“A supressão da religião na França irá estender-se pela Europa e pelo mundo. O povo voltará a ser pagão”- Cardeal de Bernis.
François-Joachim de Pierre ou Cardeal de Bernis (Saint-Marcel-d’Ardèche, 22 de maio de 1715 – Roma, 3 de novembro de 1794) foi cardeal e político francês. Interferiu na supressão da Companhia de Jesus em 1773 e se opôs com firmeza à constituição civil do clero imposta depois da Revolução Francesa (1).
A comunidade islâmica instalada no âmago do País é a grande preocupação dos franceses. Uma parte deles vê no Islã o principal inimigo, outra se ilude com um tipo de islamismo moderado. Tal problema se acrescenta ao conflito pré-existente entre os princípios da Revolução Francesa e a França católica, aureolada de glórias do passado e com a promessa de um futuro grandioso.
Atualmente o maior inimigo da França encontra-se em seu interior
Por Wilson Gabriel da Silva, em 9 de março de 2015
Hoje, entretanto, o principal inimigo da França não é um rival europeu como a Inglaterra ou a Alemanha; nem os Estados Unidos, que invadiram o Ocidente com a sua cultura hollywoodiana. Seu maior inimigo é o Islã, que logrou introduzir-se por toda parte no próprio território francês, que abriga a maior população muçulmana entre todos os países europeus. Realmente, os muçulmanos foram aquinhoados com dádivas generosas por parte dos partidos franceses, de esquerda como de direita. O governo Mitterrand (socialista) deu-lhes de presente um luxuoso e caríssimo Instituto do Mundo Árabe, na parte central de Paris. Por toda a França ergueram-se nos últimos anos mesquitas e institutos muçulmanos com o apoio financeiro do Estado francês.
A equivocada apreciação de um islamismo “moderado”
Por outro lado, décadas de pregação do ecumenismo por parte da Hierarquia católica tiveram como resultado uma espécie de desarme dos fiéis diante dos partidários da djihad, a guerra “santa” do Islã. O principal argumento desses ecumênicos é que nem todos os muçulmanos são radicais e por isso os católicos deveriam ser compreensivos para com os “moderados”. A matança de monges de Tibhirine, na “moderada” Argélia, em 1996, mostra como essa visão distorcida da realidade pode esconder um incentivo ao velho inimigo dos cristãos, que odeia particularmente os franceses enquanto descendentes dos cruzados. Na realidade, nem o Corão nem a História demonstram ser confiável a moderação que os partidários do ecumenismo lhes atribuem.
De qualquer forma, tem razão o jornalista Ross Douthat do “The New York Times” ao pôr no centro da questão a dúvida sobre a capacidade dos Estados europeus de integrar os imigrantes muçulmanos, bem como sobre o que poderá acontecer se isso não for possível. Desse ponto de vista, é de se temer um futuro bastante preocupante para a Europa, pois a aceitação de uma integração dos muçulmanos pode ir de par com uma apostasia geral dos europeus.
Em sua análise, Ross Douthat ressalta a liderança demográfica da França, sobretudo diante da Alemanha, que envelhece. É preciso não exagerar esse aspecto, mas sem dúvida de uns anos a esta parte as gerações mais novas de católicos assumiram com mais responsabilidade a importância da família. E hoje se veem muito mais crianças nas ruas do que em décadas passadas do século XX. Por outro lado, a influência dos católicos fiéis à liturgia tradicional cresceu e impôs-se num panorama antes dominado pelos “progressistas”, cujas fileiras vão se esvaziando… porque seu “apostolado” ecumênico foi negativo!
Os muçulmanos, como se sabe, admitem a poligamia. Muitos deles vivem na França com várias mulheres. E a elas o Estado francês concede pensão, permitindo que o muçulmano polígamo viva sem trabalhar, à custa das pensões que suas mulheres recebem! Por isso os postos de seguridade social e de assistência médicas estatais estão frequentemente lotados de mulheres muçulmanas, que fazem questão de usar os seus véus característicos.
