A fé dos antepassados

    Pensemos na fé de Abraão, que, em circunstâncias incertas, obscuras e extremamente difíceis, acreditou sem hesitar, merecendo o nome de amigo de Deus e Pai da fé de uma incontável multidão. Na certeza de que o justo vive pela fé, não só para si, mas num compromisso com seu próximo e com o mundo, na mesma luz que iluminou Abraão, que essa fé se acenda em todas as comunidades e que seja percebida com muita nitidez e num lugar bem alto e de destaque, resplandecendo em nosso mundo. Ele carrega consigo mesmo a luz da fé, aquela recebida no batismo, que quer se acender nos seguidores do novo Abraão, Jesus de Nazaré, mas numa fé viva e lúcida, nascida sob o signo e o emblema da esperança, consolidada pelo amor infinito de um Deus que é bondade, sabedoria e ternura.

    É um amor que tem por base a fé, dom de Deus, sólida e simples ao mesmo tempo, com o Espírito de Deus refugiando-se no mais íntimo do nosso ser, a ponto de nos extasiarmos com a fé traduzida em paz, prometida por Deus, longe de toda e qualquer ilusão do mundo, sustentada, evidentemente, pelo que existe de fecundo e sagrado: a vossa infinita misericórdia e compaixão como instrumentos de Deus, a crescer sempre mais, à medida que se repete pela generosidade da doação.

    Assim, Deus pensou no ser humano, como sua imagem e semelhança, que, de modo concreto, recebe a proposta divina, de responder a tal amor, por um caminho pessoal e único, nos dons partilhados em comunidade. Dai-nos, ó Deus, a graça de compreender que só com a vida de fé, tendo Abraão como arquétipo, é que viveremos o projeto de amor do nosso bom Deus, conscientes de que vosso terno desígnio de amor indicará o verdadeiro caminho, com as marcas da solidária justiça divina, colocada no íntimo do coração humano, a iluminar seu pensar e agir, seu interior e exterior, resplandecendo de uma vez por todas a vossa paz, pelo testemunho das boas obras, distinguindo os seguidores de Jesus de Nazaré.

    Que, unidos ao mistério de Maria e seus pais, São Joaquim e Senhora Sant’Ana, celebrados pela Igreja no dia 26 de julho, tenhamos o auxílio de Deus, no sentido de melhor compreendermos as razões pelas quais buscamos os apelos de fé, no pouco a nos queixar, mas no muito a agradecer. Bendito e louvado seja pelo que fomos no passado, pelo que somos nos nossos dias e pelo que seremos, até a final realização futura em Deus. Assim seja!

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