor!

    Santo Ambrósio ensinou que todos os tesouros acumulados, todas as coisas do mundo permanecem nele, nos abandonando quando partimos. Somente a virtude e a misericórdia nos servem de companheiros e guias até as mansões celestes!

    Supliquemos ao Senhor, nosso refúgio, o auxílio da sua sabedoria, para evitarmos os riscos de uma vida ilusória, pautada em falsas seguranças. Estejamos dispostos a rever as nossas opções e ser mulheres e homens novos em Cristo. “Vaidade das vaidades”, adverte-se o autor sagrado. Contra a ilusão e a ganância, a Palavra de Deus nos convida a voltar o coração para as coisas do alto, onde está Cristo!

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