Pela mesma razão, em geral os muçulmanos têm muitos filhos, por conta da seguridade social francesa. Talvez isso tenha seu peso no fato de a França liderar o número de nascimentos entre os países mais importantes da Europa, com uma taxa demográfica de 2,1 a 2,2 nascimentos por mulher. Na realidade, esta é a taxa mínima para garantir o crescimento, também mínimo, de um país. Mas muitas nações católicas europeias, como Portugal e Polônia, não vão além de 1,2 ou 1,3 nascimentos por mulher… É doloroso! E também levam a perguntar o que fizeram os bispos e sacerdotes de tais países para evitar esses verdadeiros suicídios nacionais. Curiosamente, a laicidade imposta aos franceses pelos socialistas e outros partidos políticos tem favorecido a expansão do islamismo, em prejuízo da população católica.
A França da revolução de 1789 em choque com a França católica
Na interessante análise de Ross Douthat figuram vários outros pontos que mereceriam ser comentados. Mas isso tornaria demasiado longo este artigo. Limito-me, pois, ao papel de liderança da nação primogênita da Igreja. Infelizmente ela muitas vezes foi infiel. Basta lembrar que a França atual é filha da Revolução de 1789. Mas nela também existem filões que vêm de Clóvis, de São Luís, dos católicos ultramontanos do século XIX.
Em outros termos, a França é um país providencial. E isto pode criar surpresas nos planos daqueles que se funda em meros raciocínios humanos. Douthat conclui: “O declínio é real, mas o futuro não está escrito. Se a Europa ainda se tornar palco de transformações históricas, para o bem ou para o mal, isso ocorrerá em primeiro lugar na bela França”.
Auguremos que tal se dê para o bem, sob os auspícios daquela que é a verdadeira Rainha da França: a Santíssima Virgem Maria, que em tantas aparições (Lourdes, Rue du Bac, La Salette, Pellevoisin e outras) tentou sempre guiar essa nação nas vias da civilização cristã. É preciso ressaltar que, apesar de seus crimes, a França conserva aspectos e veios de fidelidade difíceis de encontrar em outro país. Daí a sua beleza, fruto da Cristandade.
Sirvo-me das palavras inspiradas de São Pio X na alocução consistorial Vi ringrazio, de 29/11/1911, para concluir:
“Dia virá — e esperamos que não esteja longe — em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolvida por uma luz celeste e ouvirá uma voz a clamar: Minha filha, por que me persegues?
“E à sua resposta: — Quem és, Senhor? A voz replicará:
“— Eu sou Jesus, a quem tu persegues. É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação tu te arruínas a ti próprio.
“E ela, trêmula e admirada, dirá:
“— Senhor, que quereis que eu faça?”
Que a Santíssima Virgem reconduza assim a França, Filha primogênita da Igreja, às vias da conversão e da fidelidade total, nesta época de tanta apostasia (2).
Já existem áreas consideradas verdadeiros guetos islâmicos na Europa, são chamadas de “no-go zone”. Estas áreas não são permitidas para não islâmicos. Na França os espaços ocupados por muçulmanos são chamados de “Zones Urbaines Sensibles – ZUS” – ou – Zonas Urbanas Sensíveis onde vivem atualmente 5 milhões de pessoas e sobre as quais o estado perdeu o controle. Do mesmo modo ainda na França em Lyon, Marselha e Toulouse milhares de muçulmanos fecharam várias ruas, perseguem moradores e pequenos empresários destas áreas quando não muçulmanos forçando-os a mudar para outros bairros e instalando alto-falantes pelos bairros conclamando os fiéis a orar às sextas-feiras inclusive recitando versículos do Corão e gritos de “Allah hu Akbar!”. Disse o sábio Professor Ibrahim Gabriel Sowmy (1913-1996): “ainda veremos o islamismo invadir a Europa com consequências nefastas”… (3).
Não é só a França que está sendo islamizada, é a Europa tão descristianizada. A religião islâmica será a maior do mundo e com suas práticas vão estremecer a humanidade.
Pe. Inácio José do Vale
Sociólogo em Ciência da Religião
Professor no Instituto de Teologia Bento XVI
Notas:
(1) Obra: BODONI – DE BERNIS, Cardeal François-Joachim de Pierre. LA RELIGION VENGÉE. POEME EN DIX CHANTS. À PARME DANS LE PALAIS ROYAL [Bodoni] MDCCXCV. [1795]. In 8.º de 16,5×11 cm. Com [xxviii], 248 pp.
(2) http://ipco.org.br/ipco/noticias/franca-palco-crucial-no-confronto-com-o-isla
(3) aniss sowmy 19 de setembro de 2015-Refugiados Europa – 2015.