A ESTRELA DOS MAGOS

    No Evangelho de São Mateus os dois primeiros capítulos, denominados frequentemente evangelho da Infância, constituem uma espécie de prólogo, mesclando os acontecimentos e sua interpretação teológica como bem observa. Jean-Christian Lévêque, notável hermeneuta. É preciso então partir da significação religiosa da narrativa para apreciar os detalhes em função da visão global. O texto de hoje (Mt 2,1-12) consagrado à visita dos Magos, continua no Evangelho de São Mateus com três outros episódios: a fuga pera o Egito, o massacre dos meninos inocentes e a ida da Sagrada Família para Nazaré. Excetuando-se Jesus, o personagem central nestas passagens do Evangelho é Herodes, o cruel,  cioso de seu poder. O fio que liga as quatro cenas é   o conflito entre dos reis, a saber o velho déspota e “Jesus o Messias o rei dos Judeus, que acabara de nascer” (Mt 2,2). O Rei Herodes, bem conhecido dos historiadores, é para o evangelista Mateus o símbolo da recusa em acolher Cristo e sua mensagem e, desse modo, é todo o destino de Jesus que nos é apesentado desde o prólogo deste evangelista. Jesus acolhido pelos homens de boa vontade, será rejeitado pelos responsáveis de seu povo. Outro tema teológico está baseado na vinda dos Magos, Ele que veio trazer uma salvação universal. De fato, são pagãos que se apresentam em Jerusalém, procurando o rei dos Judeus, são eles que retomam o caminho, sempre guiados por uma estrela e vão até Belém, entram na casa e adoram o Menino nele vendo o Salvador. A partir deste encontro com Jesus os Magos se tornam crentes, rompendo com Herodes. Deus os adverte, agora não por um astro, mas por um anjo, como Ele faz com seus eleitos. Rebrilha assim, de fato, uma teologia da salvação e os detalhes do texto recebem seu verdadeiro valor. Nossa fé cristã repousa em definitivo não sobre um fundo histórico impossível de se deduzir dos textos atuais, mas sim sobre os testemunhos dos diversos discípulos, testemunhos dados ao mesmo Cristo através de imagens vindas da tradição de Israel. Os Magos, vindos do Oriente são sábios, persas ou babilônios, provavelmente astrônomos, que puderam, talvez, ter tido contato com o messianismo israelita no comercio de Babilônia, anda florescente na época. Através deles é o mundo da ciência que se coloca em marcha para Cristo, o Messias, é o universo dos pagãos que se volta para a luz do Evangelhos. Nada nos diz que eles eram três, senão talvez o número dos presentes, mas é certo que eles não eram reis e assim não serão na tradição cristã, antes do Livro armênio da Infância, datado do 6ª. século. No que concerne à estrela, qualquer que seja o ponto de partida material e a observação de base, o essencial é que o texto sublinha que os sábios viram na estrela um sinal, retomando assim a tradição judia, que considerava o Astro surgido da tribo de Jacó como como um dos símbolos do Messias esperado. Já os teólogos da Idade Média, no seu sólido bom senso, tinham notado que não poderia se tratar de um corpo celeste ordinário, pois que seu brilho era intermitente e se movimento descontínuo. O traço messiânico de toda a cena é por outra sublinhado pelo texto do profeta Miquéias, que os escribas citam imediatamente junto da pessoa de Herodes: “E tu Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidade de Judá, de ti sairá para mim aquele que dominará em Israel” (Mq 5,1). Prosseguindo na leitura da profecia de Miquéias se chega ao presépio e aos confins do mundo:” Ele tem suas origens desde os tempos anteriores. Desde os dias mais remotos. Por isto os entregará à mercê de outrem até o tempo em que dê a luz aquela que há de dar à luz e o resto de seus irmãos voltará com os filhos de Israel. Ele permanecerá firme e governará com a força do Senhor e com a majestade do nome de Javé seu Deus. Viver-se-á em paz, porque então ela será grande até os extremos confins da terra. S tal será a paz “. Deste modo. Para São Mateus a chegada dos Magos a Belém, guiados pela Estela, anunciou a missão de Cristo, marcou o cumprimento das promessas da antiga aliança. Os Magos chegando não viram senão uma criança, mas o Evangelista, pela sua narrativa, clara e ao mesmo tempo sugestiva, lembrava à comunidade o que a fé deve ver aquele menino, a saber o Pastor do povo de Deus, o único guia para a salvação e aquele que trouxe a paz ao mundo. A narrativa de São Mateus deixa igualmente entrever que o destino de Jesus seria marcado pelo drama da descrença. Herodes não pensava senão no poder e se faz perseguidor, porque só lhe interessava a construção das cidades terrena. Os escribas conheciam a fundo as Escritura, sabiam de cor o catecismo das profecias messiânicas, mas não se mexeram. Os estrangeiros, eles sim, souberam trilhar o caminho, souberam perceber os sinais de Deus na sua vida e no fundo de sua ciência. No encontro do Menino Jesus e do ódio São Mateus discerne já o mistério de Cristo sinal de contradição. Perante o Menino e os sábios, o Evangelista vê prefigurado Cristo, Verdade de Deus. Quanto a nós, se recebemos tudo isto como uma catequese bíblica sobre os acontecimentos da Infâmia do Messias, nós podemos descobrir então o apelo de Jesus para que tenhamos uma fé adulta. Hoje ainda é necessário aceitar que a esperança venha ao mundo através da humildade do Filho de Deus.

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